CIST promoveu workshop sobre gestão dos riscos e seguro do transporte de carga

Aconteceu no dia 25 de abril último um dos encontros mensais realizados pelo CIST – Clube Internacional de Seguros de Transportes (Fone: 11 95947.8690) com o objetivo de desenvolver a cultura de gestão de riscos e seguros no Brasil, bem como capacitar profissionais dos setores envolvidos.

O workshop “Metodologias aplicáveis à gestão dos riscos e seguro do transporte de carga” ocorreu em São Paulo e foi dividido em dois painéis. O primeiro abordou o SASSMAQ – Sistema de Avaliação de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade da ABIQUIM – Associação Brasileira das Indústrias Químicas como metodologia para prevenção de acidentes, apresentado por Yáskara Barrilli, assessora técnica sênior na ABIQUIM.

Ela começou ressaltando que a indústria química brasileira é a sexta maior do mundo, gerando 2 milhões de empregos. Em 2018, obteve um faturamento líquido estimado de US$ 127,9 bilhões. No entanto, Yáskara disse que o Brasil tem perdido competitividade para a China, que é a primeira colocada. Isso acontece devido aos nossos problemas de infraestrutura, que encarecem a logística, fazendo com que os produtos chineses sejam mais baratos que os brasileiros.

E é nesse ponto, entre outros, que se encaixa a missão da Abiquim: promover o aumento da competitividade e o desenvolvimento sustentável do setor. A entidade sem fins lucrativos congrega indústrias químicas de grande, médio e pequeno portes, bem como prestadores de serviços ao setor nas áreas de logística, transporte, gerenciamento de resíduos e atendimento a emergências.

Para atender as demandas do segmento, a Abiquim possui comissões setoriais e temáticas, como de logística, gerenciamento de produto, suprimentos, tecnologia e comércio exterior.

Entre suas iniciativas está o Programa Atuação Responsável, marca registrada da Associação, cujo objetivo é demonstrar o comprometimento voluntário na melhoria contínua do desempenho em saúde, segurança e meio ambiente. A adesão ao programa é condição de filiação à entidade para as associadas efetivas e colaboradoras.

O programa estabelece requisitos que são classificados como indispensáveis e complementares. Entre os indispensáveis está a implantação de um sistema de gerenciamento de risco, ou seja, a formulação e a implantação de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm por finalidade prevenir, controlar ou reduzir os riscos existentes em uma instalação industrial para manter sua operação dentro de parâmetros de segurança aceitáveis.

“A ABIQUIM está desenvolvendo uma ferramenta de análise de risco para oferecer gratuitamente aos associados. A previsão é que ela esteja disponível a partir do segundo semestre deste ano”, revelou Yáskara.

Outro programa da Associação é o SASSMAQ, sistema ligado a meio de transporte ou operação logística específica com requisitos apropriados para garantir a segurança das operações e atendimento à vasta legislação relacionada a produtos químicos e as necessidades específicas da indústria química.

O SASSMAQ envolve um conjunto de boas práticas que oferece um mecanismo para a avaliação do processo de melhoria contínua, fornecendo respostas diretas sobre os pontos fortes e fracos observados durante a inspeção. Dentre os pontos avaliados são levados em consideração os Elementos Centrais, como aspectos administrativos, financeiros e sociais da empresa, além de considerar os Elementos Específicos, como serviços oferecidos e estrutura operacional.

São avaliados cerca de 580 tópicos, e o processo precisa ser refeito a cada dois anos. Para a recertificação deve-se apresentar melhoria contínua. Segundo Yáskara, o SASSMAQ demonstra que a empresa tem atuação responsável e, por isso, poderia ser favorecida na contratação de seguros, em comparação a outras que não possuem suas atividades auditadas.

 

Lean

O segundo painel tratou da logística lean aplicada em operações rodoviárias e marítimas, apresentado por Cauim Lopes, gerente de operações da Ageo, empresa que atua com armazenamento de granéis líquidos no Porto de Santos, SP.

Foram os grandes desafios enfrentados que levaram a Ageo a investir, em 2016, na metodologia lean. “A relação entre demanda e capacidade dos ativos estava totalmente desconectada, incluindo headcount (número de funcionários). Além disso, crescemos de forma muito rápida e não fazíamos planejamento, nem estipulávamos metas. Os processos eram manuais, o que gerava muita improdutividade. A gestão era pouco conectada com a linha de produção. Havia gargalos em performance e segurança”, explicou.

Uma das áreas mais críticas era o atendimento. O estacionamento para caminhões ficava a 600 metros de distância da área de cadastro, trajeto que o motorista deveria percorrer a pé e voltar, sem falar das longas filas. Outro problema era a dificuldade de identificação dos guichês no processo de pesagem, bem como a pouca sinalização na entrada e saída das balanças, gerando inversão de informações.

Em vista dessa realidade, os objetivos com a implantação da metodologia eram aumentar a produtividade garantindo a segurança das pessoas, das instalações e dos processos; simplificar os procedimentos e aumentar a satisfação dos clientes.

A partir do estudo dos fluxos de trabalho, a empresa adotou mudanças: passou a realizar reuniões mais produtivas e investiu, por exemplo, em instrumentação para controle operacional, que eliminou derrames e inversão nos carregamentos. Também implantou um sistema de bombas para evitar acidentes oriundos do funcionamento da bomba a seco, já que um alerta é enviado para comunicar a necessidade de desligamento.

Alguns resultados foram: redução na distância entre estacionamento e ponto de cadastro, passando de 1,2 km para 200 m; ampliação do ponto de atendimento com seis guichês; redução do tempo médio de atendimento de 1 hora para 25 minutos; e melhor administração do cadastro, considerando as demandas diárias. Além disso, a consulta eletrônica de agendamento passou de cinco minutos (mais falta de atualização) no processo manual, para 30 segundos (mais atualização on-line) com validação digital por tablet.

Com a maior agilidade no atendimento, a Ageo aumentou a performance no processamento de cargas rodoviárias na importação em 17%, comparando 2018 com 2017, com redução de 32% no tempo médio por operação. Na exportação, a performance reduziu 21% (por condições de mercado, não da empresa), mas o tempo médio por operação caiu 33%.

Em relação ao headcount, o número de funcionários caiu 22% comparando outubro de 2016 e outubro de 2017. No acumulado de janeiro a outubro de 2016, em relação a igual intervalo de 2017, o valor pago em horas extras foi reduzido em 79%.

Outra mudança aconteceu em relação aos incidentes. Antes, o fato só seria tratado no final do mês, acumulando os problemas e os riscos. Com a mudança, o gargalo passou a ser resolvido no mesmo dia.

“Após três anos de implantação do lean, estamos investindo fortemente em Kaizen, para melhoria contínua, focando exclusivamente na área operacional. Temos vários projetos em andamento voltados para segurança e produção”, finalizou Lopes.

O evento contou com o apoio de Buonny, Guep, Grupo Fox, Grupo Golden Sat e Munich Re. Os próximos workshops acontecem nos dias 25/06 (em Fortaleza), 25/07, 22/08, 26/09 e 17/10, em São Paulo, sempre das 8h30 às 12h00. O CIST é uma entidade que reúne os diversos profissionais da cadeia logística de seguro de transportes: seguradoras, corretoras, resseguradoras e reguladoras de sinistros. Mais informações no site www.cist.org.br.