Diferente do observado no ano passado, 2018 tem sido um bom ano para a obtenção de ganhos econômicos com a comercialização tardia, a partir do uso da armazenagem.
Segundo dados obtidos pela ferramenta desenvolvida pelo Grupo ESALQ-LOG (Fone: 19 3429.4441), o SIARMA – Sistema de Informações de Armazenagem, o ano de 2018 promete gerar benefícios aos produtores que optaram por armazenar sua produção. As informações, baseadas em uma análise histórica, indicam os períodos favoráveis para a armazenagem de grãos. Ainda que em 2017 essa escolha não tenha sido positiva economicamente devido à quebra da safra de soja, as projeções para este ano são de aumento de receitas com a venda do grão após a época comum de comercialização.
De acordo com o analista de projetos do Grupo ESALQ-LOG, Fernando Rocha, especificamente neste ano, confirmando as projeções do ESALQ-LOG apresentadas no final de 2017, a armazenagem está trazendo benefícios econômicos no mercado brasileiro. “Analisando a situação de um produtor que colheu parte da sua safra ao longo do mês de fevereiro, os indicadores do SIARMA evidenciam que a decisão de armazenar a sua produção após a colheita para comercializá-la ao longo do mês de abril traria um ganho econômico da ordem de R$ 9,60 por saca. Ou seja, nota-se uma receita adicional de 17,5% em comparação com opção de venda logo após a colheita, ainda em fevereiro”, explica Rocha.
O analista indica também outros ganhos econômicos que foram observados, uma vez que o produtor que optou por colher em janeiro e comercializar em abril teve aumento na ordem de 16%, valores maiores em comparação ao observado nas vendas em março, com 8,4% de aumento. “Tal cenário é bem diferente do observado no ano passado, quando o produtor que colheu a soja em fevereiro e optou pelo armazenamento não teve aumento de receita com a comercialização tardia no ano todo”, completa o profissional
Rocha explica ainda que a mudança prevista para este ano pode ser causada por três fatores: o comportamento do preço da soja, o preço do câmbio e o mercado de fretes. “No caso do primeiro fator, o preço da soja no mercado internacional foi caracterizado por uma escalada de preços nesse primeiro quadrimestre do ano. De janeiro até abril só foram observados reajustes positivos nos preços da commoditie, atingindo o patamar de R$ 85 por saca em abril, valor baseado nos preços do porto de Paranaguá. O cenário é bem diferente do observado no ano passado, quando os valores de comercialização caíram consideravelmente.”
Já o preço no mercado brasileiro tem relação importante com o câmbio, devido à contínua desvalorização do real frente à moeda americana, o que não foi observado no ano passado. Essa desvalorização da moeda brasileira, principalmente em abril, contribuiu de forma decisiva para o uso da armazenagem neste ano.
Por fim, como terceiro fator, o mercado de fretes também tem impacto direto nesse uso estratégico da armazenagem. Dados do SIFRECA mostram que neste ano o pico do frete observado no mercado ocorreu no mês de fevereiro, entrando nos meses de março e abril com reajustes negativos – é bom observar que esta análise foi feita antes da greve dos caminhoneiros e dos acertos em torno do frete. A comparação com 2017 mostra que naquele período os fretes tiveram reajustes positivos até no mês de março, o que prejudicou ainda mais o uso da armazenagem naquele ano. “Pertinente às projeções futuras, tudo indica que o preço e o câmbio ficarão pressionados por mais alguns meses. Além disso, a expectativa é que o mercado de transporte não atinja mais os mesmos patamares de fretes do mês de fevereiro. Ou seja, temos um cenário favorável à utilização da armazenagem pelo menos por mais alguns meses”, finaliza Rocha.