O galpão e o edifício administrativo da francesa Renault, montadora de automóveis, localizados na cidade de Quatro Barras, no Paraná, conquistaram a certificação internacional AQUA-HQE – um dos principais selos internacionais em construções sustentáveis. A empresa tinha o objetivo de contribuir para a racionalização de custos, bem-estar dos usuários e do meio ambiente e, por isso, decidiu buscar a certificação.
O Parque Logístico Quatro Barras, como é chamado o espaço, foi desenvolvido pela TRX, empresa brasileira que desenvolve, adquire e financia ativos reais por meio da gestão de produtos de investimento, no modelo Built to Suit (empreendimentos projetados sob medida para locação), uma das soluções imobiliárias oferecidas pela empresa.
O local tem aproximadamente 490 mil m² de área de terreno, dos quais 250 mil m² estão destinados ao empreendimento desenvolvido sob medida para a Renault. No edifício administrativo são aproximadamente 900 m² de área construída, já no galpão são 67 mil m² para a primeira fase, mas poderá chegar a 87.000m² de área construída total com as expansões. O restante do terreno está sendo preparado para receber outras operações de Built to Suit de grandes empresas.
“Aplicamos nesse empreendimento feito sob medida para a Renault o que existe de mais eficiente em termos de solução. O empreendimento é hoje um dos mais modernos centros de distribuição do país e, além da AQUA-HQE, também busca obter a certificação Leed de construção sustentável”, comenta José Alves Neto, um dos fundadores da TRX.
Para conquistar o AQUA-HQE, o projeto do empreendimento foi avaliado e aprovado em 14 requisitos de desempenho ambiental que avaliam os níveis base, boas práticas e melhores práticas de projeto e execução. As soluções arquitetônicas e técnicas, que atenderam aos critérios, consideraram, entre outros quesitos, o usuário do espaço, o programa de necessidades do empreendimento, o contexto local, a estratégia ambiental do empreendedor e a análise econômica global. A certificação AQUA-HQE já alcançou 432 edificações, com mais de 75 milhões de metros quadrados de área construída e mais de 43 mil unidades habitacionais no Brasil.
No complexo, que armazena e distribui peças e acessórios da montadora, há luminárias em LED em todos os seus edifícios. Além da iluminação de baixo consumo, para garantir a eficiência energética anual prevista em 32% para o edifício administrativo e 36% para o galpão, a arquitetura privilegiou a organização espacial dos ambientes para proporcionar uma iluminação melhor e maior conforto térmico.
A TRX também priorizou o uso de materiais com alta performance termo-acústica para minimizar o uso do sistema de climatização. “No galpão, por exemplo, adotamos o sistema “skyligths” na cobertura para assegurar a existência de um nível de iluminação suficiente para atender às necessidades do empreendimento, com aberturas laterais e superiores para garantir ventilação natural”, comenta Carolina Gazetta, responsável pelo projeto da TRX.
Além disso, a demanda de energia necessária para abastecer ao edifício administrativo é atendida por energia renovável gerada no local, produzida por meio de sistema de placas fotovoltaicas, usadas para converter a energia da luz do Sol em energia elétrica. As construções contam, também, com sistema de captação e aproveitamento de águas pluviais para uso em bacias sanitárias e paisagismo, assim a água potável não é usada para esses fins. O uso da água é racionalizado por meio do uso de metais e bacias com controle de vazão.
Os impactos no entorno também foram minimizados. A vegetação natural composta por árvores da região foi mantida, o que ajudou a garantir a proteção das áreas de preservação existentes no terreno. O córrego que limita o terreno da Renault também teve as margens preservadas e recebe as águas pluviais do empreendimento. Antes do descarte, as águas de chuva são captadas em duas piscinas de retenção, equipadas com equipamentos para separação de óleos em tubos de entrada, para garantir o descarte de água limpa e em vazão adequada.
Para garantir o acesso aos diversos meios de transporte, o empreendimento tem também ponto de ônibus dedicado, vagas de estacionamento para veículos, motos e bicicletas, além de vagas para carros elétricos e “carpool”, com o propósito de estimular o uso da carona.
Outra preocupação é com o lixo. Ao todo 95,8% dos resíduos da obra foram desviados de aterros e reciclados ou reutilizados, e 18% dos materiais usado foram extraídos e fabricados em um raio de até 800 km do edifício. Para a operação do prédio, foi planejado um depósito próprio de resíduos para armazenamento temporário que faz a diferenciação e identificação dos resíduos gerados com códigos e cores para que seja feito o correto descarte e segregação.
“A gestão dos resíduos gerados pela construção e operação do complexo foi planejada em detalhes, com informações para segregação, armazenamento, logística e frequência de coleta interna e externa, como também a previsão de quantidade de lixo gerada no empreendimento”, conclui Carolina Gazetta.