Após elevação registrada em fevereiro, o índice de adequação dos estoques do comércio varejista da região metropolitana de São Paulo (RMSP) apontou queda de 2% em março, motivado pelo aumento de empresários entrevistados que afirmaram estar com estoques acima do desejado.
No mês, o indicador que mede o nível de adequação dos estoques atingiu 94,7 pontos ante os 96,6 pontos registrados em fevereiro. Na comparação com março de 2015 – quando o índice registrou 103,9 pontos -, o valor foi 8,8% inferior, o que indica que, por mais conservador que esteja o empresário, está muito difícil vender e, consequentemente, desovar os estoques excessivos. Com isso, a tendência é de que o resto da economia também fique em ritmo de espera, uma vez que ainda não há sinal de retomada das compras do varejo junto a fornecedores.
Os dados são do Índice de Estoques (IE) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.
A queda do indicador no mês se deve à elevação da proporção de empresários que afirmaram estar com os estoques em situação acima da adequada, que subiu de 35,7% em fevereiro para 37,2% em março – alta de 1,5 ponto porcentual. Já a parcela de empresários com estoque abaixo do adequado (15,3%) apresentou queda de 0,5 ponto percentual ante os 15,8% registrados em fevereiro. Com isso, ao somar os estoques abaixo e acima do ideal, a maioria dos varejistas (52,5%) afirmou que seus estoques estão inadequados em março. A proporção de empresários que afirmaram possuir estoques adequados, com isso, caiu um ponto porcentual e registrou 47,2% em março, ante os 48,2% em fevereiro.
No comparativo com o mesmo mês de 2015, a proporção de empresários com estoques acima do adequado apresentou alta de cinco pontos porcentuais, mas houve quedas entre os que declararam estar com estoques abaixo do adequado (-0,3 p.p.), bem como entre os que afirmaram estar com nível adequado de mercadorias (- 4,4 p.p.).
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, este ano está cada vez mais parecido com 2015, e a aparente trégua da deterioração econômica não é mais vista. Agora, o consumidor se assusta com a taxa de desemprego crescente, a falta de prognósticos de curto e médio prazos e a incerteza política que paralisa completamente a tomada de decisões econômicas pelas autoridades.
A Entidade reforça que, para este ano, não é esperada uma retomada do crescimento econômico e, embora os empresários tenham começado o ano com uma noção mais clara da gravidade e da duração dessa crise, que atinge o consumo e prejudica o mercado de trabalho com aumento de desemprego, a postura conservadora do varejo não está conseguindo acompanhar a queda das vendas. O cenário é preocupante, e com renda, emprego e confiança em queda somando-se à inflação, aos altos juros e à queda do volume de empréstimos, não há espaço para o otimismo.
Nota metodológica
O Índice de Estoques é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 2011, com informações de cerca de 600 empresários do comércio nos municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo. O indicador vai de zero a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques para “acima” – quando há a sensação de excesso de mercadorias – e para “abaixo”, em casos de os empresários avaliarem a falta de itens disponíveis para suprir a demanda a curto prazo.