As vendas de veículos zero-quilômetro esboçaram reação em agosto, na comparação com julho, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, foram licenciadas 183,9 mil unidades no mês passado, aumento de 1,37%.
Em comparação com o mesmo mês do ano passado, entretanto, a comercialização ainda está no vermelho, com queda de 11,26%. De janeiro a agosto, frente a igual período de 2015, a retração é de 23,09%.
De acordo com especialistas, agosto é um mês atípico, pois tem maior número de dias úteis na comparação com julho, neste ano foram 23, o que contribuiu para ampliar as vendas. Por outro lado, o resultado poderia ter sido melhor não fosse a Olimpíada, que impactou principalmente o comércio de veículos novos no Rio de Janeiro. Com isso, o volume de emplacamentos, por dia, foi 8% menor do que em julho, que contou com 21 dias úteis.
Para o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, ainda é cedo para traçar projeção com os resultados apresentados. “Os meses de setembro, outubro e novembro vão mostrar nova realidade do mercado. Só após esses três meses teremos uma noção do futuro do setor”, avalia.
O diretor superintendente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores do Estado de São Paulo), Octavio Vallejo, acredita que a definição do processo de impeachment traz tendência de maiores ânimo e credibilidade, dando ao consumidor confiança para voltar a comprar. “Vejo que o comprador está ansioso por voltar ao mercado mas, para isso, precisamos de investimento e emprego. O mercado só será bom outra vez quando tivermos emprego.”
PESADOS – Os vendas de veículos comerciais, fortemente afetadas pelo cenário, também apresentaram queda no tamanho do tombo no acumulado do ano. De janeiro a agosto, o emplacamento de caminhões mostrou retração de 30,63% – até julho, era de 31,96%. Quanto aos ônibus, o recuo é de 31,30%, ante 33,69% nos sete primeiros meses do ano.
A crise econômica impactou o setor produtivo e o comércio, fazendo com que a necessidade de transporte de carga seja menor. “Não há o que transportar, não há frete para o caminhoneiro. Mesmo com a nossa safra sendo muito boa, não foi suficiente para agilizar o mercado”, declara Vallejo.
Garbossa complementa que, “para uso do veículo comercial, é necessária uma base, como infraestrutura e financiamento. Agora que começa a ter mais produção, a tendência é ampliar a demanda por ele”.
PREVISÃO – Diante da aposta de retomada da confiança do consumidor na economia nos próximos meses, a Fenabrave mantém a projeção, revisada em julho, de queda de 16% nas vendas de todo o setor em 2016.
Fonte: Diário do Grande ABC