Muitas empresas do setor – fabricantes, distribuidores e, principalmente, locadores – já passaram por isto. São várias as ações para se evitar isto, e também são várias as consequências, passando por traumas, aspecto fiscal e até seguros.
“Fomos vítima de um golpe em 2016, quando uma empresa fez contato conosco, solicitando para a cidade de Sorocaba, SP, a locação de um equipamento a combustão, para 90 dias. Como é de praxe, antes de finalizarmos o negócio, enviamos um consultor na operação, e o mesmo constatou uma empresa com seis anos de CNPJ em pleno funcionamento, com funcionários na área administrativa e operacional. Ou seja, dificilmente, mesmo com os cuidados tomados, nós conseguiríamos detectar o andamento do golpe.
Notamos quando, no vencimento da primeira fatura, tentamos fazer contato com a empresa para verificar o motivo do não pagamento e ninguém atendia ao telefone. Ao visitar o local, descobrimos que a empresa mudou-se durante a noite, evadindo-se do local e levando muitos bens. Mais tarde viemos a descobrir que o golpe ultrapassou os R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), pois se estendeu a outros locadores de empilhadeiras e outros equipamentos (terraplenagem, máquinas de café), além de roubo de diesel, em um posto de gasolina.
Soubemos mais tarde que o seguro não cobre esse evento por se caracterizar estelionato. Segundo o agente de seguros, nós demos o equipamento ‘por livre e espontânea vontade’, caracterizando crime de estelionato, não coberto pelo seguro. Na delegacia de Sorocaba, fomos informados que eles não poderiam ir a outras cidades diante de suspeitas de localização dos equipamentos, pois dependeriam da delegacia local ir averiguar, mas não poderíamos contar com isso, como realmente aconteceu.”
Este relato é feito por Jean Robson Baptista, do Departamento Comercial da Empicamp Comércio e Serviços de Empilhadeiras (Fone: 19 3756.2100), referindo-se ao golpe e posterior roubo de empilhadeiras. E há, ainda, o relato de um roubo pura e simplesmente. “Há aproximadamente 15 dias, um equipamento que vendemos para um cliente de Atibaia, SP, não chegou ao seu destino e o fabricante de Santa Catarina verificou pelo rastreador que estava fora da rota. Sumiram um caminhão, três equipamentos, sendo dois frontais elétricos e uma transpaleteira, e um guindaste veicular. Pior foi não termos notícias do motorista, funcionário da fábrica, que ficou em poder dos marginais por mais de 14 horas, sendo libertado posteriormente na região de Guarulhos, SP. Neste caso, o rastreador foi retirado do caminhão e levado, aparentemente em funcionamento, para outra localidade em São Paulo, para desorientar seu acompanhamento.”
Quem também comenta um caso de roubo é Eduardo Makimoto, diretor da Aesa Empilhadeiras (Fone: 11 3488.1466). “Este roubo em especial nos chamou a atenção pela perspicácia e organização da quadrilha. O fato se passou dentro de um de nossos clientes, que possui uma frota superior a 100 equipamentos locados com a Aesa. A quadrilha tinha parceria com uma empresa de reciclagem que também prestava serviço ao nosso cliente. Durante uma coleta rotineira de sucata, utilizando um caminhão caçamba alta, a quadrilha furtou uma empilhadeira de 2500 kg de capacidade e carregou no caminhão. Em seguida, preencheram a caçamba com sucata até cobrir por completo a empilhadeira. O caminhão conseguiu sair pela portaria sem levantar qualquer suspeita. Quanto chegou o momento de realizar manutenção preventiva na empilhadeira, nosso setor de manutenção não encontrou a máquina e iniciou-se então a busca. A polícia da região abriu uma investigação em parceria com nosso cliente e conseguimos recuperar o equipamento furtado trabalhando em uma fábrica de blocos a alguns quilômetros do local do furto.”
Embora a BYD do Brasil (Fone: 19 3514.2550) nunca tenha passado por esta situação de roubo, Henrique Antunes, Sales Director South America – Forklifts da empresa, diz que já passaram e passam por tentativas de golpe. “Empresas de regiões muito distantes que nos procuraram sem acharmos uma ligação ou um por que de chegarem até nós, com um grande ‘apetite’ para comprar ou locar equipamentos sem se preocupar com valores e somente com a agilidade de entrega e prazo para pagamento. Assim evidenciando um alto risco de golpe.”
Cintia Schuvenck, coordenadora de serviços da Byg Transequip (Fone: 11 3583.1312), também lembra que a sua empresa já se deparou com casos de estelionatários e assaltos de veículos portando equipamentos de movimentação de carga. “O roubo de equipamentos ocorre com frequência na região de Guarulhos/SP”, alerta
Quanto ao roubo nas rodovias, Andrigo Cremiatto, diretor da Promov Empilhadeiras (Fone: 16 3322.0800), diz que, hoje, eles acontecem principalmente na Regis Bittencourt e no eixo Campinas-Fernão Dias. “Basicamente alegam que a carga está caindo, fazendo com isso que o motorista pare o caminhão e assim roubem a carga.”
Tipos de golpes e roubos
Mesmo já tendo sido mencionados, Jean, da Empicamp, lista os golpes e roubos mais comuns. “O que conhecemos: o assalto propriamente dito, mais comum em rodovias, mas sabemos de um caso que foi em uma planta de um cliente; o golpe do falso cliente locador, que se passa por locatário e depois desaparece com o equipamento; o golpe do falso cliente comprador (novas e usadas), modo operante similar ao falso locador; golpe da falência, que prende seu equipamento junto com o ativo restante da empresa, para pagar passivos trabalhista, fiscal e comercial; o furto do equipamento, através de invasão da planta quando esta está fora de expediente e sem segurança.”
Mário Campos, diretor da Total Empilhadeiras (Fone: 11 4969.7960), também diz que já detectaram que há dois tipos de golpe que são executados com frequência: o primeiro é mais tradicional. O furto de caminhões com o equipamento durante o transporte. Os criminosos parecem conhecer profundamente os equipamentos e abordam os caminhões em rodovias. O crime contempla o desmonte do caminhão e da empilhadeira para abastecimento de um mercado paralelo de peças de reposição.
“O segundo é mais elaborado – prossegue Campos. Uma quadrilha utiliza uma empresa de fachada e totalmente limpa no mercado. Utilizando da reputação desta empresa, efetuam a aquisição e locação de vários equipamentos, dentre os quais empilhadeiras, caminhões, máquinas operatrizes e outros de grande valor agregado. Dias depois, a empresa some, sem deixar qualquer rastro.”
O diretor da Total Empilhadeiras também lembra que este último é o mais comum e conhecido por “Arara” – é o golpe do qual foram vítimas. A empresa adquire grande quantidade de bens e logo some do mercado. Dificilmente o fornecedor consegue segurar o equipamento, uma vez que o mesmo é vendido ou locado à empresa criminosa. Esta é a responsável pelo seguro.
Trauma
“Penso que, a nível psicológico, dificilmente nos encontraremos preparados para um evento negativo como esse. Além do trauma gerado pela notícia, a dificuldade de ‘cair a ficha’, pois até então eu tinha ouvido falar mas não vivido. Temos que nos preparar para uma maratona psicológica com o jurídico e a ‘péssima’ experiência de lidar com o descaso promovido por órgãos públicos de segurança, que se mostram, em minha experiência, despreparados para lidar com a situação.”
Jean, da Empicamp, também acredita que o quesito prejuízo financeiro não esteja previsto nos custos, quando da formação de preços para locação ou vendas de equipamentos. Não se faz usual inserir um percentual de prejuízos gerados por sinistros de equipamentos, seja a perda dos mesmos por furto, assalto, estelionato ou acidentes. “Sendo assim, acredito que, na grande maioria das vezes, o prejuízo fica na empresa dona do equipamento, que se responsabilizou pelo transporte, razão esta pela qual não é comum que o fabricante e o locador assumam a responsabilidade deste.”
Antonio Carlos Rubino, diretor comercial da Trax Rental do Brasil (Fone: 11 4468.7777), lembra que a sua empresa não dispõe de plano específico para se proteger de roubos de equipamentos. “O que temos usado em nossas operações é todo o transporte por empresas idôneas e com averbação do seguro, e quando o equipamento está no cliente em período de locação, a responsabilidade passa a ser do cliente – esse item já é definido em contrato. Já passamos pela situação de roubo de equipamento de nossa propriedade e no caso o seguro foi acionado”, comenta.
Cintia, da Byg Transequip, diz que, “de acordo com o cenário econômico que estamos presenciando, infelizmente não nos consideramos preparados, visto que os custos após um assalto são grandes. Dentro das nossas condições, tentamos preservar e minimizar os riscos com a conscientização dos nossos funcionários, principalmente em áreas de riscos.”
Makimoto, da Aesa, também diz que nunca estarão 100% preparados contra a criminalidade no Brasil, haja vista que a mente maquiavélica dos bandidos trabalha sempre um passo à frente da mente das autoridades. “Porém, a Aesa busca se preparar de maneira preventiva contra roubos, através da aplicação de tecnologias de monitoramento e segurança, além das ações preventivas nos processos, principalmente no transporte de maquinário. Já passamos por diversas situações de roubo de maneiras distintas. Sempre muito criativas e, em alguns casos, violentas.”
Impacto nos custos
É óbvio que os resultados dos golpes e roubos impactam nos custos das empresas. “Isso torna o prêmio de seguro e, consequentemente, o frete extremamente caros”, aponta Antunes, da BYD do Brasil.
“O custo da proteção de nossos bens tem um custo direto no valor do transporte, uma vez que o seguro é um percentual do valor assegurado”, arremata o diretor comercial da Trax Rental.
Por seu lado, Jean, da Empicamp, diz que, como citado anteriormente, não é fácil prever esse tipo de acontecimento para colocá-lo nos custos. Quando se tratam de equipamentos novos, considerando que não foi feito o seguro do mesmo para o transporte – se o sinistro ocorrer no percurso –, ou então a seguradora coloca um empecilho no pagamento, o prejuízo é direto do locador ou fabricante/distribuidor – se esses assumiram o frete –, que além de perder o bem, é responsável em providenciar outro equipamento para o destino inicial do primeiro.
Jean também lembra que, mesmo um equipamento usado, cujo investimento se pagou por conta de locações que o mesmo gerou, ainda traz o prejuízo do valor de mercado deste. “De forma geral, dificilmente a empresa não terá que tomar a decisão se jogará, ou não, o custo deste risco em futuras negociações, tornando sua operação menos atrativa.”
E o diretor da Aesa completa salientando que o custo para operacionalizar um projeto com segurança é expressivo e possui uma coluna dedicada na planilha de preço da empresa. Trata-se de “dinheiro mal gasto”, uma vez que não gera produtividade.
Como minimizar riscos?
Para isto, são várias as receitas. “Fazendo não só o cadastro do cliente, mais realizando uma pequena investigação e duvidando sempre de negócios muito fáceis”, aconselha Antunes, da BYD do Brasil.
Jean, da Empicamp, também aponta algumas ações que, de forma geral, podem ajudar a minimizar os riscos: não criar rotinas de transportes em regiões distantes da base. Muitas vezes o caminhoneiro fica sempre no mesmo hotel, com o caminhão carregado de equipamentos, o que chama atenção por conta da frequência. Quando se contrata o transporte, essa rotina é quebrada, pois a empresa, além de empilhadeiras, transporta outros produtos; cobrir com lonas pode ajudar a descaracterizar os equipamentos no caminhão; também não negociar equipamentos ou peças “se não temos a certeza de sua procedência, pois podemos estar alimentando um mercado do crime do qual nós mesmos somos vítimas”. Cremiatto, da Promov, aprova esta última sugestão. “O único jeito de acabar com isso é acabando com o comércio de material de empilhadeiras usado.”
Campos, da Total Empilhadeiras, aponta a utilização de rastreadores como uma ação muito importante. E vai além: a verificação do histórico do cliente e a manutenção de apólices de seguro também ajudam.
E Rubino, da Trax Rental, também faz suas recomendações: primeiro, para quem trabalha com locação “spot”, sempre levantar a ficha cadastral do contratante; contratar empresas de transporte idôneas e exigir a averbação do seguro; instalar dispositivos eletrônicos que são monitorados via satélite em cada equipamento para a rastreabilidade do mesmo. Ele também lembra que existem empresas que realizam venda de máquinas usadas, e que é preciso se precaver quanto à idoneidade do comprador e a forma de pagamento é muito importante. “Muitas vezes o equipamento é vendido em parcelas e somente é paga a primeira, e depois o comprador desaparece.”
E Cintia, da Byg Transequip, diz que estão sendo usadas novas tecnologias para identificação dos equipamentos e ferramentas que permitem uma rigorosa análise de créditos.
De fato, Makimoto, da Aesa, lembra que o emprego de tecnologia de monitoramento de ativos é uma forma eficiente, mas não mitiga em 100% os riscos, visto que as quadrilhas também possuem tecnologia para lidar com esse tipo de defesa. “A melhor forma de minimizar os riscos é trabalhar com métodos de precaução em conjunto com ferramentas redundantes. Por exemplo, ao realizar o transporte de máquinas, evitar horários noturnos e estradas com maior índice de roubo, contratar um sistema de monitoramento com redundância para o caminhão, instalar um rastreador oculto na carga e enviar um veículo à paisana como escolta. Apenas uma ferramenta ou método de precaução possui baixa efetividade, mas o conjunto delas é eficiente o suficiente para inibir um roubo ou ainda recuperar a carga roubada”, destaca o diretor.
Falso cliente
E como evitar o golpe do falso cliente? Uma medida é buscar sempre achar uma referência desse eventual cliente em sua carteira atual e, também, realizando visitas in-loco, aconselha Antunes, da BYD do Brasil.
Makimoto, da Aesa, também afirma que a melhor forma é indo pessoalmente até o cliente e verificando a estrutura física da empresa, conversando com vizinhos para saber como é a movimentação, além de fazer uma boa análise de crédito.
“Levantar ficha cadastral do solicitante, pedir referências e ligar para essas referências se certificando da veracidade das informações”, acrescenta Rubino, da Trax Rental. O diretor diz que hoje em dia todo o cuidado se faz necessário, pois até os golpes estão se modernizando. “Implantar um sistema de informação é ideal, como levantamento da ficha cadastral, levantamento junto a órgãos públicos referente à empresa contratante, contratar seguros específicos para transporte são boas medidas.”
Pelo seu lado, Jean, da Empicamp, considera esta uma pergunta difícil de responder. “Nós implantamos procedimentos na empresa que entendíamos ser funcionais – até sermos vítimas do golpe. Pesquisamos o cadastro do cliente, seu tempo de mercado, enviamos consultores para a aplicação, diante de um prédio vaziou ou pouco movimentado, não procedemos a locação, verificamos as instalações do cliente, sua movimentação, tempo no local. Mesmo com todos esses cuidados, ainda fomos vítimas e perdemos um equipamento. Sem contar que temos que tomar cuidado para não julgar bons clientes como possíveis suspeitos.”
Cremiatto, da Promov, tem uma sugestão mais simples para evitar o golpe do falso cliente: Pedindo dinheiro adiantando. E Campos, da Total Empilhadeiras, aponta que normalmente este golpe é efetuado por empresas sem qualquer histórico de inadimplências.
“Após aprender da pior forma, passamos a adotar as seguintes precauções: evitar a entrega antes de feriados prolongados. Este é um momento de risco, uma vez que os criminosos têm mais tempo para desmonte da empresa; fazer consultas ao histórico do SPC. As empresas que iniciam o golpe tendem a fazer um grande número de consultas a fornecedores. Ao consultar o histórico da empresa, também devemos verificar se houve um aumento significativo no número de consultas a seu histórico. Posso destacar como exemplo que a empresa que nos aplicou o golpe tinha uma média de 3 a 4 consultas semanais. Nas semanas que antecederam o golpe, as consultas subiram para 20 por semana; os criminosos tendem a solicitar a entrega do produto em municípios diferentes de sua matriz. Isto dificulta a mobilização da força policial para atendimento à ocorrência.”
Questão do seguro
Muitas vezes, por conta de diferenças dos métodos aplicados por marginais, as fornecedoras de empilhadeiras são pegas de forma desprevenida, não permitindo mesmo um ressarcimento por seguradoras que deveriam dar segurança, mas se utilizam de nuances das diferenças entre golpes (assalto, furto, estelionato) para se eximir da obrigação deste ressarcimento. O ressarcimento é difícil?
“Não imagino o ressarcimento propriamente dito como difícil, já que, uma vez comprovado o ato do furto, uma seguradora séria não se negaria a pagar. O problema é que a falta de experiência do corretor e do cliente pode atrapalhar na hora de fazer a apólice. Por isso temos que nos cuidar para, no momento de fazer o seguro, buscar o máximo possível de coberturas. Perguntando, inclusive, como a seguradora encara o caso caracterizado como estelionato – o falso cliente e o falso comprador. O marginal sabe que o golpe é tratado de forma diferente do assalto pelos órgãos públicos, por isso prefere esse primeiro, pois o risco de retaliação por órgãos públicos de segurança é menor”, opina Jean, da Empicamp.
E Cintia, da Byg Transequip, lembra que nos casos de assaltos, quando foram vítimas, houve o ressarcimento por parte das seguradoras, sem qualquer dificuldade. “O res- sarcimento da seguradora é um processo burocrático e vagaroso, mas a Aesa nunca teve problema para receber o valor integral dos bens”, completa o diretor da empresa.
Questão fiscal
Nestes casos, também há a questão fiscal. No caso de perda da uma máquina, e de ter que enviar uma segunda para o cliente, como fica a parte fiscal?
“Ainda estamos tentando descobrir, pois a que perdemos há 15 dias ainda está sendo resolvido pelo jurídico. A fábrica já tem outro equipamento para substituir, mas ainda está resolvendo como solucionar o caso dos impostos da outra nota emitida, tentando evitar a bitributação”, diz Jean, da Empicamp.
Rubino, da Trax Rental, aponta que esta questão depende muito da modalidade de tributação de cada empresa, se é Lucro Real, Lucro Presumido ou está no Simples Nacional. “Caso a empresa esteja no Lucro Real, será necessário dar baixa na lista de ativos, informando o motivo e poder encerrar a depreciação no caso de o equipamento ainda estar no período de depreciação. Vale ressaltar que uma depreciação fiscal de uma empilhadeira é de 10 anos.”
A coordenadora de serviços da Byg Transequip afirma que, em casos de roubos, é realizada uma baixa pelo recebimento do sinistro e emitida uma nova nota fiscal para entrega de um novo equipamento ao cliente. E Campos, da Total Empilhadeiras, aponta que o departamento fiscal deve dar baixa no ativo furtado.
Transporte próprio ou terceirizado?
Finalizando, mais uma pergunta: Vale a pena ter transporte próprio de frota, ou terceirizar, por conta dos riscos?
“O terceirizado é melhor por conta de custos, mais empresas cadastradas e que comprovadamente tenham apólice de seguro para carga”, diz o representante da BYD do Brasil. Cintia, da Byg Transequip, concorda: a melhor opção é a terceirização, devido as custos para se manter uma frota própria.
Cremiatto, da Promov, também alega que não vale a pena ter transporte próprio, e que usa a transportadora com seguro é melhor, enquanto Campos, da Total Empilhadeiras, afirma que esta opção está mais associada ao volume de equipamentos transportados e à capacidade de alocação de recursos para aquisição ou não de um veículo para transporte de equipamentos. O risco sempre será o mesmo, terceirizando o transporte ou não.
E Rubino, da Trax Rental, diz que muitos locadores estão adotando o transporte próprio, com a compra de caminhões tipo plataforma. Nestes casos cabe fazer o comparativo dos custos com transportes de terceiro e o custo do transporte próprio, com a compra do veículo, seguro do veículo, motorista, IPVA.
“Mesmo com alto índice de roubo e consequente alto valor de seguro, ainda é viável para a Aesa manter o transporte através de frota própria, visto a elevada taxa de movimentação que realizamos diariamente. Além disso, como exposto anteriormente, o conjunto de medidas preventivas reduz significativamente o risco do transporte”, completa o diretor da empresa.
Finalizando, Jean, da Empicamp, diz que se deve tentar avaliar as vantagens e desvantagens, colocando esse risco nas desvantagens. Mesmo que se tenha seguro de tudo, do equipamento, do guindaste veicular – muitas vezes usado nesse tipo de transporte – ou da plataforma e do caminhão, ainda há o risco de colocar um funcionário para fazer este transporte, e que muitas vezes é feito refém por um período até que os assaltantes deem destino aos bens e se sintam seguros em liberá-lo – se não ocorrer o pior. “Trata-se de um período de muita apreensão por parte da empresa, dos familiares e da própria vítima. Às vezes, essa análise, que pode gerar uma economia em transporte, não paga os riscos assumidos pela empresa.”
A QUESTÃO DO SEGURO NA VISÃO DA SEGURADORA
Como citado na matéria com os fornecedores de empilhadeiras, como fica a questão do ressarcimento do fornecedor de empilhadeiras em face das diferenças dos métodos aplicados por marginais?
A resposta a esta pergunta, dada por Andreia Paterniani, diretora de Sinistros da Sompo Seguros (Fone: 0800 771.9719), é que o mercado de Seguros é altamente regulado e fiscalizado pela SUSEP – Superintendência de Seguros Privados e, por lei, as seguradoras cumprem exatamente o que está estipulado na apólice de seguros. Caso uma seguradora não cumpra o que está estritamente escrito na apólice, ela sofre as sanções da lei e pode até deixar de operar no mercado nacional.
“Ainda no quesito informação – continua Andreia –, é importante o segurado compreender o tipo de seguro que atende à sua necessidade porque, dependendo do caso, podem ser contratados seguros de Benfeitorias, Penhor Rural, Riscos Diversos – Equipamentos ou Riscos Nomeados e Operacionais. Cada uma dessas categorias contempla riscos específicos. Por isso é importante contar com a consultoria de um corretor de seguros. Ele é o profissional gabaritado para orientar o segurado quanto ao produto mais adequado as suas necessidades específicas e, inclusive, alertar sobre todos os detalhes do contrato.”
Com relação ao que fazer após constatado o golpe ou o roubo, a diretora da Sompo diz que, em todos os casos, a primeira iniciativa é comunicar o sinistro e seguir as instruções dos representantes da seguradora. Será necessário juntar alguns documentos, entre os quais o Boletim de Ocorrência é indispensável, para compor o processo a ser analisado pela equipe da seguradora. Após a análise de cobertura e, estando toda a documentação de acordo, é efetuada a indenização ao segurado.
Andreia também enumera algumas medidas que podem contribuir para minimizar os riscos de golpes, furtos e roubos.
• Identificação – Fazer contratos e pesquisar o nome e CNPJ do contratante, visitar o contratante e o local em que o equipamento ficará alocado. Somente após todos os levantamentos e pesquisas, proceder com o envio do equipamento;
• Tecnologia – Existe no mercado sistemas de telemetria para gestão de frotas que podem ajudar a inibir a ação de ladrões. Por meio dessa tecnologia, a operação do equipamento só é possível por pessoas previamente autorizadas e cadastradas;
• Estacionamento – No ambiente de uso, devem ser determinados locais sinalizados e demarcados para estacionamento das empilhadeiras. Essas devem ser áreas de acesso restrito somente da supervisão da área e de pessoas previamente autorizadas;
• Controle e guarda das chaves – As chaves das empilhadeiras não podem estar facilmente acessíveis e só devem ser disponibilizadas para pessoas autorizadas. Quando os equipamentos não estiverem operando, as chaves devem ser mantidas em local seguro e de controle restrito, como a sala do supervisor, por exemplo, ou numa sala de segurança, se possível que tenha câmeras registrando a movimentação. Operadores autorizados devem estar de posse das chaves somente durante o período de trabalho.
• Iluminação – Certificar que a área de trânsito e estacionamento do equipamento é devidamente iluminada e sinalizada, para garantir boa visibilidade e supervisão da movimentação local. Esse é um fator imprescindível para inibir a ação de quadrilhas especializadas;
• Portaria – Estabelecer regras de controle rigoroso de entrada e saída do local (Centro de Distribuição, galpão, obra, etc.) onde o equipamento estiver alocado;
• Segurança – Instalação de câmeras, sensores e cercas elétricas é uma boa alternativa para prevenir roubos;
• Especialistas – Contratar (para os proprietários) ou recomendar a contratação (aos locatários) empresas de vigilância patrimonial idôneas, que disponibilizam profissionais treinados e serviços de segurança eletrônica pode ser uma boa opção para reforçar a proteção do local;
• Transporte – Evitar viagens noturnas, programar paradas, planejar rotas, manter comunicação com os motoristas, treinamento e orientação aos motoristas, sistema de rastreamento e monitoramento, seguro de carga.
Finalizando, a diretora aponta algumas modalidades de seguros que envolvem o mercado de empilhadeiras que são oferecidos pela Sompo: Seguro de Equipamentos – para garantir equipamentos móveis ou estacionários não agrícolas, utilizados em canteiros de obras, construção civil, terraplanagem, industriais e escritórios. Esse é o seguro com coberturas específicas para indenizar o segurado caso algo aconteça à empilhadeira. Pode ser contratado pelo proprietário ou locatário do equipamento. Sua cobertura básica cobre danos de causa externa (como colisões, abalroamentos, tombamentos, desmoronamentos, incêndios, explosões, roubos, furtos e diversos outros eventos). Já as coberturas adicionais incluem Danos elétricos; Pagamento de aluguel a terceiros; e Responsabilidade Civil – danos materiais e corporais; Seguro de Transporte – voltado a indenizar o segurado em caso de dano a uma carga (roubo, furto, colisão ou qualquer outro evento durante o transporte), seja em âmbito nacional ou internacional. Exemplo: Caminhão que levava empilhadeira para o Centro de Distribuição do locatário é roubado. Foram levados o caminhão e a carga (empilhadeira). Esse seguro indeniza a carga até o valor contratado em apólice; Responsabilidade Civil – há diferentes modalidades de Seguro de Responsabilidade Civil, que podem ser contempladas no segmento logístico. Entre elas estão as de Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais – Operações, Prestação de Serviços em Locais de Terceiros, Empregador e Movimentação de Cargas.