Responsável por criar, fomentar e coordenar o trabalho de criação do palete PBR e ter criado, também, o CPP – Comitê Permanente de Paletização, ainda nos anos 1990, José Geraldo Vantine agora lança um novo palete: o PNG, ou Palete Nova Geração.
Mas, por que um novo palete multiuso e intercambiável, se já temos o PBR? – que, aliás, ganhou uma nova versão, como o leitor verá também nesta edição de Logweb.
“O PNG foi criado para oferecer ao mercado um novo projeto estrutural mais ecológico – utiliza 45% menos madeira e 35% menos prego – e, pelo formato geométrico, a velocidade de produção é 20% maior. Por isso o batizamos de NG-Nova Geração. Com todas estas características, o custo de produção pode ser até 27% menor.”
Ainda segundo Vantine, “essas variáveis são em comparação às do PBR original, cujo projeto de minha autoria foi implantado em 1990, mas com o passar do tempo foi deixado de lado e substituído por inúmeros tipos de ‘PBR falsos’ – usando a marca que criei e doei para a ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados. Dessa forma, foi criado um mercado totalmente paralelo formado por paletes fora das especificações que coloca em risco, principalmente, consumidores nas grandes lojas de atacarejos. O PNG pretende ser a solução de custo competitivo, produzido com qualidade aferida pela BPAL, através de rígido controle junto a fabricantes licenciados.”
Vantine explica que a BPAL é a empresa criada para cuidar da governança da marca PNG, gerenciar os licenciamentos e apoiar os fabricantes, zelar pela segurança do mercado legal, manter o projeto sempre em evolução e impedir a introdução de mercado paralelo – “entende-se como mercado paralelo: comercialização de PNG por licenciado, mas fora das especificações; comercialização de PNG falso, ou seja, por fabricante não licenciado; e PNG usado sem comprovante de origem”.
Características
O PNG é um palete de quatro entradas, face dupla não reversivel e formato estrutural composto por tabuas perpendiculares fixadas em blocos. Essa estrutura segue o formato europeu já consagrado no mundo todo. É flexível, de uso irrestrito para todos os equipamentos de movimentação e armazenagem.
“Seu formato geométrico com as medidas de 1.200×1.000×129 mm oferece perfeito aproveitamento em carrocerias de caminhão – inclusive o VUC – e as melhores condições para a criação de embalagens modulares e formação de UPC – Unidade Padrão de Cargas adaptáveis à arquitetura dos modernos prédios de CD. Foi concebido por mim, os desenhos por equipe da Vantine Consutoria e com apoio de alguns fabricantes e fornecedores de madeira. Com esse grupo foi possível criar o projeto final com os componentes de madeira de corte mais adequado no mercado, contribuindo para um projeto ‘que pensou em tudo’”.
Ainda segundo Vantine, é impensável movimentar, armazenar e transportar materiais, principalmente os de consumo, que não sejam paletizados. Portanto, o PNG é um palete de uso geral e irrestrito para qualquer categoria de empresa industrial, de serviço (transportador e Operador Logístico) e de varejo em geral – não só supermercados. E sua aplicação se encontra tanto em almoxarifados de peças, componentes, matérias primas, como, e principalmente, em produtos acabados.
Desfazendo equívocos
Indagado se não vai haver um “atrito” no uso do PNG e do PBR, Vantine diz que não, em absoluto. “São propostas diferentes, apesar de ser o mesmo mercado de operações logísticas. O PBR é uma marca que pertence a uma Associação, e como, além de criar o sistema, fui presidente do CPP, sei que enfrenta uma séria dificuldade em fazer cumprir o contrato que possui com os fabricantes – os maiores compradores desse produto se concentram na cadeia de abastecimento de fornecedores e supermercados, o que cria uma situação aparentemente conflituosa. Do ponto de vista de compatibilidade, o principio é o mesmo do ‘botijão de gás’: são intercambiáveis e entendemos que o mercado vai fazer a seleção natural – como exemplo, nos Estados Unidos convivem vários modelos de paletes, sendo dois mais utilizados e padronizados pela ‘National Wooden Pallet & Container Association’ – de longarina/stringer pallet e de blocos/bocks pallet –, todos compatíveis e usados em várias redes de supermercados.”
Sobre se este palete foi aceito pela ABRAS para uso nos supermercados, Vantine diz que há um grande equivoco sobre a exclusividade de propriedade e uso de palete padrão intercambiável nos supermercados. “Com a ajuda de muitos colegas, em 1990 lancei o PBR na ABRAS, pois naquele momento era a cadeia de abastecimento mais robusta e onde encontrei ambiente fértil, tanto de diretores da entidade como dos primeiros gestores de logística no Brasil – Pão de Açúcar, Nestlè, Unilever e Bombril, entre outros. Mas esse produto poderia, como de fato ocorreu, ser utilizado de forma geral por qualquer indústria. Portanto, o PNG é um palete de uso geral, e não tem nenhuma relação direta ou indireta com a Abras ou qualquer outra entidade.”
O executivo também revela que os fabricantes destes paletes são licenciados através de contrato, o que é diferente de credenciamento. A legislação sobre licenciamento de marcas é muito clara, objetiva e dá segurança tanto para o licenciador – nesse caso a BPAL – como ao licenciado. Trata-se de um documento que rege as responsabilidades e, especialmente, estabele critérios para Controle de Qualidade, impede o surgimento de mercado paralelo de produtos fora das especificações e oferece suporte legal para gerir a marca, protegendo os licenciados de falsificadores e mantendo o mercado competitivo, porem, legal.
“Para manter o equilíbrio entre oferta e demanda, vamos licenciar fabricantes de forma gradual. A fiscalização e o Controle de Qualidade serão de responsabilidade da BPAL, com técnicos próprios ou através de convênios com empresas certificadoras e até mesmo com entidades de ensino, como, por exemplo, a Fatec”, finaliza Vantine.