O Brasil possui uma população economicamente ativa estimada em 120 milhões de pessoas. São elas que estão movimentando a economia, contribuindo e gerando renda para o país; parte está empreendendo e investindo no próprio negócio. É o que aponta um recente levantamento realizado pelo Empresômetro, empresa especialista em inteligência de mercado e que detém a base de dados mais atualizada sobre as empresas do Brasil.
De acordo com os dados, cinco mil empresas são abertas diariamente no país, 50% estão no setor de serviços. O comércio é responsável por 35% dessa fatia. Três de cada dez empresas estão no estado de São Paulo.
Segundo o Coordenador de estudos do Empresômetro, Gilberto Luiz do Amaral, os números trazem um panorama empresarial do Brasil. “Essa constatação revela que 65% das empresas do país são familiares, de negócios que se estendem por gerações, no final do século passado eram 80%. Outra revelação importante é que 20% da população já têm ou estão abrindo uma nova empresa”, afirma.
Esses dados correspondem às mais de 24 milhões de empresas ativas, que fazem parte do rol de empreendedor individual, pequena e média empresa até as grandes S/A. “Se levarmos em conta que cada empresa, exceto o MEI, precisa de dois ou mais sócios para ser constituída, chegamos a esse número impressionante”, explica Amaral.
O outro lado da moeda
Se por um lado o terreno de abertura de empresas é fértil, por outro a realidade do mundo dos negócios não é tão bonita: cerca de duas mil encerram suas atividades diariamente. De acordo com Amaral, o fechamento de empresas se dá por diversos fatores, entre eles, a falta de planejamento e de capital. “Na maioria das vezes, as novas empresas nascem da necessidade individual. É bastante comum o empreendedor investir no próprio negócio depois de pegar uma indenização por conta de um desligamento do mercado formal de trabalho. Ele aplica o dinheiro, mas não é de um dia para o outro que a empresa começa a dar retorno, geralmente, depois do primeiro ano é que se começa a ver resultado do investimento, e sem capital, é praticamente impossível manter um negócio”, afirma.
Entre os estabelecimentos que mais fecham as portas estão as lojas de shoppings centers. “É bastante comum o fechamento dessas lojas, pois dependem de diversos fatores, como a concorrência mais próxima, aluguel e adaptação ao cenário econômico. É um investimento que requer estudo de mercado, estudo sobre o setor em que se quer investir; muitas vezes o empresário só aprende na prática, e infelizmente, a prática é mais cruel que a teoria”, destaca o estudioso.
A burocracia é outro entrave no crescimento das empresas e que contribui muito para o encerramento das atividades. “A burocracia no país faz com que se demore muito para abrir um negócio. O empresário aluga um espaço, que geralmente necessita de adaptações, e que só vai funcionar meses depois. Arrisco dizer que a burocracia implica mais que os custos tributários”, afirma.
Outro vilão dos empreendimentos é a internet. Embora as vendas pela rede ainda representem pouco, cerca de 15%, muitas lojas migraram para o ambiente virtual por conta do “enxugamento” de gastos, uma vez que não é necessária a contratação de mão de obra específica e de um espaço físico, o que faz com que, no final das contas, a economia seja grande. “Ao migrarem para ambientes virtuais, as lojas levaram grande parte de seus consumidores também. É um processo frequente, que diminui custos e ainda assim faz a economia girar”, conclui.