A tecnologia evolui constantemente para permitir a recuperação de cargas roubadas e furtadas

De acordo com dados cruzados pelas polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal, a ação de quadrilhas especializadas em roubos de cargas resultou em mais de 22 mil ataques a motoristas em todo o país, em 2018. Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC apontou que o prejuízo para o setor produtivo, com essas perdas, chegou a R$ 2 bilhões.

“Os métodos sempre evoluem, em qualquer área. No roubo de cargas, procuramos nos antever sempre por meio de pesados investimentos em tecnologia. Embora os ladrões também usem tecnologia para roubos e furtos, o que preocupa é o fato de pessoas se infiltrarem nas empresas de transportes e embarcadores e, dessa forma, se envolverem nos roubos de cargas. Entretanto, é aí que entra toda a inteligência do trabalho de Gerenciamento de Riscos – GR, que envolve investigações, monitoramento e muito conhecimento sobre essas práticas e desmantelamento de quadrilhas dentro das empresas”, explica Cyro Buonavoglia, presidente do Grupo Buonny, que atua na área de Gerenciamento de Riscos em transporte e logística.

 

Desafios

De fato, embora os números sejam alarmantes, diversas empresas trazem soluções eficientes para reduzir os índices e contribuir com os trabalhos já realizados pelas polícias Civil, Militar e Rodoviária, como a própria Buonny.

E, se antes havia resistência, por parte das transportadoras e dos embarcadores, em adotar as tecnologias preventivas, hoje isto mudou, segundo Buonavoglia. “No passado, as transportadoras viam o GR como um custo adicional para o transporte, porém, nos últimos anos, a cultura de gestão de riscos está muito presente nessas empresas, que percebem os benefícios, o valor agregado e a importância das informações logísticas para suas operações.”

O presidente do Grupo Buonny também enfatiza que, hoje, não existem grandes problemas em implementar a tecnologia em transportadoras e embarcadoras – o serviço é aceito e visto como fundamental por esse mercado.

“Inclusive, atualmente, o próprio cliente colabora para que novas tecnologias sejam implantadas e as operações fiquem cada vez mais seguras, ao mesmo tempo em que eles podem usufruir dos softwares de logística, que estão evoluindo constantemente e contribuindo muito para a segurança e eficiência das operações logísticas.”

 

Tecnologias mais utilizadas

Afinal, quais as tecnologias mais utilizadas na prevenção de roubos de carga, tanto em termos de rastreamento quanto de monitoramento? Qual a função de cada uma?

Buonavoglia responde pelo que é oferecido por sua empresa, ressaltando que, dentro do gerenciamento de riscos, aliam inteligência de equipe e serviços estratégicos, como: monitoramento dedicado, com bases e equipes com profissionais direcionados exclusivamente ao monitoramento das viagens das operações dos clientes; pronta resposta, usada para atendimentos emergenciais, localização, recuperação e preservação da integridade dos motoristas, carga e veículo; acompanhamento logístico, com operadores responsáveis pela gestão das viagens, controle das entregas e tempo de retenção dos veículos. “Inclusive, há à disposição softwares logísticos completos, que permitem ao cliente acompanhar, em tempo real e online, a viagem dos veículos, o controle das entregas e tempo da retenção dos veículos, entre outros pontos”; e gestor de riscos, responsável pela elaboração do plano de gerenciamento de riscos, padronização dos processos e acompanhamento de performance. “Nessa etapa, a tecnologia é fundamental, como o uso de softwares próprios, porém, a inteligência e capacitação do colaborador envolvido também são importantes.”

 

Futuro

Buonavoglia destaca, também, que, hoje, cada vez mais a segurança está evoluindo e a tecnologia anda no mesmo sentido.

Já existem várias ferramentas modernas que tornam o Gerenciamento de Riscos ainda mais eficiente, como o uso do Big Data, que é um banco de dados extremamente potente, que permite mapeamento estratégico de áreas de risco, confecção de rotogramas, normatização das regras de GR, capacitação e gestão de pessoas, entre outros pontos.

O sistema de GR utiliza também, em casos específicos, helicópteros para o acompanhamento da carga. Mas, em pequenos trajetos, os drones estão sendo utilizados, pois são uma forma barata e eficiente para o acompanhamento da carga.

“Recentemente, lançamos a plataforma Web Guardian, criada internamente com o uso de Inteligência Artificial. Essa ferramenta é rápida e focada em toda necessidade de monitoramento dos clientes. Ela identifica e prioriza eventos críticos, o que auxilia o operador na comunicação e acionamento dos órgãos de segurança pública e das equipes de pronta resposta em situações de emergência para o resgate, em caso de acidentes, desvios ou roubos de cargas”, diz o presidente do Grupo Buonny.

A empresa tem, ainda, o aumento do controle da frota e gestão das entregas por meio de app de Monitoramento de carga via mobile, para veículos que não possuem equipamento de rastreamento instalado. Isso já vem acontecendo e se tornará ainda mais usual futuramente.

Por outro lado, Buonavoglia destaca que, embora a tecnologia seja primordial, em alguns casos, a escolta é necessária. Depende muito da região, do tipo de carga, facilidade com que ela pode ser comercializada, entre outras variáveis. “Cada caso requer um formato de trabalho dentro do plano de GR.”

O presidente da Buonny conclui destacando que estão sempre à frente na recuperação de cargas roubadas, porém, precisam estar em constante evolução para conseguirem altos índices positivos. “A tecnologia sozinha não mudará o cenário. É fundamental endurecer a legislação penal relativa ao roubo e receptação de cargas com a finalidade de retirar de cena as quadrilhas especializadas no roubo e, principalmente, os receptadores. Estes representam o importante elo nesta cadeia criminosa.”