A perspectiva de crescimento é boa, mas o modal ainda tem baixa representatividade na matriz de transporte brasileira, cerca de 9,6%, o que evidencia seu grande potencial de desenvolvimento.
Um dos modais que mais tendem a crescer no Brasil é a cabotagem, que pode tornar o transporte de cargas no Brasil mais lucrativo para os negócios de muitas empresas. Segundo Marcus Voloch, gerente geral de Mercosul e Cabotagem da Aliança Navegação e Logística, as expectativas são muito boas. “Mesmo com a lenta retomada da economia brasileira, o mercado de cabotagem cresceu cerca de 10% no primeiro semestre se comparado ao mesmo período de 2016. Esperamos uma tímida recuperação da atividade econômica para o segundo semestre, o que deve consolidar esse crescimento de dois dígitos para todo o ano de 2017”, expõe.
Concorda com ele Ricardo Caruí, diretor do produto Marítimo da DHL Global Forwarding. “A cabotagem gera redução de custos e maior segurança frente ao modal rodoviário, por exemplo. Essa modalidade vem sendo aplicada, especialmente, na movimentação de cargas de polos industriais, como o de Manaus, para centros consumidores e distribuidores, como São Paulo”, conta.
Segundo ele, a otimização da logística demanda análise dos modais de uma cadeia de suprimentos. Este processo se intensificou no mercado doméstico devido ao cenário econômico atual e, quando feito com planejamento, critério e procedimentos sólidos, proporciona ganhos de escala e eficiência. Outro ponto positivo da cabotagem, ainda de acordo com Caruí, é a menor emissão de gases de efeito estufa, o que auxilia as empresas em práticas sustentáveis.
No entanto, na opinião de Marcio Arany, diretor comercial da Log-In Logística Intermodal, embora o volume da cabotagem venha crescendo, o modal ainda tem baixa representatividade na matriz de transporte brasileira, cerca de 9,6%, o que evidencia seu grande potencial. “E se considerarmos que hoje, para cada contêiner transportado por cabotagem, há cerca de 6,5 contêineres transportados pelo modal rodoviário, que tem perfeita aderência à navegação, fica evidente a margem de crescimento. Além disso, entre os benefícios da cabotagem está o baixo índice de roubos e avarias da carga, ao contrário do que temos visto recentemente nas estradas brasileiras”, expõe.
Outro ponto destacado por Arany é a conscientização dos clientes em relação às vantagens e facilidades da cabotagem. “A Log-In realiza um forte trabalho, via encontros por todo o Brasil com potenciais clientes e ferramentas como o Espaço do Cliente, no nosso site. A ideia é apresentar de forma objetiva os procedimentos para embarcar utilizando o modal, além de facilitar a navegação no site, agrupando informações para um público específico”, explica.
Novidades
A Aliança lançará em dezembro próximo sua nova plataforma de e-commerce, projeto que vem sendo desenvolvido deste o início desse ano. Voloch conta que mais do que uma atualização, o site foi construído sobre uma nova plataforma. “Investimos bastante em UX (User Experience), trazendo os conceitos mais atuais que facilitam a navegação e a troca de informações entre a Aliança, clientes e prestadores de serviço. O site traz novas funcionalidades que irão trazer mais agilidade ao processo de atendimento ao cliente, tornando mais fácil e rápido o acesso às informações dos seus embarques”, expõe. Além das novas funcionalidades, a empresa aprimorou as ferramentas de cotação, booking e rastreamento.
Já a novidade da DHL Global Forwarding é a subsidiária de transporte multimodal DHL Transportes, que facilita a gestão de embarques multimodais, inclusive a cabotagem. “Por meio dela, é emitido um único conhecimento de transporte, agilizando e simplificando todo o processo, principalmente sob a perspectiva do crédito fiscal para o transporte de cargas interestaduais”, revela Caruí.
Por sua vez, a Log-In adquiriu em junho último um novo navio porta-contêiner, batizado de Log-In Resiliente, que substitui o Log-In Amazônia, comercializado no início do mesmo mês. A mudança faz parte da estratégia da empresa de homogeneizar a frota, por meio de navios com capacidade de transporte semelhantes. “O Log-In Resiliente entrou em operação neste mês de agosto e é capaz de transportar 2.700 TEUs ou cerca de 38.000 toneladas de porte bruto. O navio possui 210,92 metros de comprimento total e 32,26 metros de largura”, ressalta Arany.
Tendências
De acordo com Voloch, da Aliança, os setores com tendência de maior uso da cabotagem, que estão despontando em 2017, são os de plásticos e resinas, papel e celulose, material de construção, gêneros alimentícios e higiene pessoal. “Também estamos observando um crescimento nada desprezível nas cargas refrigeradas, principalmente a proteína animal”, aponta.
Caruí conta que eletroeletrônicos e produtos químicos predominam a carteira de clientes da DHL Global Forwarding. Em relação a rotas, vê potencial na movimentação Nordeste-Norte para Sul-Sudeste de forma geral.
“Acredito que não se trata de uma questão de segmentação, mas sim de posicionamento geográfico. Quanto mais distante o destino, mais competitiva é a cabotagem”, completa Arany, da Log-In.