Até a década de 90, a indústria farmacêutica, com boas margens de lucro e altos índices anuais de crescimento, não era impactada pelas questões logísticas. Mas as mudanças e a evolução do mercado, especialmente com a queda de grandes patentes e a regularização dos medicamentos genéricos a partir de 1999, foram motivadores para que ela voltasse seus olhos à necessidade de suas operações cada vez mais interligadas, eficientes e otimizadas. O setor fechou o ano de 2017 com crescimento de 5,73% em unidades vendidas em comparação a 2016, enquanto que os genéricos chegaram a 11,78%, índice que os levou a ocupar 32,46% do mercado (em 2016 essa participação foi de 30,7% em unidades), como aponta a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-Genéricos).
Nesse cenário, e prestes a comemorar o Dia Nacional do Medicamento Genérico, em 20 de maio, a indústria deve muito à logística o sucesso do produto no mercado. As fabricantes ainda possuem gaps operacionais com automação e armazenagem, além de algumas restrições quanto à movimentação e o transporte de medicamentos. Por isso, a terceirização logística surge como uma boa alternativa às companhias do setor. “Sempre apostei no crescimento dos genéricos, que devem conquistar uma fatia ainda maior do mercado, até porque, além da economia, o brasileiro passou a confiar no produto. Nos preparamos para atender a demanda, investindo fortemente em tecnologia, infraestrutura e mão de obra qualificada. Nossa missão é evitar a ruptura no ponto de venda (PDV), terrível para indústria, distribuidor, varejo e consumidor”, explica Clóvis A. Gil, presidente da Ativa Logística (www.ativalog.com.br), um dos principais operadores logísticos dos mercados farmacêutico e de cosméticos do país, com 17 unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina. “Disponibilizar entregas rápidas e fracionadas é um desafio, especialmente em genéricos. É necessário que eles não só cheguem aos pacientes no prazo, mas que sejam entregues em boas condições”, completa.
Desde que foi regulamento no mercado, o genérico, fabricado por oito a cada dez das maiores farmacêuticas do país, como aponta o IQVIA, representa boa parte dos medicamentos transportados pela Ativa. “Não podemos falhar, por isso devemos ter uma logística bem sincronizada. Da separação do picking, transferência para a filial, reprocesso de paletização, separação de produtos e conferência de lotes e prazos de validade, tudo é feito minuciosamente com apoio da tecnologia. O cliente, em qualquer lugar do planeta, acompanha todo o processo online, por meio de relatórios, nota por nota, caso queira. O distribuidor, por sua vez, recebe o negócio pronto”, argumenta Gil. Os medicamentos representam 55% do faturamento da companhia, que faz 150 mil entregas mensais, totalizando 200 mil toneladas. “Fazemos 15 entregas por minuto e 6 volumes a cada segundo com uma equipe de 2.130 funcionários espalhados pelo país”, orgulha-se o executivo.
Bons diferenciais competitivos no mercado – As particularidades do mercado farmacêutico fazem com que as indústrias sejam conservadoras e cuidadosas na terceirização. A Ativa está no seleto grupo dos operadores logísticos que cumpre à risca uma extensa lista de exigências para atuar no setor, que vão de certificados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Gil calcula que 80% das multinacionais do setor já fazem a sua logística com parceiros, enquanto que entre as companhias nacionais esse índice não deve chegar a 20%.
O presidente da Ativa lembra, porém, que de imediato a terceirização proporciona redução nos gastos, maior controle dos custos, melhora a qualidade no serviço prestado e mantém a indústria com foco em suas estratégias corporativas. “São vantagens fundamentais quando falamos que o mercado cresce em competitividade. No segmento de genéricos, com tantos fabricantes, vende mais aquele que chega primeiro ao PDV. Nosso trabalho é cuidar do medicamento e entregá-lo em seu destino no prazo estabelecido, com qualidade e segurança. Temos uma estrutura de logística tão boa como a de transporte, esse já amplamente reconhecido pelo mercado”, enaltece o executivo.
Além da agilidade, ampliada também com a aquisição da Trans Model Air Express em 2016, a Ativa tem como outro diferencial a flexibilidade. “Nos adequamos facilmente às necessidades e demandas do cliente. Conseguimos, em 24 horas, montar uma estrutura para atender uma operação de qualquer tamanho”, afirma Gil. Ele lembra que a Ativa disponibiliza todo um trabalho de consultoria para as companhias que buscam ampliar suas operações em outras regiões do país. “Desenvolvemos projetos, como o estabelecimento de um novo Centro de Distribuição, em qualquer lugar do Brasil, com a mesma eficiência e agilidade que as operações de transporte e logística”, argumenta.
Quarta unidade em Minas no 2º semestre – Para atender a demanda da indústria, no princípio deste ano, Clóvis A. Gil já havia anunciado que a Ativa pretende abrir filiais em Anápolis (GO) e Brasília (DF), que deverão demandar investimentos da ordem de R$ 30 milhões até 2019. Agora, porém, antecipa a abertura da 18ª unidade da companhia em Montes Claros, norte de Minas Gerais, ainda neste segundo semestre. Será a quinta operação em território mineiro, onde ela já está presente em Belo Horizonte, Uberlândia, Pouso Alegre e Juiz de Fora. “Montes Claros está em uma região estratégica, por atrair mais empresas farmacêuticas e ser o canal de entrada para a região Nordeste”, esclarece o executivo.
A Ativa Logística pretende crescer 20% até o final de 2018, para fechar o ano com R$ 292 milhões em faturamento. Em 2017, a empresa totalizou R$ 242 milhões, 15% mais do que no ano anterior, quando registrou R$ 210 milhões. Hoje, a companhia atende 2.510 cidades pelo modal rodoviário e através do modal aéreo e logístico todo território nacional.