30% dos produtos comprados online são devolvidos: a logística reversa fortalece a economia circular e ESG

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o e-commerce no Brasil cresceu 27% no último ano, movimentando cerca de R$186 bilhões. A expectativa é de que até o final de 2024 esse valor alcance R$205,11 bilhões, com 418,6 milhões de pedidos, e um número de compradores que pode chegar a 91 milhões.

Um estudo da Invesp revela que 30% dos produtos comprados online são devolvidos, um número muito superior ao das lojas físicas, onde a taxa de devolução é de 8,89%. Essa alta taxa de devoluções não apenas representa um desafio logístico e financeiro para as empresas, mas também gera um impacto ambiental considerável.

Como explica o CEO da plataforma de leilões online Kwara, Thiago da Mata, “O aumento da demanda de compradores online resulta em um volume significativo de devoluções, tornando essencial uma gestão eficaz desses itens. Executar a venda dos bens de logística reversa através de leilão se torna uma solução ágil e transparente para gerir o retorno desses produtos de forma eficiente, rentável e ecológica”. Ou seja, com o crescimento exponencial do comércio eletrônico, as devoluções de produtos têm aumentado significativamente, impulsionando a prática da logística reversa, uma ferramenta essencial para a sustentabilidade e eficiência operacional.

Por que os leilões de reaproveitamento são eficazes?

A pesquisa “E-commerce Trends 2024”, realizada pela Octadesk em parceria com o Opinion Box, mostra que a maioria dos consumidores começou a comprar online nos últimos cinco anos. Entre os entrevistados, 64% afirmaram que a frequência de compras aumentou nos últimos 12 meses, com 85% comprando online ao menos uma vez por mês e 62% realizando até cinco compras mensais.

“Esse crescimento no número de compras e novos adeptos ao modelo online está diretamente ligado ao aumento no volume de devoluções de produtos, reforçando a importância de soluções sustentáveis. Essa prática não só desafoga os centros logísticos, como também proporciona aos consumidores a chance de comprar produtos com descontos de até 90% em relação ao preço de referência do mercado, incentivando um consumo mais consciente.”, afirma Thiago.

Em vez de descartar os produtos devolvidos, muitas empresas optam por leiloar esses itens, oferecendo aos consumidores a oportunidade de adquirir produtos que nunca chegaram ao destino final a preços reduzidos. Para as empresas, essa prática permite recuperar rapidamente parte do valor investido, além de reduzir o acúmulo de mercadorias nos centros de distribuição. Isso também promove a economia circular, reduzindo o desperdício e fomentando a sustentabilidade.

Leilões de logística reversa e as práticas ESG

Os leilões de recuperação de ativos não só minimizam o impacto ambiental, como também estão alinhados às práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance), promovendo transparência e eficiência na gestão de recursos. Segundo o Instituto de Logística Reversa, a implementação de um programa eficaz pode reduzir em até 30% o desperdício de materiais, promovendo uma gestão mais eficiente dos recursos.

Para da Mata, as empresas que adotam essas soluções demonstram um compromisso sólido com a responsabilidade social e ambiental, fortalecendo sua imagem perante um público cada vez mais atento às práticas ESG. “Ao dar um destino duradouro às mercadorias devolvidas, às empresas reforçam suas responsabilidades ambientais e sociais, atendendo às expectativas de consumidores que valorizam a preservação ambiental”.

Conforme a McKinsey & Company, 60% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis, evidenciando a importância de integrar a técnica aos modelos de negócios.

Além dos benefícios ambientais, os leilões de produtos devolvidos oferecem vantagens financeiras. As empresas conseguem recuperar parte do valor investido, enquanto os consumidores têm acesso a produtos a preços competitivos no mercado secundário. Essa prática também se alinha aos princípios de governança, que priorizam a transparência e a eficiência na gestão de recursos.

Como funcionam os leilões de logística reversa?

Nos leilões de logística reversa, itens que seriam descartados, como equipamentos eletrônicos, móveis, máquinas industriais e diversos outros tipos de itens são recuperados por empresas e colocados à venda em leilões, que ocorrem principalmente em plataformas online especializadas, conectando compradores a esses ativos de forma ágil e eficiente.

“Ao adotar estratégias de desativação utilizando a ferramenta de leilões online, as empresas têm a oportunidade não apenas de liberar capital rapidamente, mas também de otimizar seus recursos eficazmente. Os leilões oferecem uma plataforma dinâmica e global que permite às empresas alcançar uma ampla base de potenciais compradores, maximizando assim o valor de seus ativos. É uma abordagem essencial para empresas que buscam agilidade, eficiência e lucratividade em um mercado competitivo em constante evolução.”, comenta o CEO.

Para Thiago, “ao desmobilizar bens por meio de leilões online, as empresas criam um processo que pode se tornar recorrente, além de terceirizar a divulgação e até mesmo processos de inventário e cobrança. Além disso, o formato de leilão permite que as empresas criem uma cadência de venda de forma que minimize o risco de itens ficarem parados no estoque, transformando ativos ociosos em capital líquido de forma rápida e eficiente”.

Com o aumento de 16,5% no número de lojas virtuais em 2023, que agora somam mais de 1,9 milhão, conforme levantamento do “Perfil do E-Commerce Brasileiro”, a logística reversa e seus leilões se tornam ainda mais essenciais para garantir que o crescimento do e-commerce no Brasil siga um caminho sustentável e lucrativo. “Portanto, essa prática é vital para empresas que buscam expandir no comércio eletrônico de forma responsável, contribuindo para a economia circular e integrando práticas ESG que atendam às demandas de consumidores, da empresa e dos investidores”, conclui Thiago.