Nascida em Pará de Minas, cidade localizada a 90 quilômetros da capital Belo Horizonte, Isabela Aguiar prova que ser mulher e ser jovem não são impeditivos para quem quer atuar em logística portuária – espaço, predominantemente, ocupado por homens. Formada em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal de Minas Gerais, Isabela tem 24 anos e comanda uma equipe formada por 64 homens e seis mulheres.
Isabela ingressou na TCP – empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, como trainee, em 2017. Recém completado um ano de casa, a engenheira acaba de assumir a coordenação do Depot Express, armazém operado pela TCP Log, subsidiária logística da empresa.
“Existe uma certa surpresa combinada com dúvidas pelo fato de ser mulher, ser jovem e, em tão pouco tempo de empresa, assumir um cargo tão expressivo. Mas eu sempre converso com o meu time e mostro pra eles que não estou aqui à toa. Estou aqui porque tive trabalhos muito bem executados, bons relacionamentos e resultados em tudo o que fiz”, ressalta.
No dia a dia, Isabela é responsável pela gestão de processos e pela equipe da TCP, que tem capacidade operacional para 3,5 mil contêineres refrigerados e atende importadores e exportadores 24 horas por dia, de segunda a sábado, em Paranaguá, no litoral paranaense. “Trabalho a parte de gestão, desenvolvendo conversas, orientação dos times, envolvendo as pessoas para acreditar na capacidade que a gente tem como setor e como TCP como um todo”, conta.
Profissão
Para ela, a escolha da profissão foi fundamental para sua atuação assertiva. “A Engenharia ensina muito a como gerir processos e otimizar qualquer parâmetro que você tenha dentro da atividade como um todo. Traz muita visão de tornar aquilo que se está fazendo ótimo e é isso que a gente precisa dentro da cadeia logística para alcançar o objetivo final que é lucratividade, qualidade e produtividade”.
Sobre o papel da mulher na logística, ela diz que chegou a se questionar o porquê de tão poucas mulheres atuarem na área. “Venho de dois anos trabalhando em uma siderúrgica, que é um ambiente onde há preconceito em relação a mulher. Mas a experiência me mostrou que, apesar disso, é um ambiente que também pode ser ocupado por mulheres e, para isso, é preciso impor o seu trabalho, ter atitude profissional e provar para as pessoas a sua capacidade merecimento para estar ali”, diz.
Para ela, foram essas atitudes que influenciaram uma mudança de cultura dentro da empresa: se antes o comportamento de alguns colegas incluía cantadas e até algumas piadas, hoje a realidade é outra. “Assim que entrei no Terminal, passei por um processo de melhoria da qualidade dos armazéns, atuando diretamente com o time de base e terceirizados, que tinham um comportamento mais machista. Nesse período tive dificuldades, mas sempre mantive minha postura profissional e em pouco tempo isso não acontecia mais. Hoje, eles próprios chamam a atenção de outros homens quando existe alguma atitude incorreta”, comemora.
Mudança
Isabela ressalta que, apesar de o setor de logística ser dominado pelos homens, é possível observar uma mudança. “Ainda existe uma cultura de que o homem não pode ser liderado por uma mulher, mas tenho percebido uma mudança. E isso acontece quando as mulheres começam a mostrar a importância do trabalho em equipe, da busca de objetivos em comum e do resultado que se obtém como trabalho”.
Ainda que sinta saudade da terra natal, ela sonha com lugares ainda mais altos no Paraná. “Quero cumprir o que se espera de mim, continuar provando a minha capacidade profissional e crescer dentro da empresa, independente de quantos homens eu lidere, ou do fato de ser mulher, ou qualquer outro fator que segregue as pessoas”, finaliza.