Congresso mostrou como investir na melhoria dos processos e enfrentar a crise

Nos dias 7 e 8 de março, aconteceu em São Paulo o 3º Congresso Brasileiro de Supply Chain & Logística, organizado pela WTG e tendo a Logweb como parceira de mídia líder. O evento reuniu empresas de peso que abriram suas operações, contando como otimizaram sua cadeia de suprimentos, cortando gastos e aumentado a produtividade, o que, neste momento especial da economia, é fundamental para manter os negócios.

Os palestrantes falaram sobre a situação econômica e seu impacto em planejamento estratégico, além de algumas abordagens pragmáticas de soluções em cenários críticos. De acordo com Lars Sanches, professor de logística e Supply Chain do Insper (instituição de ensino e pesquisa) e presidente do Congresso, o ano de 2016 terá duas particularidades importantes para os gestores: alta da inflação e taxas de juros. “Isso irá trazer três grandes desafios: crescimento da variabilidade da demanda, aumento das trocas de fornecedores e necessidade de redução de capital empregado. Com as maiores variações da demanda e do fornecimento, a saída é investir na melhoria dos processos e em ferramentas de planejamento das operações”, completou.

A primeira palestra do dia 7 foi com Marcelo Lopes, vice-presidente de TI e Logística da Via Varejo, empresa que administra as lojas Casas Bahia e Pontofrio. Segundo ele, o varejo está evoluindo constantemente e sempre impactará a logística, conforme o quadro a baixo.

Passado Presente Futuro
Lojas físicas Internet Smartphones
Os vendedores eram os principais ativos do varejo O principal ativo passa a ser o consumidor O varejo se curva ao gosto e ao poder do consumidor

De acordo com Lopes, o equilíbrio das contas pode ser alcançado tanto na redução de custos quanto no aumento de vendas através de ações de logística. A estratégia é pensar nacionalmente e agir regionalmente. “Antecipar as tendências e reinventar o modelo são fatores-chaves para as empresas permanecerem no topo ao longo dos anos. O segredo é como elas se preparam para os desafios do futuro”, ressaltou.

Para oferecer a experiência seamless, a logística terá de pensar e agir, além do que já faz nos canais isoladamente e partir para um modelo que considera oportunidades e desafios de canais integrados, o que só é possível com visão ampliada e otimizada da Supply Chain. Ele frisou que visibilidade e velocidade são os pilares fundamentais de uma estratégia de fornecimento.

Na sequência, Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil, apresentou uma série de problemas que está levando à desaceleração da economia em nível mundial. O crescimento global esperado para 2016 é de 3,0% (igual ao de 2015), muito baixo; para 2017, a expectativa é de 3,3%.

O cenário internacional não é favorável para o Brasil por diversos fatores, como o menor crescimento da China, que afeta mais as economias emergentes que as dos países desenvolvidos, sem falar que as moedas dos países emergentes tendem a se desvalorizar com a elevação dos juros nos Estados Unidos e a queda do preço das commodities, gerando pressões inflacionárias nesses países e a necessidade de elevação dos juros.

Loyola avalia que, contudo, o cenário não é de crise extrema, mas que o Brasil está sendo afetado mais fortemente pelos graves problemas políticos e econômicos domésticos que, segundo ele, o atual governo não tem condições de resolver. “A realidade é de ajuste macroeconômico incompleto, paralisia das reformas e crise econômica crônica até o final do mandato presidencial, em 2018. A saída da Dilma não é o cenário mais provável, embora isso não possa ser ignorado”, disse.

Para o palestrante, a crise da economia brasileira é resultado direto da política econômica equivocada praticada entre 2009 e 2014. Os principais erros foram tolerância com a inflação, irresponsabilidade fiscal, exageros nas políticas de estímulos à demanda, intervencionismo excessivo, protecionismo, populismo tarifário e ausência de reformas. “No cenário básico, a economia somente volta a se recuperar em 2019, mesmo assim com um crescimento muito baixo. Somente após as eleições de 2018 é que se espera a retomada das reformas e uma melhora expressiva das expectativas dos agentes econômicos”, expôs.

A tendência para os próximos anos é de real mais desvalorizado, com alta global do dólar, termos de troca menos favoráveis e correção das contas externas. De acordo com Loyola, o crescimento econômico depende do aumento da produtividade e do investimento nos próximos anos. “Para tanto, é necessário transformar o ambiente de negócios com políticas públicas pró-mercado. Reformas são necessárias nas áreas trabalhista, tributária, previdenciária e regulatória.”

Outros caminhos apontados por ele para a retomada do Brasil são: integrar a economia às cadeias produtivas globais, investir em educação e manter políticas sociais focadas nos mais pobres, gerando incentivos para a saída da pobreza via mercado de trabalho. “Temos como pontos fortes democracia, ausência de conflitos étnicos ou religiosos, ausência de disputas fronteiriças e judiciário independente. O bônus demográfico ainda favorece o país nos próximos anos, mas crescimento econômico sem mudança no governo não é possível”, finalizou.

Para falar sobre como fazer planejamento em um cenário econômico de crise aguda foram convidados José Eduardo Wendler, diretor comercial e de logística da Mineração Buritirama; Patricia Guirardello, líder de Supply Chain da Dow Química; e Marcelo Izzo, presidente da Coca- -Cola. Eles abordaram a grande dificuldade em se planejar devido às variações econômicas. As incertezas acabam colocando as empresas em risco, pois a cada dia um novo desafio impacta nas atividades, independentemente do segmento, pior ainda para o de commodities e para o automotivo, que vem em queda anual de 30%. As soluções incluem diversificar as estratégias (assimetria) e colocar paixão no trabalho, apesar das dificuldades.

Em seguida, Rogério Gonçalves de Souza, diretor comercial da Protege, falou aos participantes sobre o Carga Segura, serviço que transporta cargas de alto valor, como componentes eletrônicos, computadores, joias, tablets e celulares, em um caminhão blindado, de forma totalmente segura. Entre os diferenciais do serviço, citou: amplo limite de carregamento, seguro total sobre o valor da carga, melhor custo do seguro, abertura e travamento das portas comandadas pela central de monitoramento, risco minimizado devido à exposição mínima da carga e equipe composta por quatro vigilantes armados e treinados.

No mesmo horário, na sala ao lado, Clarisse Etcheverry, diretora de desenvolvimento da GLP, discursou a respeito de condomínios logísticos e as oportunidades de custo operacional. Ela mostrou as características dos galpões da empresa, como iluminação natural, o que possibilita 100% de redução do consumo de energia, e uso de lâmpadas de LED, o que permite de 50% a 70% de economia de energia em comparação às convencionais. Além disso, contou que está em estudo a utilização de energia solar gerada por meio de painéis fotovoltaicos, que representam até 55% de economia das despesas de energia, sendo possível chegar a 100%, dependendo da área de cobertura do sistema instalado.

Clarisse destacou que as estruturas possuem sistema de reuso de água e que as áreas de sanitários e vestiários contam com louças e metais eficientes, gerando uma economia de 55% do consumo de água. “Os condomínios logísticos da GLP, além de possuírem alto padrão construtivo e baixo custo operacional, são compostos por módulos de tamanhos flexíveis, que permitem atender as mais diversas especificações de armazenagem e distribuição, bem como possibilitar a expansão”, ressaltou.

Também fazem parte dos projetos: mezanino sob demanda; eficiência na área líquida de armazenagem; flexibilidade nos módulos; e pé-direito de 12 metros livres, entre outros itens. “Temos seis galpões com certificados LEED, que avalia itens como economia de energia e de água, ambiente de trabalho e reciclagem de lixo. São eles: Itatiaia, Imigrantes, Gravataí (G1 e G2) e Guarulhos (G1 e G2). Outros seis estão em processo de certificação: Guarulhos (G10, T100, T200 e T300), Gravataí (G3) e Embu.”

Impacto da tributação

Um dos temas mais sugeridos, de acordo com pesquisas feitas pela WTG, é a questão do impacto da tributação nas operações logísticas. Quem palestrou sobre o assunto foi o advogado Alessandro Dessimoni, vice-presidente jurídico da Abralog – Associação Brasileira de Logística, destacando que a cada ano é mais desafiador esse assunto. “Como não há receita suficiente para lidar com os gastos do país, o governo reduz os investimentos e aumenta os impostos para fechar as contas públicas. Não é o ideal, mas é o que acontece.”

Segundo ele, a legislação tributária é muito complexa, além de sofrer modificações com frequência, por isso as empresas têm dificuldade em acompanhar sua evolução. “Eu diria que a maioria delas, principalmente agora em época de crise, está atrás de novos negócios, mas sem segurança jurídica nem planejamento. Eu sugiro que façam a lição de casa: chacoalhem a poeira, saiam da zona de conforto e revisitem suas próprias operações para pagar menos impostos”, explicou.

Muitas companhias deixam de tomar créditos legítimos em cima de suas despesas e desperdiçam a chance de reduzir a carga tributária. Elas desconhecem, por exemplo, a oportunidade de segregar a operação dentro de casa, criar unidades de negócios, armazém geral, Operador Logístico e transportador. É importante, também, que identifiquem possíveis teses tributárias que recuperem tributos indevidos e gerem caixa para os períodos futuros. “Veja uma empresa que atua com vários Centros de Distribuição em diferentes estados, ela é obrigada a conhecer a legislação de todos os locais, evitando pagar imposto indevido. Hoje em dia, qualquer meio por cento ganho na linha final ajuda a ter um caixa mais forte. Vamos limpar nossas casas”, ressaltou Dessimoni.

Ao mesmo tempo em que ocorreu a palestra do advogado, aconteceu em outra sala a apresentação de Vicente Costa, diretor de Supply Chain da Biolab, uma das dez maiores empresas de medicamentos do Brasil. Ele acredita que em tempos de crise, o ideal seja não olhar para ela e seguir em frente, superando as dificuldades com muito trabalho. “Sempre há oportunidades, mesmos nesses momentos, é só não ficar ofuscado pelo brilho da crise”, disse.

Segundo ele, os maiores desafios da cadeia logística de suprimentos são: integrar cada um dos elos, envolver as pessoas e conectar a empresa à dinâmica de mercado, que também está em transformação. “A crise faz com que todo mundo se mexa, mas não necessariamente para o mesmo local. Perceber essa realidade e fazer com que o seu negócio se integre a ela é fundamental”, destacou.

Sobre as entregas, levando em conta a mobilidade urbana, tão complicada nos grandes centros, Costa acredita que a solução esteja na otimização do fluxo. Ele também comentou a tendência pela busca de sinergias, mostrando que há empresas de transporte que já começaram a agrupar na mesma malha outros tipos de negócios, ajudando, inclusive, a diminuir o número de veículos nas ruas. No caso de entregas noturnas, como uma alternativa ao trânsito, os entraves, na opinião do palestrante, seriam o risco e a adequação dos clientes para receber a mercadoria fora do horário comercial.

Após o almoço, Mario Gazin, presidente do Conselho de Administração da Gazin Holding, convidou os presentes a responderem, através do aplicativo do próprio evento, qual transporte rodoviário brasileiro é o mais eficiente em tempo e custo: o de 1987 ou o de hoje. Sessenta e três por cento disseram 1987, e acertaram. Por exemplo, uma viagem de Douradina, PR, até São José do Rio Claro, MS, tem 1.502 km. Em 1987, esse trajeto era feito em 24 horas; hoje, em 54. A diferença se dá, conforme explicou Gazin, porque atualmente os limites de velocidade são extremamente baixos; há muitos radares nas principais rodovias; o trânsito é mais intenso que nos anos 80, pois hoje é fácil adquirir um automóvel; a carga horária de trabalho foi reduzida; e os pedágios são caros devido à privatização das estradas.

Tudo isso, mais a péssima condição das estradas brasileiras. De 1,961 milhões, apenas 12% está pavimentada. E destas, 44,7% têm desgastes; em 19,1% delas exibem trincos e remendos; 3,3% apresentam afundamentos; e 0,5% estão totalmente destruídas. Somente 32,4% têm perfeitas condições.

“A partir de todos esses problemas, hoje é uma necessidade as empresas criarem formas de compensar tal tempo e custos elevados. Precisamos de gente atrás da mesa colocando no papel estratégias para reduzir custos”, disse, citando a tecnologia como item fundamental. Para o palestrante, é importante estipular metas e expô-las, para que todos os envolvidos se responsabilizem pela busca.

A palestra seguinte foi sobre o programa brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA), lançado recentemente pela Receita Federal, proferida por Luiz Antonio Ferraro Mathias, auditor da UHY Moreira-Auditores. Ele apresentou os princípios, os objetivos e os desafios deste programa que deve facilitar os trâmites para exportação e importação, diminuindo a burocracia e o tempo para entrada e saída de mercadorias do Brasil.

“Os benefícios propostos pelo OEA vão além de uma mera certificação, este é o grande momento para as empresas aperfeiçoarem seus controles internos e consolidarem a cultura da gestão de riscos”, declarou.

Mathias mostrou que todos os intervenientes da cadeia logística de comércio exterior estão envolvidos no OEA, e explicou, ainda, as modalidades e condições para certificação, os requisitos de admissibilidade, elegibilidade e os critérios específicos por modalidade e interveniente.

O OEA envolve importadores, exportadores, depositários de mercadoria sob controle aduaneiro, operadores portuários ou aeroportuários, transportadores, despachantes aduaneiros e agentes de carga em operação de comércio exterior. Ele pode ser acessado, também, por empresas de menor porte, são os envolvidos na movimentação internacional de mercadorias a qualquer título que – mediante o cumprimento voluntário dos critérios de segurança aplicados à cadeia logística ou das obrigações tributárias e aduaneiras – demonstrem atendimento aos níveis de conformidade e confiabilidade exigidos pelo programa e seja certificado.

De acordo com o auditor, o ponto principal do programa é que a empresa certificada passa a ser reconhecida no Brasil e internacionalmente como um operador seguro e confiável. Alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil já possuem certificação OEA, como Estados Unidos, União Europeia, Coreia do Sul, Japão, Argentina, México e China. “A Receita Federal estima que até 2019, metade das operações de exportação e de importação seja realizada com este novo programa”, frisou.

Enquanto isso, na sala ao lado, Renato Franklin, presidente da Movida Rent a Car, apresentou os valores do grupo JSL e a consolidação da marca Movida Participações (composta pela Movida Rent a Car, Movida Frotas e Movida Seminovos), uma empresa jovem com produtos diferenciados. Ele abordou como principal assunto o mercado de aluguel de carros no Brasil, suas oportunidades, visão futura e público-alvo.

Dando continuidade, o palestrante seguinte foi Marcelo Frias, diretor de logística para a América Latina da Avon, empresa presente em 15 países, detentora de cinco fábricas e 13 Centros de Distribuição, que atua com quatro parceiros embarcadores. O Brasil representa o negócio mais importante da marca, pois um em cada dois batons vendidos vem para o país.

Frias explicou que a empresa tem uma política global de adequação às necessidades de cada região. Para a Ásia, por exemplo, desenvolveu um projeto que reduziu a complexidade dos embarques em 20%. Como a carga vinha solta dos CDs, a solução foi consolidá-la na DHL, de onde os contêineres saem cheios, sem desperdício de espaço.

A Avon também implantou o projeto Out of the Box, para desenvolver caixas adequadas aos seus produtos, otimizando custos no transporte. Um software permite avaliar a usabilidade de cada embalagem, propondo as melhores adequações para compor as caixas disponíveis. Tudo antes de lançar o produto. A partir daí, o CD e as estruturas portapaletes foram alteradas de acordo com o tamanho correto dos itens da marca, fazendo com que a cadeia atue totalmente integrada.

Esta solução, que começou a ser implantada no Brasil, hoje está presente na operação do México, da Argentina e da Colômbia, gerando economia de mais de 8% no setor de Supply Chain, eliminando 68 k de paletes e reduzindo cerca de 3,4 toneladas de CO2.

Em outra sala, ao mesmo tempo, Alexandre da Silva Dias, gerente geral de inteligência e excelência operacional da ArcelorMittal, discutiu a área de compras como chave em um cenário econômico recessivo e com inflação alta. Ele comentou o papel estratégico dessa área e como devemos utilizar a inteligência em suprimentos para buscar savings nos momentos antes e depois do contrato, e não somente na mesa de negociações.

Segundo ele, a estratégia de compras envolve gestão por categorias, desenvolvimento de fornecedores, países de baixo custo, gestão de risco e agregação da demanda. Já os fatores críticos de sucesso apontados foram: contar com um sistema de informação robusto, profissionais motivados e de visão analítica e uma plataforma de inteligência para gestão dos índices, paramétricas e curvas de preço. Por fim, ele deixou a mensagem de que às vezes, o mais difícil é fazer o simples.

Sérgio Belisário de Andrade, diretor de operações e Supply Chain da Arysta LifeScience para a América Latina, descreveu, em sua palestra, a experiência da empresa em alinhar a estratégia de SC com categorias de produtos e segmentos de clientes.

Para produtos inovadores e de alta margem, como os das suas linhas de bio-soluções e fungicidas, a Arysta adota um Supply Chain com agilidade e flexibilidade. Para produtos maduros e de baixas margens, como herbicidas e inseticidas, são privilegiados baixo custo, eficiência operacional e processos enxutos (lean). O mesmo vale para clientes que valorizam custo baixo versus aqueles que exigem disponibilidade e serviço.

Nas cadeias globais de agroquímicos, a segmentação do SC por produtos é mais relevante nas etapas de planejamento, compras e formulação, levando em conta previsibilidade da demanda, riscos no Supply e importância do produto na estratégia do negócio.

Já a segmentação por clientes ganha importância nas etapas de envase, logística de distribuição e reversa, levando em conta a estratégia e os atributos de serviço valorizados pelos diferentes segmentos.

Andrade compartilhou a experiência da Arysta dentro do conceito de adaptabilidade de Supply Chain: o redesenho “ponta a ponta” das cadeias de suprimentos globais deve ser adaptado com frequência de acordo com as mudanças nas condições macroeconômicas dos mercados e a competitividade relativa de fornecedores de diversos países.

Como conclusão, reforçou a importância de a estratégia de Supply Chain estar perfeitamente alinhada com a do negócio, focando as prioridades no atendimento segmentado dos produtos-chave e dos segmentos de cliente target. Como resultado, possibilita otimização de capital de giro/estoques na cadeia e redução do custo total.

Ao mesmo tempo, em outra sala, Cesar Meireles, diretor executivo da Abol – Associação Brasileira de Operadores Logísticos, destacou que a logística é um dos fatores de sucesso para o desenvolvimento econômico e empresarial, por isso a importância de as empresas terceirizarem a área com Operadores Logísticos dedicados. Segundo estudo realizado em 2013 pelo ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain, o índice de satisfação dos embarcadores brasileiros com esses parceiros foi de 85%.

Os OLs, mostrou Meireles, oferecem serviços personalizados, realizam múltiplas atividades integradas, têm foco na melhoria dos níveis de serviço e na redução do custo total. Em 2014, o gasto total com logística no Brasil foi de R$ 694 milhões. Caso o ganho de eficiência gerado pelos Operadores Logísticos não tivesse sido absorvido, esse valor seria 9,9% maior. “É preciso sinergia para a redução de custos entre OL e cliente”, frisou.

Mesmo com essas vantagens, lembrou o palestrante, a profissão não é regulamentada no mundo todo, não há CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas própria.

Finalizando as palestras do primeiro dia, Omar Mauri Jr., gerente de Supply Chain da Scania Latin America, falou sobre integração na cadeia de abastecimento. Fabio Castello, vice-presidente de logística, não pôde participar pessoalmente, mas gravou um vídeo especialmente para o congresso, onde contou que cada caminhão da Scania é um indivíduo, pois nenhum é igual ao outro. Há 3 milhões de combinações possíveis, são 135 modelos básicos e 1.150 variações.

Como o planejamento da área de vendas era otimista e a acurácia baixa, foi criado um grupo de trabalho para analisar os dados e encontrar uma forma de melhorar os resultados. Foi aí que a empresa desenvolveu o forecast management, uma metodologia de previsão da produção que alcança até 95% de acertos. “Criamos uma cesta de dados para avaliar não somente a precisão de vendas, como também as estratégias dos produtos e os negócios em andamento. Com isso, passamos a trocar informações entre todas as áreas”, explicou Mauri Jr.

Hoje, a Scania tem acuracidade no plano de produção, o índice de erro é pequeno, gerando menos custos, redução do frete e do nível de estoque. “Conectividade é a palavra do momento. Os desafios são cada vez maiores, por isso precisamos ser cada vez mais colaborativos”, destacou.

Ligando o caminhoneiro

O dia 8 de março começou com palestra de Ricardo Altmann, que falou sobre a importância da tecnologia para otimizar as operações e melhorar a competitividade do negócio. O palestrante, sócio da Lunica Consultoria e cofundador do aplicativo TruckPad, apresentou a ferramenta, que conecta o caminhoneiro autônomo ao cliente. “Para o caminhoneiro, o app apresenta milhares de ofertas de cargas, através de uma interface simples, permitindo a negociação direta com as empresas. Oferece, ainda, serviços de apoio, notícias e dicas, carteira eletrônica, protocolos de entrega e a possibilidade de troca de mensagens diretas com os amigos do trecho. Para as empresas, é uma plataforma web que mostra a geolocalização dos caminhoneiros disponíveis para transportar as cargas, em tempo real. O sistema possibilita gestão dos fretes, acesso à ficha dos motoristas e acompanhamento da viagem até o protocolo de entrega”, explicou.

O TruckPad já foi instalado mais de 350.000 vezes, tem cerca de 6.000 empresas cadastradas e teve R$ 1,4 bi em fretes lançados em dezembro de 2015.

A sessão de debate sobre modelos colaborativos de sucesso em Supply Chain e Logística contou com a participação de Marlus Fida, vice-presidente Brasil da Sanmina; Frederico Roldan, diretor de Supply Chain para a América do Sul da GM; e Marcelo Cório, diretor de logística da Legrand. Eles focaram na importância da relação ganha-ganha com os fornecedores, pois aumentar a comunicação entre os elos da cadeia contribui para a redução dos estoques, facilitando, inclusive, os prazos de pagamentos. Roldan disse que no caso de fornecedores estrangeiros da GM, a comunicação não é presencial, mas há compartilhamento de informações. “É fundamental ter produtos globais, com fornecedores e mercado em vários países”, disse. De acordo com os profissionais, para mudar o formato de relacionamento com os fornecedores é preciso coragem para ousar.

Na sequência, Carla Paschoareli, líder de Inovação e Renovação (I&R) da Nestlé, passou a mensagem de que a inovação é um processo colaborativo que ajuda a alinhar todos os departamentos e permite aprender com os erros. O desenvolvimento de um novo produto na empresa, que dura cerca de nove meses, passa pelas etapas de: estratégia, exploração, execução e assessment (o mais importante), o que envolve 5% de inspiração e 95% de árduo trabalho. “Inovar requer trabalho duro e disciplina.”

De acordo com Carla, muitas ideias entram para análise, mas poucas viram projetos, pois o produto só é fabricado após os testes de viabilidade em todos os setores. Na área logística, é a equipe responsável que identifica rotas possíveis para redução de custos com o novo produto, auxiliando em todo o planejamento.

Em outra sala, Armando Rodriguez Borda, diretor de Supply Chain da Cummins, começou sua palestra descrevendo a estrutura da empresa para integrar tecnologia, processos e pessoas nas iniciativas de redução de custos na cadeia de fornecimento.

Há alguns anos, a Cummins fez uma transformação na área de SC, fundamental em sua estratégia de negócios. O objetivo foi redesenhar a cadeia de fornecimento para atender às necessidades específicas dos mercados e dos clientes atendidos. Foi realizada uma extensa análise dos requisitos de negócio para cada um dos segmentos de clientes e do mercado. “Este exercício de segmentação foi usado como base para definir a forma de estruturar a cadeia de suprimentos, executar fluxos de negócios e medir a satisfação do cliente”, contou.

A apresentação terminou com um exemplo prático de como a Cummins usou a segmentação da Supply Chain para definir estratégias funcionais (compras, planejamento de materiais, produção, logística e suporte ao cliente), redefinir o papel e as responsabilidades de cada organização interna (corporativo, unidades de negócios e escritórios regionais) e configurar o Cummins ERP e a infraestrutura de TI.

Logo após, Gerald Blake Lee, presidente da Modern Logistics, falou sobre a importância da multimodalidade, pois a infraestrutura rodoviária do país é muito precária, gerando uma cadeia menos eficiente, lenta e cara, especialmente para longas distâncias. “Para rotas com mais de 500 km, o transporte rodoviário é muitas vezes financeiramente inadequado. Por isso, o vasto território brasileiro requer soluções integradas e multimodais”, disse.

A rapidez do avanço da tecnologia exige que os produtos cheguem mais rápido aos consumidores. De acordo com Blake Lee, para acompanhar as mudanças de cenário, a indústria precisa ser parceira de um operador multimodal que ajude no gerenciamento da reação ao ambiente volátil. “A solução built to suit (contratos de locação em longo prazo) abre a possibilidade de produzir e distribuir onde o terreno e a mão de obra são mais baratos e os impostos, menores. Com frota própria de cargueiros, a Modern oferece uma operação logística com a capacidade built to suit baseada nas necessidades dos clientes”, frisou.

Para falar sobre certificação de recursos humanos foi convidado Jorge A. Morales, presidente da Iscea – International Supply Chain Education Alliance. Ele explicou que os processos de negócio envolvem diferentes áreas da organização, como marketing, vendas, logística, produção e finanças. “Graças às ferramentas tecnológicas desenvolvidas nos anos 1990, é possível executar estes processos, embora as pessoas dentro de cada área não tenham bons relacionamentos umas com as outras. Em geral, as que atuam no setor de vendas não se dão bem com as de logística, assim como as de produção com relação às de contabilidade, porque não falam a mesma linguagem”, disse.

Morales reconhece que, nas últimas décadas, as empresas têm otimizado seus processos e investido em tecnologias que permitam a automatização, mas, infelizmente, isso não é suficiente. “Para o gerenciamento bem-sucedido da cadeia de suprimentos, também são necessárias pessoas que possam trabalhar em equipe e que falem uma linguagem comum”, ressaltou.

O processo de certificação de profissionais prepara-os para que tenham poder de decisão, se comuniquem e criem sinergias com pessoas de diferentes áreas. Por isso, a Iscea desenvolveu, em 2003, o primeiro programa de certificação para gerentes da cadeia de suprimentos no nível mundial, que, a partir do segundo semestre de 2016, estará disponível no Brasil. Este certificado é reconhecido mundialmente e garante que seu portador é capaz de gerenciar e dirigir as atividades da cadeia de suprimentos nas organizações.

Antes do almoço, os presentes puderam conferir a palestra de Leonardo Rubinato Fernandes, diretor de logística da Unilever, que falou sobre segmentação, com foco em canal, planejamento, logística e custos. Ele contou como a empresa saiu de uma estratégia única para atender de forma específica, de acordo com categoria, canal e país. “Isso possibilita responder mais rápido a mudanças de consulta, reduzir estoque, criar relações mais estratégicas com os clientes e aumentar a eficiência da manufatura.”

O primeiro passo para adotar a nova metodologia foi a utilização de uma ferramenta cost to serve, que permitiu identificar os custos de cada negócio e sua viabilidade. “Com ela, conhecemos a contribuição de todos os clientes individualmente, ou seja, sua rentabilidade. Isso é importante, porque aquele que parece muito lucrativo pode não ser. Fizemos um mapeamento de todos os canais e categorias e, dessa forma, conseguimos nos planejar melhor”, explicou.

Os clientes da Unilever foram classificados em quatro tipos: Lean (alto volume e baixa margem); Responsive (alto volume e alta margem); Agile (baixo volume e alta margem) e Rationalize (baixo volume e baixa margem). Assim, cada tipo tem uma abordagem diferenciada e ações próprias a serem seguidas.

Fernandes lembrou que as estratégias comercial e de Supply Chain precisam trabalhar juntas. “Em um ano e meio de jornada, reduzimos em 10% os custos com SC”, destacou.

Parceria de OLs

O período da tarde começou com a apresentação de Javier Bilbao, presidente da DHL Supply Chain, que mostrou como é importante contar com a parceria de Operadores Logísticos, pois quem está de fora ajuda as empresas a verem o que ainda não está claro, auxiliando na melhoria dos processos. Ele contou que, na DHL, todos os colaboradores passam por treinamentos sobre conhecimento em logística e competências, atitudes focadas nos clientes, comportamento e abordagem consistentes.

Bilbao também falou da importância do engajamento dessas pessoas. “Quando elas se sentem importantes, trazem ótimos resultados. A paixão pelo que fazemos como time garante o esforço para irmos além”, disse. A DHL Supply Chain oferece armazenamento, transporte e serviços de valor agregado, ofertando soluções de gerenciamento de comunicações e informações empresariais.

O case da Natura sobre como se estruturar longe de grandes centros foi apresentado por Angela Pinhati, diretora industrial, e Sergio Talocchi, gerente de logística reversa e materiais reciclados. Em Benevides, PA, a empresa conta com o Ecoparque, que trabalha com um modelo sustentável para o uso dos ativos da biodiversidade, capaz de promover a economia da floresta em pé e a convivência harmoniosa entre a natureza, a comunidade local e as organizações privadas. “Entre nossos objetivos está atrair outras empresas para ajudar no desenvolvimento da região”, explicou Angela. Em 2015, a Symrise, fabricante internacional de fragrâncias e matérias-primas, passou a operar no Ecoparque. Prerrogativa do projeto, a simbiose ocorre, principalmente, com os resíduos industriais, que são reaproveitados pela fábrica de sabonetes. O próximo objetivo é levar empresas que alimentem a parceria com cartuchos e flow pack.

Segundo a diretora industrial, a Natura trabalha muito para fortalecer o papel da logística nas operações da empresa, com foco em sustentabilidade, desenvolvimento de talentos e sincronismo das ações, gerando impactos econômicos e ambientais positivos. “Investimos em tecnologia principalmente no final da linha para ganhar competitividade”, destacou.

Há grandes dificuldades de acesso ao local onde ficam as 33 comunidades com cerca de 3.000 famílias da cooperativa que fazem a coleta das sementes, sendo 2.000 na Amazônia (no Equador e no Brasil). Angela expôs que os desafios da cadeia logística do Ecoparque são levar novos parceiros para a região, flexibilizar a cadeia, formar mão de obra, estruturar os prestadores de serviços e fomentar o empreendedorismo no entorno.

Ela adiantou que os compromissos da Natura para 2020 são aumentar de 10% para 30% o consumo de ingredientes produzidos na região amazônica, ampliar de 2.000 para 10.000 as famílias de agricultores, movimentar R$ 1 bilhão na região e gerar valor local com o desenvolvimento de negócios sustentáveis.

Na outra sala, na mesma hora da palestra acima, Marcelo Arantes, diretor executivo de Supply do GPA, mostrou a experiência de adaptação da cadeia de suprimentos do grupo para atender ao modelo de proximidade, envolvendo lojas pequenas com sortimento reduzido que buscam proporcionar conveniência para os consumidores que querem fazer suas compras sem enfrentar o caótico trânsito das grandes capitais brasileiras.

“Este formato tem crescido bastante no país e também dentro do grupo, mas seu sucesso depende de ajustes na cadeia de abastecimento para garantir uma operação saudável, sem excessos, que acabam gerando quebras, nem faltas, que acarretam na perda da venda e, em última estância, do cliente”, disse.

Assim, a empresa tomou várias iniciativas para confirmar o sucesso do formato:

  • Adequação e clusterização do sortimento para assegurar variedade menor de produtos que caibam nas lojas, mas que sejam representativos e alinhados com o perfil de consumo da região em que a unidade se encontra;
  • Utilização de CD exclusivo com tecnologia de picking by voice para garantir produtividade e assertividade no processo de separação;
  • Utilização de Unidades de Logística Avançada que funcionam como cross-docking para assegurar maior amplitude da malha logística; e
  • Implantação de S&OP para integrar todas as etapas da cadeia de abastecimento.

Na área de medicamentos, cosméticos e perfumaria, o case apresentado foi da Onofre, que, segundo Luis Fernando Silva, diretor de logística, tem estratégia focada no e-commerce para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A empresa, que conta com mais de 200 courries treinados para entregas door to door, recebe 6.000 pedidos por dia, sendo que 90% são entregues em até 4 horas. Os produtos partem do Centro de Distribuição da empresa, em Alphaville, Barueri, SP, que possui 4.000 m² e tem capacidade para 15.000 itens, ou da loja localizada no bairro da Liberdade, na região central de São Paulo, que é abastecida de segunda a sábado. Elas possuem gestão independente.

Silva ressaltou que a empresa tem cuidado especial com o controle dos medicamentos para garantir a estabilidade do produto e manter seu princípio ativo. Por isso, investiu no monitoramento online de temperatura e umidade de seu CD, onde foram instalados diversos sensores wireless que mandam informações sobre qualquer alteração. “Também investimos em frota própria com isolamento térmico e refrigeração, bem como em dataloggers dentro das embalagens dos produtos termolábeis para registro da variação da temperatura”, contou. Para os próximos anos, a Onofre está focando em sistemas de gestão, na infraestrutura logística e no desenvolvimento de processos internos.

Concomitantemente à palestra acima aconteceu a da GM, com Claudio Bello, diretor de compras. Segundo ele, o perfil demográfico dos profissionais de suprimentos (compras, Supply Chain e logística) vem se alterando recentemente, de duas formas. “A primeira, com as mulheres ganhando cada vez mais espaço – elas já respondem por mais de 30% das vagas – em todas as áreas de suprimentos, trazendo suas características natas, como a disposição para múltiplas tarefas, por exemplo. A segunda é na base etária da população de suprimentos. Com 75% dos homens que trabalham na área na faixa entre 26 e 45 anos e quase 50% das mulheres entre 26 e 35 anos, essa é uma população que pode ser considerada ainda jovem e que, portanto, ao mesmo tempo em que têm suas ambições de carreira sendo moldadas, precisam de gestores e coaches bem preparados para não só norteá-los em suas atividades diárias, mas também para suportar e gerir aqueles que desejam fazer carreira dentro da empresa, seja na área de suprimentos ou em outros setores”, disse.

Bello demonstrou preocupação com a falta de mão de obra especializada e com o turn over elevado na área de suprimentos. Ele explicou que uma empresa normalmente tem entre 70% e 80% do seu custo advindo de matérias primas e insumos comprados de fornecedores. “Um gerenciamento equivocado nesse patamar certamente traz dissabores ao resultado da empresa. Portanto, uma equipe de suprimentos muito bem preparada e gerenciada, permanentemente atualizada com o mercado e com o próprio negócio da organização é condição fundamental na equação de geração de resultados. Além disso, é imprescindível ter um programa sólido de aquisição, desenvolvimento e retenção de talentos, de forma que também se enderecem adequadamente as altas taxas de turn over que hoje tendemos a ver”, expôs.

Sobre programas para retenção de talentos, o diretor de compras da GM chamou atenção para o fato de que se 50% das pessoas decidem sair de um departamento ou de uma empresa é porque há alguma forma de incompatibilidade com o supervisor direto, então qualquer que seja o programa que se tenha, deverá não só estar focado no empregado, mas também na adequada capacitação de seus gestores. “Retenção de talentos não passa apenas pela questão salarial. Muito do reconhecimento que busca o empregado – e o adequado reconhecimento tem grande peso na sua retenção – não é pecuniário. E cabe ao gestor ter a sensibilidade de, junto com as respectivas áreas de RH, identificar e desenvolver planos de ação para que suas áreas efetivamente atraiam e retenham talentos, em vez de sobrecarregar a empresa com demandas para cobertura daqueles que deixam seus quadros”, ressaltou.

Para finalizar o congresso, foi convidado Paulo Herrmann, presidente da John Deere, montadora de máquinas agrícolas. Bem-humorado, ele disse que o enriquecimento está na forma de encarar a adversidade. Segundo ele, as mulheres costumam ver as coisas de maneira diferente dos homens, e é muito importante buscar essa opinião.

Herrmann ressaltou que os momentos de dificuldade exigem ajustes rápidos, mas as pessoas costumam paralisar nessas horas. Todos, não apenas os CEOs, precisam mudar. “Vamos parar de dar audiência para o câmbio e olhar o lado positivo. A Operação Lava Jato não é novidade. Estamos passando por um momento significativo, mas devemos dar importância ao fato em si, não aos detalhes”, expôs.

Para o palestrante, é preciso ter cuidado com as previsões e as ideias vendidas, pois ele acredita não haver crise. “Temos que ter atitude positiva, mostrar que queremos trabalhar, buscar criatividade em coisas simples. As soluções estão dentro de nós, vamos fazer o princípio do contrafluxo, ver o que podemos tirar de proveito. A vida é cíclica, a constância é a morte, veja o eletrocardiograma”, comparou.

Em sua opinião, atuamos como cigarras, em referência à fábula “A Cigarra e a Formiga”, pois gastamos muito e ficamos sem recursos quando mais precisamos. Ele disse que deveríamos nos planejar melhor na época boa (como a formiga) para termos o que investir quando a fase ruim chegar. Dessa forma, se o faturamento cair, será acima do zero.

“A crise atual é política. É uma crise de confiança. Quem tem dinheiro, tem medo de gastar. O preço das coisas subiu, mas o dinheiro não desapareceu”, ressaltou.

Herrmann disse que hoje existe um tênue equilíbrio entre oferta e demanda no setor de grãos. Por isso, 2016 provavelmente marcará o início de um novo ciclo de crescimento. “A John Deere está investindo e espera, em 2017 e 2018, voltar ao patamar de 2013 e 2014”, finalizou. A ideia foi mandar os participantes do evento empoderados para casa.