A Mira Transportes estuda adotar o leasing operacional como alternativa aos financiamentos de caminhões pelo Finame. O diretor da empresa, Roberto Mira Júnior, acredita que o modelo vai tornar-se uma realidade no Brasil, assim como ocorre no exterior. “Eu estou querendo conversar com as montadoras sobre o leasing operacional. Quero entender melhor como funciona”, disse ele em entrevista à Carga Pesada, no mês passado, durante a Fenatran.
Em setembro, a MAN lançou o primeiro leasing operacional do mercado para seu modelo TGX, com parcelas fixas 30% menores que as do Finame PSI e sem entrada. Similar a um aluguel ou arrendamento, a nova forma de aquisição foi desenvolvida em conjunto com o Banco Volkswagen.
O cliente pode optar por planos de 36, 48 ou 60 meses. A vantagem é que o bem não fica imobilizado e o empresário tem mais liquidez para tocar seu negócio. Ao final do contrato, o caminhão poderá ser financiado pelo valor de mercado ou simplesmente devolvido e um novo leasing ser contratado.
Questionado se o transportador brasileiro não faz questão de ser o dono do caminhão, Mira Júnior diz que essa é uma mentalidade ultrapassada. “Prefiro não ter nenhum caminhão, mas ter um bom resultado”, declara o empresário, que é um dos expoentes da Comissão de Jovens Empresários e Executivos do Transporte de Cargas (ComJovem). “A gente quer ver o negócio crescer. Não quer saber se tem caminhão ou não”, ressalta.
Para se ter uma ideia de custos, num plano de 50 meses da MAN, o cliente pagaria R$ 9 mil em média pela parcela do Finame e R$ 8.300 pelo leasing operacional. Neste valor do leasing, entretanto, estão inclusas manutenção completa – preventiva e corretiva – telemetria, com rastreamento e controle sobre a frota, e os custos com documentação, emplacamento e IPVA. A diferença de 30%, se refere apenas ao valor da prestação, sem estes benefícios adicionais.
Outro detalhe importante é que este comparativo foi feito durante o lançamento, em setembro, quando o Finame ainda oferecia uma taxa diferenciada. Como hoje as opções estão vinculadas à TJLP, em torno de 13,5% em média, estes números teriam que ser revistos. Os resultados, entretanto, provavelmente seriam ainda mais favoráveis à opção do leasing operacional.
Novos conceitos
Roberto Mira Júnior afirma que a nova geração de empresários está pronta para contribuir mais com os negócios familiares. Segundo ele, a ascensão dos jovens nas empresas traz “novos conceitos” e elimina “ranços antigos”.
O empresário vê uma tendência de as transportadoras brasileiras fazerem parcerias entre elas para atender todo o território nacional. “Essas parcerias começam com uma troca de informações, evoluem para a utilização de uma mesma estrutura administrativa”, conta. No futuro, podem levar a fusões. “O mercado do transporte rodoviário de carga tende a ficar para grandes empresas nacionais. As pequenas irão trabalhar para as grandes”, afirma.
A união de empresas nacionais, de acordo com o empresário, é necessária para fazer frente à compra de grandes transportadoras por multinacionais, como foi a da Atlas pela Femsa e a da TNT pela FedEx. Para garantir a cobertura do País, a Mira já encontrou parceiros no Norte e Sul/Sudeste e está em vias de obter um no Nordeste. “Meu pai (fundador Roberto Mira) já falava há 10 anos que as empresas nacionais precisariam se juntar”, declara. Para ele, quem não se adequar à nova realidade, ficará de fora do mercado.
Vice-presidente recém eleito do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp) e vice-presidente de Assuntos Trabalhistas da NTC&Logística, Mira Júnior avalia que o mercado atual do transporte exige terceirizações. E conta que a Mira não pretende ampliar frota, mas renová-la. “Onde valer a pena, vou botar caminhão com menor custo possível. Onde não valer, vou terceirizar”, alega. Atuando no transporte de produtos de alto valor agregado, a Mira tem hoje 489 veículos, entre trucks e cavalos-tratores.
O empresário conta que 2015 é um ano de ajustes. “O mercado onde atuamos teve uma queda na ordem de 25% e nós tivemos uma queda de 12%.” Para sobreviver, a empresa teve de reduzir custos fixos e variáveis, processo que deve se prolongar até o primeiro semestre de 2016. “Não sou tão pessimista, acredito que o segundo semestre do ano que vem será melhor”, declara.
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