A Natura anunciou que está em negociação com a L’Oréal para aquisição da empresa de cosméticos britânica The Body Shop por € 1 bilhão de euros.
Para ser fechada, a transação depende de consulta aos trabalhadores na França e de aprovação pelas autoridades regulatórias, como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Segundo João Paulo Ferreira, presidente da Natura, o negócio permite que a empresa atinja três objetivos estratégicos de uma vez: internacionalização, diversificação de produtos e canais de venda, e construção de um grande grupo de marcas globais.
O executivo ressaltou as semelhanças entre as duas empresas, que compartilham o discurso em defesa de desenvolvimento socioambiental sustentável e uso de matérias-primas naturais, eixos centrais do marketing de ambas.
A The Body Shop, com presença em 66 países, vai ampliar o alcance internacional da Natura. A expansão internacional já vinha crescendo com a incorporação da australiana Aesop em 2013, que hoje tem lojas em 20 países.
Segundo a brasileira, a integração da marca britânica deve resultar em um faturamento de R$ 11,5 bilhões para a companhia –um aumento de 45% sobre a receita líquida de 2016.
Em conversa com jornalistas na manhã desta sexta, Ferreira disse que foi a L’Oréal quem tomou a iniciativa para negociação. No início do ano, a francesa começou a buscar potenciais compradores para a The Body Shop, comprada em 2006 por 652 milhões de libras.
A venda para a Natura por € 1 bilhão de euros agradou investidores da companhia francesa, que esperavam um valor mais baixo, em torno de € 800 milhões de euros, segundo o gestor de fundos da Keren Finance, Gregory Moore, consultado pela Reuters.
O pagamento deve ser feito de modo integral no momento de fechamento do acordo, diz José Roberto Lettiere, vice-presidente de relações com investidores da Natura.
Para reduzir os custos da dívida, ela será em parte em real e em parte em moedas estrangeiras, com participação de bancos nacionais e estrangeiros. Lettiere não divulgou qual o prazo previsto pela companhia para amortizar o negócio.
Por volta das 11h desta sexta, as ações da Natura na Bolsa caíram 2,43%, enquanto as da L’Oréal subiam 0,77%.
REESTRUTURAÇÃO
Fundada em 1976 pela empresária britânica Anita Roddick, a The Body Shop é uma rede de cosméticos focada em produtos inovadores e naturais, mas seu desempenho vem sofrendo com a crescente concorrência de novas marcas oferecendo produtos similares.
Questionado sobre um plano de reestruturação da marca, Ferreira disse que ainda é cedo para responder, e que já existe um “plano de fortalecimento” sendo executado pela atual administração da The Body Shop –equipe a qual deve ser mantida por enquanto.
No Brasil, a The Body Shop tem 133 unidades, segundo Ferreira, da Natura.
Em comunicado, Jean-Paul Agon, presidente do conselho e presidente-executivo da L’Oreal, afirmou que “a Natura vai apoiar o desenvolvimento da The Body Shop no longo prazo e permitir que atenda aos clientes da melhor forma, ao mesmo tempo em que respeitará seu forte compromisso com os funcionários, franqueados e acionistas”.
A expectativa é que o negócio seja fechado ainda em 2017.
RAIO-X
THE BODY SHOP (1º tri.17)
Fundação: 1976, no Reino Unido
Número de lojas: 3.000 em 66 países
Funcionários: 22 mil
Receita: € 197,2 milhões de euros (R$ 726 milhões)
Concorrentes: Lush, Natura, Avon, O Boticário, Contém 1g
NATURA (1º tri.17)
Fundação: 1969, no Brasil
Número de lojas: 16 unidades físicas (com inauguração de 2 no fim de semana), 1.800 consultoras e operação em 8 países
Funcionários: 7.000
Receita: R$ 1,73 bilhão
Concorrentes: Lush, The Body Shop, Avon, O Boticário, Contém 1g
Fonte: Folha de S. Paulo