Distribuidores: as dificuldades de 2015 deverão se repetir em 2016, por conta de questões econômicas e políticas

Também no segmento de distribuição de empilhadeiras, a análise do ano de 2015 feita pelos representantes de algumas empresas deste setor é negativa.

“Ano muito difícil de passar e vai ser mais difícil de esquecer. Vendas de equipamentos em plena queda e o que parecia pior do que está não vai ficar. Pois é… piorou, simplesmente o descrédito no governo federal influenciou decisivamente em nossa economia e a grande maioria dos empresários teve de diminuir o número de funcionários, e os investimentos em máquinas e equipamentos foram adiados para um futuro que não sabemos quando será e também não há previsão, com o agravante de que ano perdido não se recupera.” Esta análise é de Carlos Fernandes, diretor da Coparts Comercial e Distribuidora Manitou e Paletrans (Fone: 11 2633.4000).

Fabio Pedrão, diretor executivo da Retrak Comércio e Representações de Máquinas (Fone: 11 2431.6464), também aponta as agruras enfrentadas em 2015. “Surpreendendo negativamente até os mais pessimistas, o número de equipamentos fabricados em 2015 foi entre 45% e 50% menor se comparado a 2014. Os motivos principais: crise política + Operação Lava Jato, crise econômica com restrições ao crédito, custo dos empréstimos e índice de desemprego elevado que, somados à inadimplência elevada, impactaram diretamente os resultados de 2015 e as expectativas do ano que se inicia.”

Por outro lado – continua Pedrão –, o setor de locação de empilhadeiras teve um ano de razoável para bom. Muitas empresas preferiram investir na locação a ter os custos de compra de equipamentos em um cenário pouco favorável em médio prazo. “Loca-se o que precisa, evitando-se o custo financeiro com a imobilização de ativos que poderiam ficar ociosos”, diz o diretor executivo – na próxima edição de Logweb vamos tratar especificamente do segmento de locação de empilhadeiras.

Joaquim Costa, gerente comercial da Somov (Fone: 11 4772.0800), também avalia que o ano de 2015, como para vários segmentos da economia, foi muito difícil para o setor de empilhadeiras. “Como a movimentação de cargas é fortemente impactada pela atividade econômica, o reflexo negativo impacta diretamente o mercado de empilhadeiras. Olhando pelo viés positivo, a indústria acredita no longo prazo e os investimentos são feitos nesta direção”, diz Costa.

Pelo viés positivo também é a análise de Rafael Kessler, diretor comercial da Combilift (Fone: 11 97494.1058). “Contrariando o mercado de empilhadeiras convencionais, tivemos um ano altamente positivo, onde prevaleceu o ganho de espaço nas áreas de armazenagem com a utilização das empilhadeiras articuladas Aisle Master. Devemos levar em consideração a abertura de novos mercados para as empilhadeiras multidirecionais e, principalmente, os transportadores Straddle Carrier operando nos segmentos de energia eólica – transporte de pás e segmentos de torre – e petróleo”, aposta Kessler, falando especificamente nos equipamentos oferecidos por sua empresa.

 

E 2016?

Embora otimista, o diretor comercial da Combilift considera uma missão quase impossível fazer uma analise para 2016, devido às incertezas no campo político e econômico. Mas, ainda de acordo com ele, à luz dos negócios em andamento e considerando-se que 2016 será um ano de preparação para a saída da crise em 2017, “achamos que nosso resultado pode ser igual ou superior a 2015”.

Fernandes, da Coparts, por sua vez, avalia que 2016 já começa com mais previsões negativas por parte da maioria dos empresários que pretendem esperar uma recuperação de mercado – e todos esperam que alguém tome a iniciativa. “O que precisamos é nos reinventar e dar ao mercado o que ele espera. Com novas atitudes e reestruturação interna esperamos conseguir um diferencial e poder alavancar novos negócios”, aponta o diretor. 

O diretor executivo da Retrak também não está otimista quanto a 2016. Segundo ele, se não bastasse a paralisia governamental com as investigações da Operação Lava Jato, soma-se agora o pedido de impedimento da presidente da república. Neste cenário, o empresário preferirá não investir e aguardará um momento de mais confiança na economia.

“Agencias de riscos sinalizam com o corte das notas de confiança do Brasil. Estamos saindo do seleto grupo de bons pagadores. Déficit público crescente e inflação acima de dois dígitos estão sepultando as esperanças de um 2016 melhor. A tendência é de aumento nos índices de desemprego e novos aumentos nas taxas de juros em um cenário de paralisia total da economia”, lamenta Pedrão.

Também pessimista, Costa, da Somov, acredita que 2016 ainda será um ano difícil. “Os investimentos postergados de muitas empresas e a economia desacelerada devem ser a tônica de 2016. Trabalhamos com a expectativa de um mercado sem crescimento ou ainda com uma pequena tendência de queda. As empresas que acreditam no pós-venda e no atendimento ao cliente são as que devem se destacar neste momento e sairão fortalecidas para a retomada do mercado”, aposta o gerente comercial.

 

Influências

Os participantes desta matéria especial também analisam os fatos que, em 2016, podem influenciar no desempenho – negativo ou positivo – do setor. “Como explicado anteriormente, a procura de oportunidades por parte das empresas bem estruturadas pode se constituir em influências altamente positivas”, aposta o diretor comercial da Combilift.

Fernandes, da Coparts, acrescenta que precisamos que os nossos políticos e governantes tomem as medidas que forem necessárias para que possamos ter de volta a confiança e credibilidade necessárias para a retomada dos investimentos. “Enquanto isso não acontece, vamos amargando dias e meses insustentáveis. Sobreviverá quem melhor se adaptar às novas regras e exigências do mercado.”

Por sua vez, Pedrão, da Retrak, aponta os fatos que podem influenciar no desempenho do setor em 2016 dividindo-os em negativo e positivo. Os negativos: impedimento da presidente tende a demorar entre 60 a 90 dias. O empresário irá esperar o resultado para saber o que fazer, com consequente estagnação da atividade econômica; rebaixamento do Brasil pelas agências de análise de risco aumentará o custo do dinheiro; déficit público elevado demonstra que o governo é incapaz de corrigir o rumo da economia pelos meios que tem a seu alcance. A paralisia é pior que o remédio amargo; inflação: a barreira psicológica dos 10%, ultrapassada, é um freio substancial nas intenções de investimento das empresas; crédito – pouco crédito e taxas elevadas devido ao risco de inadimplência tendem a paralisar boa parte das compras para ativos de capitais.

Já os fatos que podem influenciar positivamente o setor em 2016, ainda segundo o diretor da Retrak, são: nossas empresas estão muito baratas em dólar, o que pode incentivar fusões ou novas aquisições por multinacionais; custo elevado do crédito torna ainda mais atrativa a locação de empilhadeiras. O cliente irá preferir tornar este custo variável e diminuí-lo ao longo do tempo. Em cenários de crise, a locação é uma excelente ferramenta de redução de custos das empresas.

“Fundamentalmente, a atividade econômica, como já disse, influencia diretamente o desempenho deste mercado. Outro ponto a destacar é o acesso ao financiamento. As mudanças que tivemos para o FINAME em 2015 e a expectativa de piora neste modelo para 2016 podem influenciar de maneira negativa o desempenho de mercado. Entretanto, de forma positiva, podemos destacar a atuação de empresas que trazem em seu DNA a venda de soluções completas, parceiros importantes e que devem contar com boas oportunidades de negócio para 2016”, complementa Costa, da Somov.

 

Novos nichos de mercado

Sobre os novos nichos de mercado para as empilhadeiras em 2016, o diretor comercial da Combilift acredita que as empresas exportadoras poderão representar um excelente nicho para novos negócios. “Acreditamos, também, na força do e-commerce, com movimento crescente de empresas de varejo e Operadores Logísticos, que deverão tentar acelerar seus negócios nessa área, vendendo mais com custos menores”, avalia Kessler.

Fernandes, da Coparts, lembra que, para o ano de 2016, apesar da crise, a empresa está lançando novas empilhadeiras Manitou, sendo um modelo articulada e a outra embarcada, oferecendo uma nova gama de soluções para o mercado nacional. “A empilhadeira articulada é usada, principalmente, para armazenagens em grandes altitudes e com corredores estreitos, substituindo a trilateral em agilidade e valor. A embarcada vai acoplada à traseira do caminhão com lança telescópica, agilizando a carga e descarga, que pode ser feita por um só lado do caminhão.”

Já Pedrão lembra que a Retrak cresce em todos os setores econômicos. “Melhor que um segmento de mercado é a especialização no trabalho apresentado. É comum reduzirmos o número de equipamentos nas operações, pois os equipamentos locados têm disponibilidade acima de 95%. Aumentando-se a disponibilidade, reduz-se a quantidade de equipamentos nas operações.”

E Costa, da Somov, finaliza esta matéria especial destacando que as oportunidades de mercado dependerão das reações dos diversos segmentos às medidas econômicas que serão implementadas e absorvidas. “Fica difícil, neste momento, este tipo de avaliação. Precisamos aguardar a movimentação do mercado em 2016 e analisar quais novos possíveis segmentos estarão mais aquecidos.”

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