WTorre define início das obras de porto no Maranhão

As obras do porto multimodal de São Luís (MA) começarão ainda no primeiro trimestre de 2017, afirmou ontem ao Valor o principal executivo da WTorre, Paulo Remy Gillet Neto, após evento sobre o setor portuário. O empreendimento será um dos maiores terminais de uso privado da região Nordeste e aumentará substancialmente a capacidade de escoamento do Estado do Maranhão, que já conta com terminais de uso privado e o porto público do Itaqui, relevantes na exportação de minério de ferro e grãos.

A área tem 2 milhões de metros quadrados e terá capacidade para movimentar ao ano 24,8 milhões de toneladas quando o terminal estiver pronto. O projeto está estimado em R$ 1,5 bilhão e deve levar três anos para estar em operação. Entre as cargas que serão movimentadas estão a produção agrícola do Meio-Oeste, fertilizantes, granéis líquidos, carga geral (sobretudo celulose) e, futuramente, contêineres. O complexo contará com uma área reservada pronta para a movimentação de contêineres. “Em infraestrutura se pensa sempre com 50% a mais [de capacidade]”, disse Gillet Neto. A profundidade do porto privado será de 18 metros em condições normais, podendo chegar a 25 metros com a variação da maré.

O empreendimento é do braço de infraestrutura da WTorre, a WPR, e recentemente ganhou um sócio, a China Communications Construction Company (CCCC), conglomerado chinês de infraestrutura, equipamentos pesados, e serviços de dragagem.

Segundo Gillet Neto, tão logo o projeto foi apresentado na China, o grupo se mostrou interessado. A CCCC é a maior empresa de infraestrutura da China. Além de construir, opera ativos em outros países. No fim de 2015 tinha US$ 150 bilhões investidos em concessões de infraestrutura de transportes – de empreendimentos prontos aos ainda em construção. Com controle estatal, está listada na Bolsa de Hong Kong. Em 2015, obteve receita equivalente a US$ 120 bilhões, sendo US$ 20 bilhões do braço internacional.

O sócio chinês vai fazer um aporte de R$ 400 milhões. O restante do investimento será feito via captação de recursos no mercado. Atualmente está sendo definido o financiamento, se vai ser local ou internacional.

O executivo defende que a região tenha alternativas de escoamento, dado o avanço da fronteira agrícola no Arco Norte. “Já temos o Tegram, mas precisamos de mais um ou dois portos. A economia se desloca para onde tem infraestrutura”, disse, após criticar que a maior parte das commodities produzidas no Arco Norte sejam escoadas pelos portos do Sul e Sudeste, percorrendo caminhos mais longos para acessar o mar e ser transportada até a China pelo Cabo da Boa Esperança, trajeto mais longo que via o Canal do Panamá – opção ideal para a carga destinada à Ásia que sai pelo Norte e Nordeste.

“Será um porto importante que mudará a geografia portuária no Brasil. Hoje há muita concentração. Ele tem de ser um dos melhores, tem de dar condições para que aquela região também seja percebida como uma grande região portuária”, disse o executivo. O porto de São Luís terá acesso direto à BR-135 (que liga o Maranhão a Minas Gerais) e às ferrovias Carajás e Transnordestina.

O terminal será instalado próximo ao porto público, com quem competirá por algumas cargas. Uma das questões levantadas no processo de autorização dispõe sobre a possibilidade de o novo empreendimento limitar a expansão física futura do porto público. Mas o terreno para onde potencialmente o complexo público se expandiria na direção ao da WPR não foi objeto de pedido de reserva à Secretaria de Patrimônio da União (SPU), tampouco integrava a área da poligonal. Por isso no processo o poder concedente deu viabilidade locacional ao projeto da WPR.

Fonte: Valor Econômico