Locação de equipamentos usados é solução viável em tempos de crise e para trabalhos de curto prazo

Da mesma forma que o segmento de venda de equipamentos usados tratado na versão impressa desta edição de Logweb, o setor de usados para locação está em franco crescimento, tanto que na Promov Empilhadeiras (Fone: 11 3929.2080), segundo conta o CEO da empresa, Andrigo Cremiatto, 70% das locações não têm contrato ou têm contrato mensal, pois muitas empresas optam por não se comprometer com contratos de longo prazo. E ninguém faz contrato de um mês com máquina zero, apenas com usadas, destaca ele.

Fábio Pedrão, diretor executivo da Retrak Comércio e Representações de Máquinas (Fone: 11 2431.6464), é outro representante do setor que destaca a grande competitividade no segmento de locação de equipamentos seminovos. São muitos os fornecedores que oferecem equipamentos usados para locação. Segundo Pedrão, o ideal é conciliar a vida econômica do equipamento com o tipo de uso a que será destinado – equipamentos novos para operações de três turnos x sete dias/semana; equipamentos seminovos para operações de até dois turnos x 5 dias/semana.

“Num cenário onde a palavra crise impera, estão em alta as locações de usados em curto prazo, já que as empresas estão comprometendo o mínimo possível suas verbas, e com isso podem atender suas demandas sem ficarem presas a contratos longos ou leasing de equipamentos novos”, explica Tiago Daniel, diretor comercial da Advance Empilhadeiras Peças e Serviços (Fone: 19 3307.8622).

“A locação de máquinas usadas cresce nos momentos de recessão econômica, pois as empresas postergam investimentos para aquisição de máquinas novas e, também, adiam os compromissos de locação de longo prazo, que são necessários para máquinas novas. Além de adequarem a sua sazonalidade a um custo reduzido que os equipamentos usados propiciam”, completa Maria Trigo, coordenadora de locação da Kion South America – Linde e Still (Fone: 11 4066.8100).

Gabriel Barbosa F. Mangueira, gerente trainee, e Beatriz Barbosa, gestora da qualidade, da Elba Equipamentos e Serviços (Fone: 31 3555.2600), também destacam que o mercado de locação de equipamentos usados está competitivo e os principais motivos são decorrentes da crise política e econômica vivida no país, marcada pelo fechamento de grandes plantas industriais e pela redução de produção da maioria das indústrias que estão conseguindo se manter no mercado. “Esse cenário desafiador impôs a redução da demanda por equipamentos e a busca incessante por redução de custos, o que criou um excesso de oferta no mercado e direcionou os principais consumidores desse segmento para a locação de equipamentos usados, visando à adaptação às adversidades e exigências do mercado que diminui as perspectivas de crescimento e retorno de investidores e empresários.”

A análise feita por Willian Silva de Oliveira, vendedor de ativos da Bauko Equipamentos de Movimentação e Armazenagem (Fone: 11 3693.9339), também segue por este caminho. De acordo com ele, devido ao estado atual do mercado brasileiro, empresas de médio e grande porte estão buscando redução de custos, incluindo em seus bids a possibilidade de locação de equipamentos seminovos.

O engenheiro Giuseppe Corsi, do Departamento Comercial da Kaufmann (Fone: 11 2165.1148), também destaca que, como em todo o mercado, esses dois últimos anos foram de grande recessão para a área logística, mas alguns setores foram menos influenciados pela crise que outros. O segmento de equipamentos para locação acabou sendo menos afetado, pois, com o corte de verbas para novas aquisições, as empresas tiveram que se adequar com a verba para manutenção, muitas vezes utilizando-a para locação.

“Em 2016, o mercado ainda tem se portado de forma conservadora quanto a aquisições de grande volume, devido à retração econômica, o que gera oportunidades para o setor de locação. A locação é uma atividade financeira de baixo risco para a utilização de um bem, por não exigir a realização de aporte volumoso para a aquisição de uma propriedade ou equipamento. Uma oportunidade de negócio com a possibilidade de replanejamento – frente aos índices inflacionários, aumento do dólar, taxas de juros –, enquanto as novas definições políticas e econômicas do Brasil retomem o crescimento. Além da revisão de acordos contratuais e melhor momento para investimentos de aquisição”, comenta, por sua vez, Rafael Arroyo, gerente de marketing da Crown Equipment Corporation (Fone: 11 4585.4040).

Filipe Novacoski, supervisor de rental da Toyota Material Handling Mercosur Ind. e Com. de Equipamentos (Fone: 11 3511.0400), também comenta que passamos por momentos de instabilidade e indefinições e sentem que o mercado brasileiro não demonstra segurança na busca de grandes investimentos. “Visto o cenário apresentado, notamos uma crescente procura por locações de equipamentos nos últimos tempos.”

Entendendo a situação atual do mercado brasileiro, um dos pontos de maior atenção da empresa está relacionado à renovação de contratos já vigentes, reajustes anuais e negociação de preços de novas oportunidades, em que buscam criar grandes parcerias com seus clientes. Mas, sempre analisam o risco do negócio, já que a inadimplência é um fator que pode ocorrer.

Antonio Carlos Rubino, diretor da Trax Rental do Brasil (Fone: 11 4468.7777), também revela que o segmento de locação de equipamentos de movimentação de matérias foi afetado pela atual situação econômica, e que os contratos já existentes vencidos ou a vencer estão sendo renovados por períodos de 12 a 24 meses, dando continuidade com os mesmos equipamentos em operação.

“Essa decisão é devido às incertezas nos cenários políticos e financeiros. As empresas preferem continuar com os equipamentos em operação e ainda com redução de custos. Para o locador, essa situação potencializa o aumento de custo com manutenções corretivas, devido ao envelhecimento da frota.”

A Nivelartec Indústria Comércio e Serviços de Plataformas (Fone: 16 3337.9035) é fabricante de elevadores de carga e niveladores de doca e percebeu, no início de 2015, uma demanda maior por equipamentos usados e locação de equipamentos. “Com a crise econômica no cenário atual percebemos que muitas empresas estão optando por locar equipamentos, principalmente a doca móvel. No ano passado foram 10 as consultas sobre locação, enquanto que em 2016, só no primeiro semestre, foram 25 consultas. Este cenário levou a Nivelartec a entrar neste segmento”, comenta Fabio Alexandre Xavier, administrador da empresa. Ele também revela que locação não é prática comum entre fabricantes de niveladoras e elevadores de carga. “Assim vemos neste mercado uma excelente oportunidade, onde a locação pode ser uma excelente opção de rentabilidade. Tanto que neste segundo semestre a Nivelartec passará a fazer locação de equipamentos como docas móveis e niveladoras de doca.”

Perspectivas
Sobre as perspectivas para o segmento de locação de equipamentos usados, Pedrão, da Retrak, destaca que este é o maior mercado no Brasil. O cliente opta pela locação de equipamentos seminovos devido ao custo menor e à possibilidade de devolução em curto prazo. Segundo ele, locação de máquinas novas tem um custo maior e obriga as partes a um período de locação médio de 36 meses.

Por sua vez, Daniel, da Advance, afirma que as tendências não são muito diferentes do que previram para 2015: quem tiver equipamentos usados para locação vai se dar bem, pois atenderá demandas em curto prazo – que na verdade sempre se alongam – sem estar amarrado a leasing e financiamentos. “No Brasil, em especial, o segmento de usados para locação pode ser uma opção interessante para reduzir custos de mensalidades aos clientes e melhor utilizar as frotas hoje disponíveis por grandes marcas no país. A possibilidade de aquisição do usado após a locação torna ainda mais viável o negócio em termos de facilidades à empresa compradora”, completa Arroyo, da Crown.

Para Xavier, da Nivelartec, as perspectivas são que a procura por equipamentos usados para locação continue até o primeiro semestre de 2017. “Acreditamos que o cenário econômico vai alimentar este mercado por um bom tempo, afinal todas as empresas no momento atual buscam diminuir seus custos para se manter no mercado, e a locação de equipamentos usados é uma ótima opção.”

Outro otimista quando ao futuro do segmento, em que pese a situação econômica, Cremiatto, da Promov Empilhadeiras, destaca que as empresas não querem se comprometer com os custos da aquisição de máquinas novas. Vale lembrar – diz ele – que os valores da locação de máquinas zero e usadas são quase os mesmos, mas variam de acordo com o dólar. “Acredito que se tivermos cenários de baixa de dólar e melhoria da economia do país, crescerão as aquisições e diminuirão as locações. Locação e reforma de equipamentos são tendências com a atual situação do mercado.”

Maria, da Kion South America, analisa as perspectivas de crescimento para o segmento destacando que a locação de máquinas novas se concentrará em grandes clientes e as usadas nos pequenos clientes – e na economia do Brasil, a participação da micro e pequena empresa é muito grande e crescente.

Rubino, da Trax Rental, também aponta que muitas empresas estão optando por fazer contratos mais curtos e com equipamentos usados, ou seja, equipamentos já depreciados com custo de locação mais atrativos em relação aos equipamentos novos.

“Para o locador, esse fator é de risco, pois está locando um equipamento com uso de 36 meses ou mais, que certamente terá um custo com manutenções maiores do que um equipamento novo. A única vantagem é de que o equipamento já está depreciado e a disposição para locação, o que gerará um faturamento”, alerta o diretor da Trax Rental.

Barbosa e Beatriz, da Elba, consideram que a instabilidade política e econômica não traz perspectivas de melhora do mercado. Contudo – ressaltam –, as empresas com foco em otimização de recursos e customização de soluções para os clientes se sobressaem em momentos como este e conseguem fazer com que as perspectivas se tornem favoráveis a elas.

Corsi, da Kaufmann, por sua vez, credita o crescimento do mercado de locação de equipamentos ao fato de a área logística passar por diversas modernizações. Com isso, é lucrativo para as empresas investir em alterações operacionais com o menor custo imobilizado possível, para que possam primeiramente se adequar e verificar os ganhos dessas novas operações logísticas.

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