Controlador da Usiminas compra usina CSA, no Rio, por € 1,5 bi

A alemã Thyssenkrupp concluiu negociações para a venda da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) para a Ternium, baseada em Luxemburgo, por € 1,5 bilhão.

A transação, anunciada nesta terça-feira (21), envolve o pagamento de € 1,26 bilhão em dinheiro e transferência de uma dívida de € 300 milhões com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Inaugurada em 2010 em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, a CSA tem um histórico de turbulências e já havia sido negociada, sem sucesso, com outros pretendentes.

Em 2013, a própria Ternium chegou a negociar a compra da CSA, mas desistiu do negócio.

A usina foi construída em parceria com a Vale, que decidiu em 2016 se desfazer de sua fatia por um preço simbólico.

“Ao concluir essa transação, a Ternium está incorporando mais uma usina siderúrgica de última geração ao seu parque industrial”, afirmou, em comunicado, o presidente-executivo da Ternium, Daniel Novegil.

Com operações no Brasil, onde participa do controle da Usiminas, e em outros países da América Latina, a empresa espera ampliar a integração de suas atividades com o novo ativo.

“Isso vai fortalecer nosso negócio em setores industriais estratégicos na América Latina”, concluiu o executivo.

No caso da Usiminas, a Ternium vive um longo conflito societário com o outro sócio controlador, a japonesa Nippon Steel;

A CSA tem capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano. A Ternium, por sua vez, comprou de outros fornecedores, em 2016, 3,7 milhões de toneladas por ano.

Com a transação, amplia “substancialmente” sua capacidade de produção para fornecer aos seus clientes, diz o texto do comunicado. A empresa produz 6 milhões de toneladas por ano e vende 9,8 milhões de toneladas por ano.

O projeto da CSA foi desenvolvido de forma integrada com uma laminadora no Alabama, Estados Unidos, e batizado de Steel Americas.

Em 2015, já sob efeitos da sobreoferta de aço no mercado internacional, a usina norte-americana foi vendida para a ArcelorMittal e o projeto de integração da produção nas Américas foi abandonado.

“Com a venda da CSA, nos separamos definitivamente da Steel Americas. Isso é um marco importante no redirecionamento da Thyssenkrupp para um grupo industrial forte”, disse, também em comunicado, o presidente-executivo da empresa alemã, Heinrich Hiesinger.

A empresa contabiliza perdas de mais de € 12 bilhões no projeto Steel Americas, somando custos e prejuízos acumulados. Mesmo com a venda das usinas, assumirá uma perda de € 8 bilhões.

PROBLEMAS

Além da crise no mercado siderúrgico global, a companhia enfrentou uma série de problemas no Brasil desde a sua instalação.

Primeiro, foi acusada de importação de empregados chineses. Depois, teve de reduzir as operações para sanar problemas operacionais que resultaram em altos níveis de poluição que prejudicaram a comunidade vizinha.

Por isso, recebeu multas do Instituto Estadual do Ambiente, que totalizaram R$ 15 milhões, e foi obrigada a investir para reduzir as emissões.

A licença definitiva de operação da usina só foi concedida em 2016.

Fonte: Folha de S. Paulo