Expectativa da alemã Hamburg Süd é que o transporte entre portos nacionais aumente mais de 15% este ano
Pouco otimista com o comércio exterior em 2015, a multinacional alemã Hamburg Süd vai apostar na cabotagem (transporte marítimo feito apenas na costa nacional) para incrementar a receita no Brasil. A empresa, que é uma das líderes mundiais no transporte marítimo, acaba de investir R$ 700 milhões na renovação da frota de sua subsidiária Aliança.
Foram comprados seis navios porta contêineres – quatro deles com capacidade de 3.800 teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) e dois de 4.800 teus. Com a aquisição, a companhia passa a contar com 11 embarcações na costa brasileira – metade do total de navios que fazem a movimentação de contêineres no País.
A explicação para o aumento da frota está nos números vigorosos dos últimos anos, explica o presidente da Hamburg Süd, Julian Thomas, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira, 7. Enquanto a cabotagem cresceu 35% no ano passado e representou 20% da movimentação da empresa, o transporte de cargas importadas avançou apenas 2% e o de exportadas, 5%. Para este ano, a expectativa é que o transporte entre portos nacionais aumente mais 15%, prevê o executivo.
"Ainda não é um mercado maduro, mas esse modal de transporte está ganhando o seu lugar na cadeia de logística dos clientes." Hoje, a cabotagem representa cerca de 10% de toda movimentação de cargas feitas no Brasil – na China essa fatia é de 48%, segundo o Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). O modal rodoviário é o campeão com 65% de participação da matriz de transporte.
Com a necessidade de reduzir custos, o serviço de cabotagem se torna atrativo diante do transporte rodoviário, que tem ficado ainda mais caro, com o reajuste dos combustíveis e a nova lei dos caminhoneiros. "Para distâncias acima de 1.000 km e raio de 200 km do porto (da fábrica ao porto e do porto ao cliente), a cabotagem é mais competitiva. Pode ser 15% mais barata que o transporte via caminhões", diz Thomas.
Para Thomas, com o aumento do custo rodoviário, as chances de a cabotagem ganhar mais espaço na logística nacional aumentam. Ainda assim, o trabalho de convencimento dos clientes não é fácil. "Apesar de ser mais barato, ter menor índice de avaria e ser mais seguro do ponto de vista de roubo, trabalhamos até três meses para convencer um cliente a mudar para o transporte marítimo", diz o executivo, destacando que hoje há mais navios fazendo a costa brasileira do que a rota Brasil – EUA (são 14 navios contra 22).
O presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, avalia que, apesar do avanço, a velocidade de crescimento deveria ser maior. Ele critica a burocracia no desembaraço da carga, que segue a mesma regra de uma carga do exterior, mas diz que a Receita tem trabalhado para resolver essa questão. Outro ponto é que a maioria dos portos ainda não tem espaço dedicado especialmente para a cabotagem.
(Fonte: O Estado de S. Paulo) (Foto: Divulgação/Hamburg Süd )
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