Em sua passagem pelo Brasil, quando participou da convenção que reuniu representantes da empresa de toda a América Latina no período de 16 a 21 de outubro último, em Paulínia, SP, Stella K. Li, vice-presidente para a América Latina da BYD (Fone: 19 3514.2550), concedeu uma entrevista exclusiva para a Logweb.
Na ocasião, ela falou sobre a empresa, seus conceitos e os investimentos a serem feitos no Brasil. Confira a seguir.
Logweb: Para a BYD, qual a relação entre inovação e sustentabilidade?
Stella: Hoje, a BYD é uma grande empresa de tecnologia, especializada em inovações e novas fontes de energia, para isso, 10% dos nossos engenheiros atuam na área de inovação de produtos. Desenvolvemos produtos de alta tecnologia nos mais diversos segmentos, como a indústria de IT, caminhões, ônibus, monotrilhos e empilhadeiras. O nosso DNA é a inovação, por isso investimos muito em tecnologia e atuamos em diversas categorias rapidamente. A ponto de sermos a maior empresa do mundo em veículos elétricos e a única empresa com uma grande verticalização, abrangendo baterias, carrocerias e veículos. A empresa controla três tecnologias: fabricação de baterias, inversores e o controle de software. Afinal, atendemos locais onde não basta ter apenas a bateria de lítio, e, sim, onde é preciso ter gerenciamento inteligente, oferecendo mais trabalho por kW consumido.
Logweb: Conte, brevemente, a história da empresa e seu desenvolvimento no Brasil.
Stella: A BYD é uma empresa jovem, criada em 1995 com 20 pessoas e um investimento de 350 mil dólares, negociando baterias de níquel-cádmio. Hoje, a empresa, com sede na China, tem 230.000 empregados espalhados pelo mundo e uma previsão de faturar 22 bilhões de dólares em 2017.
A atuação da empresa é baseada em quatro pilares. O primeiro envolve TI, softwares, telefonia, baterias e telefones acabados para grandes marcas. Trata-se de um setor onde a BYD é muito inovadora, a segunda maior do mundo.
O segundo pilar é o de energias renováveis, envolvendo painéis solares e baterias para captar energia do sol. O terceiro pilar é o da indústria automotiva, abrangendo ônibus, caminhões e rebocadores. E o quarto pilar atende à mobilidade das indústrias, com os monotrilhos e as empilhadeiras.
No Brasil estamos há seis anos, e viemos para cá após um amplo estudo de mercado. Construímos uma fábrica para ônibus e painéis solares – temos a maior fábrica do país. Novos projetos também estão sendo estudados já para 2018.
Com respeito exclusivamente às empilhadeiras, as desenvolvidas pela empresa são mais produtivas que as a gás e as elétricas, considerando o custo total, visto que elas permitem operar até 16 horas com uma carga só, além de possibilitarem várias cargas de oportunidade, proporcionando um custo mais baixo que as concorrentes.
Logweb: Quais as dicas para as empresas que querem inovar com sustentabilidade?
Stella: Primeiro, ter domínio de sua tecnologia principal, como, no nosso caso, as baterias e o BMS (Battery Management System) e transferir esta tecnologia para outros equipamentos, como tratores, carros e ônibus. Ou seja, é preciso ter domínio da tecnologia.
Como segunda dica, precisa investir em pessoas, principalmente pessoas locais – ter um time de engenharia local – e fazer parcerias com universidades.
Por exemplo, no Brasil, a BYD tem convenio com a Unicamp e com a Facamp, visando a melhoria de processos de fábrica. Trata-se de um trabalho de formação de pessoas dentro das universidades, com investimentos em projetos específicos, em tecnologia, em equipamentos, para formar profissionais para todas as empresas, inclusive concorrentes. Depois a BYD contrata os grandes talentos das universidades. No mundo todo é feito isto, e hoje já contamos com dois brasileiros atuando na fábrica chinesa.
É preciso ter uma visão de longo prazo no que diz respeito à sustentabilidade do negócio. Não é ficar rico do dia para a noite. É preciso ter uma paciência chinesa, com visões de até 100 anos, demonstrar a sustentabilidade do negócio, construir uma relação de amizade com o cliente e de lealdade, e daqui a 20 anos este cliente vai retornar. Ou seja, é preciso atuar com relações sólidas e sustentáveis com os clientes.
Logweb: Há diferenças nos produtos direcionados para o mercado brasileiro?
Stella: Não, não existe. O que fazemos são pequenas adaptações para reajuste às condições locais, por exemplo, uso de extintores de incêndio, que só é exigido no Brasil. No mais, os equipamentos fabricados na China, nos Estados Unidos ou no Brasil são todos iguais.
Logweb: Quais as inovações que são usadas em outros países e ainda chegarão ou estão chegando ao Brasil?
Stella: Na BYD, é tudo em “tempo real”: um produto é lançado simultaneamente na China, no Brasil, nos Estados Unidos. No caso específico das empilhadeiras, o que muda é que o aceite das elétricas nos Estados Unidos é maior do que aqui, e lá, acreditamos que em 5 a 10 anos todas as empilhadeiras serão elétricas. É uma questão de emissões, que puxa pelo uso das empilhadeiras elétricas, em detrimento das empilhadeiras a diesel e a GLP. Também há um benefício para o operador da empilhadeira, que não fica respirando os gases emitidos pelas empilhadeiras a GLP e diesel. A tendência é inexorável: as empilhadeiras elétricas devem substituir as a combustão.
Diferenciais dos equipamentos BYD
Quem fala dos diferenciais das empilhadeiras BYD é Henrique Antunes, gerente nacional de vendas – empilhadeiras.
Segundo ele, a grande diferença está na bateria: de lítio e livre de manutenção, com garantia de 5 anos e vida útil de mais de 10 anos.
“A autonomia destas baterias é de duas vezes a de chumbo-ácido. Além disto, estas máquinas são mais robustas e capazes de substituir as a GLP com grande vantagem, mesmo em áreas sujeitas a chuva e com piso irregular”, conta Antunes.
Stella: Empresa veio para o Brasil após um amplo estudo de mercado. E novos projetos de investimentos no país estão sendo previstos já para 2018