Ecovix pretende atrair investidores estrangeiros para Estaleiro Rio Grande

Em seu longo trajeto de recuperação judicial, a Ecovix espera atrair a atenção de investidores estrangeiros para o Estaleiro Rio Grande, no polo naval da região sul do Estado. Na última semana, o plano de reestruturação da companhia foi aprovado em assembleia geral de credores. Agora, a empresa aguarda pela homologação do documento na 2ª Vara Cível de Rio Grande.

Um dos responsáveis pela elaboração da proposta, o advogado Alexandre Faro, do escritório Freire, Assis, Sakamoto e Violante, estima que a análise da Justiça levará, no máximo, um mês. Caso o plano avance, a dona do estaleiro buscará a criação de uma unidade produtiva isolada (UPI). Ou seja, a empresa teria de superar incertezas e encontrar interessados na compra do estaleiro, cujos ativos são avaliados em US$ 1 bilhão (em torno de R$ 3,8 bilhões).

– No curto prazo, olhamos mais para investidores estrangeiros. Aos poucos, com o avanço da retomada na economia do país, é natural que também apareçam opções nacionais. Antes da assembleia, com a insegurança existente, todos se perguntavam por que entrariam no projeto do estaleiro. Por isso, a aprovação do plano foi importante – declara Faro.

Se a homologação for confirmada na Justiça, a Ecovix tentará diversificar atividades em Rio Grande. A companhia afirma que a UPI poderia receber operações como movimentação de cargas, processamento de aço para a indústria metalmecânica e reparos em plataformas petrolíferas e embarcações.

– O plano aponta que a empresa terá dois anos para reestruturar o estaleiro, fazendo a limpeza do local. A ideia é deixar os ativos mais valiosos para, então, vendê-los – explica Faro.

Para confirmar o projeto, a Ecovix também terá de superar um ponto burocrático. Conforme a Superintendência do Porto de Rio Grande, a empresa precisará de autorização do Estado e da União para diversificar as operações, já que a área cedida ao estaleiro é destinada à construção naval.

– Existe demanda para movimentação de cargas na região sul do Estado. Há espaço, por exemplo, para transporte de cargas de origem florestal. A questão é como regularizar as atividades na área do estaleiro – sublinha o diretor-técnico da Superintendência do Porto de Rio Grande, Darci Tartari.

Outra operação ventilada pela Ecovix para a UPI é a finalização da plataforma P-71. A encomenda teve o contrato encerrado pela Petrobras, que optou pela produção na China. Segundo a dona do Estaleiro Rio Grande, 30% da estrutura está montada dentro do dique seco, apresentado pela empresa como o maior do hemisfério sul.

Para o vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Danilo Giroldo, além do término da P-71, o reparo de outras plataformas pode despertar maior atenção de investidores.

– A empresa precisará de autorização para o terminal portuário e terá de prospectar clientes para o processamento de aço. Em relação aos reparos de plataformas, o estaleiro está mais posicionado. Há o diferencial do dique seco. No país, existe demanda por manutenção de plataformas – analisa Giroldo, também presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) Polo Naval e Energia.

Plano reduz dívida pela metade

O plano de recuperação judicial da Ecovix lista as condições de renegociação da dívida da companhia, estimada em R$ 7 bilhões. Na assembleia de terça-feira, os credores aceitaram reduzir o débito para cerca de R$ 3,7 bilhões, quase a metade do valor original, conta o advogado Alexandre Faro. Isso significa que a cifra a ser desembolsada pela companhia está próxima da quantia de avaliação do estaleiro, de US$ 1 bilhão (em torno de R$ 3,8 bilhões).

– Os credores não saem prejudicados. A recuperação judicial não é um processo de ganhos. É um pêndulo que balanceia a posição da empresa e dos credores – pontua Faro.

Fonte: Zero Hora