Tabelamento começa a inviabilizar frete de menor valor, dizem setores

​Empresas que lidam com cargas de menor valor agregado são as que mais têm sentido as consequências do tabelamento do frete pela ANTT (agência de transportes terrestres), segundo entidades setoriais.

Em segmentos como o de reciclagem, o custo de transporte representa um terço das despesas, afirma Milton Rego, presidente-executivo da Abal (do setor de alumínio).

“A maioria das empresas está segurando esse aumento, mas para muitos pequenos e médios, que não têm margem para negociar, não compensa fazer o transporte”, diz ele.

Essa situação tem acontecido com setores que utilizam frete de retorno (quando caminhões transportam os bens na volta de uma entrega), que costumava ser mais barato, diz Pablo Cesario, da CNI (confederação da indústria).

É este o caso no setor de material de construção, diz José Carlos Martins, da Cbic (câmara da construção). “Asfalto, por exemplo, se tornou inviável em muitos pontos do país.”

As fabricantes de pneus, que têm uma obrigação legal de recolher os produtos descartados, preveem um aumento de 23% nos gastos com reciclagem por causa do frete mais caro, segundo a Anip (associação do setor).

O recolhimento dos pneus não chegou a ser totalmente interrompido, mas sofreu reduções em várias regiões, afirma Klaus Curt Müller, presidente da entidade.

“Calculamos um impacto de R$ 23 milhões só nesse processo, sendo que é um custo totalmente pago pelas empresas.”

Fonte: Folha de S. Paulo