Locadores: Mercado deve continuar aquecido em 2018, considerando a recuperação econômica

Afinal, depois de anos de queda, o mercado começou uma recuperação de forma sustentável. O número de consultas aumentou e o número de negócios fechados também, dizem os representantes do setor.

Finalizando esta séria de reportagens sobre o segmento de empilhadeiras e de rebocadores, vejamos agora como se porta o segmento de locação que, de acordo com Sérgio Luiz Mendes, gerente comercial da Braslift Empilhadeiras – Braslift Equipamentos e Logística (Fone: 41 3015.3822), enfrentou um ano de 2017 bastante difícil, de muitos ajustes nos contratos existentes, principalmente no quesito valor, pois todos falavam uma única língua: redução de custos.
Também para Antonio Carlos Rubino, diretor da Trax Rental do Brasil (Fone: 11 4468.7777), em 2017, o mercado de locação de empilhadeiras esteve aquém das expectativas, tanto em volume como em preço. “Muitos dos clientes atuais preferiram uma renovação de contrato com a frota atual, ou seja, manter as máquinas em operação. Para o locador isso representa menor valor de locação e maior gasto com manutenção”, afirma Rubino.
Na visão de outros participantes desta matéria especial, porém, 2017 se apresentou mais produtivo.
“O ano apresentou melhora com relação a 2016. Tivemos um aumento expressivo nas cotações e alguns fechamentos de contrato. Com isso, conseguimos balancear a redução vista nos anos anteriores, no início da crise. Tivemos também um incremento nas locações para montadoras. O Brasil está batendo recordes históricos na exportação de veículos, e com isso a demanda por equipamento de movimentação cresceu proporcionalmente.”
Ainda segundo Eduardo Makimoto, diretor da Aesa Empilhadeiras (Fone: 11 3488.1466), 2017 foi também um ano de estudo de novas tecnologias. A indústria tem exigido criatividade dos locadores, ao requerem novos acessórios de segurança, ferramentas de gestão e itens que melhoram a produtividade da máquina.
“2017 ainda foi um ano de aproveitamento de frota, mesclamos algumas novas com seminovas. No segundo semestre foi notável a procura por elétricas classes 2 e 3. No caso das empilhadeiras a GLP, ainda estamos ‘consumindo’ o parque farto dos últimos 6 anos. A redução nas taxas de juros e a relativa estabilidade cambial colaboraram para uma tímida melhoria e retomada de volumes. Difícil fazer entender o cliente acostumado a pagar R$ 2.800,00/mês a locação, à luz da nova realidade de custos de empilhadeiras 2,5 t GLP de R$ 96.000,00, quando o novo valor deveria estar acima dos R$ 3.500,00”, diz agora o engenheiro André Kassardjian, da Alphaquip Maquinas e Equipamentos (Fone: 11 4163.3322).
Enéas Basso Junior, gerente da Eletrac Empilhadeiras (Fone: 11 4523.3890), também alega que a procura foi retraída no começo do ano, contudo superou as expectativas no final de ano. Isto aconteceu devido aos baixos investimentos em ativos nas empresas durante o ano, levando à necessidade de locações pontuais para conseguir atender a demanda de final de ano.
“O ano de 2017 começou bem difícil, em virtude do desempenho fraco de 2016. Com o passar dos meses e a aparente melhora do ambiente político, o mercado deslanchou. O mercado de bens duráveis é extremamente sensível ao ambiente político e econômico. Ao menor sinal de dificuldades o mercado responde com diminuições no número de negócios concretizados. Mesmo com ambiente duvidoso, o mercado deve ter fechado 2017 com a comercialização (vendas + locações) de 14.500 unidades”, completa Fábio Pedrão, diretor executivo da Retrak Comércio e Representações de Máquinas (Fone: 11 2431.6464). Ele é complementado por Celino Luiz Tirloni, diretor comercial da Marcamp Equipamentos (Fone: 19 3772.3333). Para este, 2.017 foi um ano com um bom movimento no segmento de locação de empilhadeiras e a Marcamp alcançou resultados melhores do que os objetivos planejados.
Também Francisco Carlos C. Danyi, diretor da Eletrofran Comércio e Serviços (Fone: 11 3858.8132), está otimista quando ao setor, que vem crescendo de maneira vertiginosa, devido aos fatos positivos do setor e à terceirização de atividades. “Notamos um expressivo crescimento na demanda de equipamentos warehouse classes 2 e 3 para locação. Os números da empresa cresceram na ordem de 20% nesse segmento”, completa Jean Robson Baptista, sócio-proprietário da Empicamp Empilhadeiras (Fone: 19 3756.2100).
Luís Fernando Almeida Júlio, CEO da Logiscom (Fone 19 3223.5027), também coloca que, para a sua empresa, 2017 foi um ano especial. “Fechamos novas parceiras, concluímos projetos x treinamentos com os colaboradores e ampliamos a sede da empresa. Embora muitos mostravam ‘receio’ e comentavam que o ano seria complicado, mantivemos o foco e, digo com propriedade, a procura por equipamentos elétricos foi além do esperado e finalizamos o ano com expectativas mais que positivas para entrar em 2018, principalmente para empilhadeiras – já para rebocadores, esperamos crescimento baixo, devido seu alto custo.”
Paulo Renato Leme Guimarães, diretor da Rekiman Empilhadeiras (Fone: 19 3935.8393), informa que, como locador, notaram que não houve queda em 2017. Porém não houve aqueles bids grandes, as pessoas procurando e querendo fazer locações, grandes investimentos, troca de frota. “Mas ainda assim podemos dizer que houve uma equalização.”
Quando ocorreu a crise em 2015/2016 não havia a procura – continua Guimarães. “Hoje não, já existem clientes procurando, chegamos até a negociar, porém quando chega à fase de fechar negócio as pessoas ainda não têm o capital para finalizar.”
Henio Hissao Tamura, consultor especialista da Toyota Empilhadeiras (Fone: 11 3511.0400), lembra que o mercado de locação de empilhadeiras foi realmente bastante movimentado em 2017. Grandes negócios foram realizados, e foram responsáveis por grande parte importante do mercado total de empilhadeiras no ano. “Em parte por vivenciarmos um período de bastante turbulência, onde a alternativa de locação se mostra bastante eficiente para gerenciar custos logísticos.”
2018
Após um 2017 “bastante movimentado”, como deverá se comportar o setor de locação de empilhadeiras em 2018?
“Considerando todos os contatos já realizados, podemos dizer que 2018 será um ano bastante interessante para locação de empilhadeiras, pois, ao que parece, as empresas voltaram a fazer cálculos comparativos entre locar e comprar.”
Ainda de acordo com Mendes, da Braslift, os custos de manutenção para equipamentos próprios vêm aumentando muito, além do controle necessário para manter os equipamentos. “Em 2018 vamos iniciar a retomada de crescimento, onde a renovação de frota será mais expressiva do que o crescimento absoluto. De uma maneira geral, 2018 deve ficar 20% acima de 2017, especialmente nas classes 1 e 5”, completa Kassardjian, da Alphaquip. Também numerando a perspectiva de crescimento para 2018, Danyi, da Eletrofran, diz que ela é de 7%, e, portanto, a empresa está investindo em novos equipamentos.
Outro otimista, Jean, da Empicamp, também acredita em um 2018 ainda melhor que 2017, pois no final do ano passado foram fechados vários contratos com prazo de 36 meses, e há vários negócios potenciais em 2018. “O que nos faz crer que 2018, mesmo sendo ano de eleições, caminha para uma retomada no segmento.”
Também Pedrão, da Retrak, está otimista para 2018. Afinal, depois de anos de queda, o mercado começou uma recuperação de forma sustentável. “O número de consultas aumentou e o número de negócios fechados também. Se o mercado continuar a se descolar do ambiente político voltaremos a ter crescimentos contínuos e sustentáveis.”
Para se ter ideia do grau de complexidade para se planejar, o diretor da Retrak fornece números do mercado de empilhadeiras e rebocadores dos últimos anos:
2018 – 14.500 unidades (estimativa)
2017 – 14.500 unidades (previsão atual)
2016 – 9.800 unidades
2015 – 11.887 unidades
2014 – 21.800 unidades
2013 – 24.800 unidades
“O mercado de locação tem uma dinâmica diferente da importação e da produção local, contudo não deixa de acompanhá-los. Considerando todos os fatores de incertezas de 2018, deverá ser um ano positivo em termos de locação, pois se trata da melhor solução para enfrentar momentos de grande volatilidade”, afirma, agora, Tamura, da Toyota Empilhadeiras.
Rubino, da Trax Rental, encerra este assunto como outro representante do setor que acredita que o ano de 2018 será melhor, pois, segundo ele, a economia do país já deu mostras de recuperação e, ainda, por ser um ano político de eleições, deverá haver uma injeção de capital no mercado, aumentando as chances de crescimento em todos os setores.

Tendências
Também interessante é saber as tendências no segmento de locação de empilhadeiras.
“Há uma forte tendência mundial por máquinas elétricas. Não somente pelo fator ambiental, mas também pela economia de combustível e ergonomia para o operador e para quem trabalha perto das empilhadeiras. Porém, o Brasil ainda é um país de ‘preço’ e, sendo assim, não é de se esperar que as máquinas elétricas dominem o mercado no curto prazo”, diz Makimoto, da Aesa.
Guimarães, da Rekiman, não acha que seja uma tendência. Ele acredita que já é uma realidade: as empresas têm trocado, de fato, as empilhadeiras a combustão (GLP) por empilhadeiras elétricas.
“A grande maioria das empresas vem mudando mesmo, adquirindo máquinas patoladas, máquinas retráteis. Elas estão aumentando a altura do portapaletes, fazendo uma transição de máquinas a combustão para elétricas. Com essas mudanças, as pessoas têm olhado com outros olhos para a máquina elétrica”, acentua o diretor da Rekiman.
Júlio, da Logiscom, também fala que a tendência no segmento de locação de empilhadeiras elétricas é forte e está tornando uma realidade no Brasil, longe, é claro, do já ocorre lá fora. Ainda segundo o CEO da Logiscom, só não somos mais competitivos com os equipamentos elétricos devido à diferença dos valores em relação às máquinas a GLP e ao alto custo com baterias.
O engenheiro da Alphaquip, por sua vez, lista as tendências: Novos produtos com custos operacionais reduzidos, realidade de custo de aquisição incrementada pelo dólar e custos de manutenção. “Deve ocorrer uma renovação de 30% da frota de empilhadeiras classe 5, especialmente acima de 3,5 t. A crise terminou, e nesse período os clientes tiveram oportunidade de avaliar e sentir ‘na pele’ quanto custa um ativo comparado ao serviço da locação. Estamos nos preparando para ver mais clientes migrarem para o sistema de locação de empilhadeiras. São os primeiros passos para a desmaterialização, ou seja, as empresas descobriram que seus ativos são seus clientes, colaboradores e sua tecnologia. Breve locaremos empilhadeiras por hora, com abastecimento 24/7 e pagamento em bitcoin”, preconiza Kassardjian.
E a lista de tendências feita por Rubino, da Trax Rental, inclui: crescimento com renovação da frota circulante, alongamento nos prazos dos contratos e manutenção dos preços atuais com tendência gradativa de aumento.
Falando de tendências em termos de equipamento, Jean, da Empicamp, explica que a sua empresa está investindo muito na área de VNA (equipamentos de corredores estreitos), pois o cliente está mais preocupado com a otimização visando aumento de densidade de carga na área. “Por este motivo, voltamos esforços para esse segmento e temos colhidos frutos bastante positivos.”

Novos nichos de mercado
Sobre os novos nichos de mercado que se apresentam para a locação de empilhadeiras, Kassardjian, da Alphaquip, diz que, de uma forma abrangente todos os segmentos, em especial atacado, varejo, cadeia alimentícia e agronegócio. “De fato, todos os segmentos de mercado são potenciais para aumento na locação de empilhadeiras. Nos últimos anos temos notado aumento real nos setores de atacarejo (atacado e varejo). Também concluímos vários negócios nos setores automobilístico, de produtos farmacêuticos e empresas de produtos de consumo”, completa o diretor executivo da Retrak.
Na opinião de Tamura, da Toyota Empilhadeiras, um novo nicho envolve soluções integradas com a consolidação do mercado de movimentação de materiais e automação de armazéns e galpões, puxado, principalmente, pelo comércio eletrônico (e-commerce).

Rebocadores
Quanto aos rebocadores, como se comportou o mercado de locação em 2017? Quais as perspectivas para 2018?
“O mercado de rebocadores vem crescendo linearmente, ano após ano. A indústria está deixando de usar empilhadeiras para movimentar cargas horizontalmente e passa a utilizar os rebocadores, equipamentos com custo mais baixo, além de serem mais econômicos no consumo de combustível. Em 2017 a Aesa aumentou em 30% a frota de rebocadores na faixa de 6000 a 7000 kg.”
Ainda de acordo com Makimoto, o mercado de rebocadores deve seguir o mesmo traçado do mercado de empilhadeiras. “Teremos uma guinada por conta da frota obsoleta e incremento da produção.”
Rubino, da Trax Rental, alega que o mercado de rebocador teve melhor performance do que o mercado de empilhadeiras. Os rebocadores, na maioria dos casos, são utilizados em operações internas para recolhimento e ou distribuição de componentes, além de não poluírem, emitirem baixo nível de ruído e serem de fácil dirigibilidade. “Algumas operações utilizavam a empilhadeira para tracionar carga, enquanto o rebocador executa esta operação com menor custo e mais agilidade”, diz o diretor.
Para Tirloni, da Marcamp, o desempenho do segmento de rebocadores em 2017 esteve dentro dos planos da empresa: ou seja, se manteve inalterado. O diretor da Marcamp também entende que deva continuar com um bom desempenho em 2.018. “O mercado é relativamente pequeno, mas fechamos, em 2017, um grande negócio com um parceiro da cadeia automotiva”, comemora Tamura, da Toyota Empilhadeiras.

Tendências no segmento – Sobre as tendências no segmento de locação de rebocadores, Guimarães, da Rekiman, diz que o mercado de rebocadores para locação é muito pequeno, não há grande procura. Porém, a tendência é de que a procura pelos mesmos irá aumentar, visto que as empresas estão buscando otimizar suas plantas e os mesmos oferecem bastante agilidade para o processo. “Com a substituição de empilhadeiras por rebocadores, esse mercado deverá ter um aumento de procura, principalmente nos segmentos de indústria química e farmacêutica”, completa o diretor da Trax Rental.
O mercado de rebocadores continuará com crescimento gradativo, em muitos casos substituindo empilhadeiras que possuem custo operacional mais alto e não são indicadas para transporte horizontal de carga. “Por outro lado, algumas empresas, especialmente as automotivas, estão substituindo rebocadores por AGVs. Em uma operação de três turnos o AGV substitui três operadores, representando, assim, uma considerável redução de custo”, alega, agora, Makimoto, da Aesa.
Por sua vez, Júlio, da Logiscom, diz que, pelo custo elevado para a realidade atual do país, a procura maior está sendo pelas montadoras e empresas que atuam com defensivos agrícolas.

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