Em linha com as projeções de crescimento da economia, o governo estima alta de 3% a 4% na movimentação de cargas nos portos públicos em 2020. O resultado do ano passado frustrou as expectativas da equipe do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Levantamento obtido pelo Estadão/Broadcast aponta que a movimentação geral de cargas nos terminais aumentou apenas 1,1% ante 2018, com recuo em 21 dos 40 portos considerados – 39 terminais federais e o do Pecém, administrado pelo governo do Ceará.
Em 2019, foram transportadas 408,3 milhões de toneladas, ante 403,8 milhões de toneladas no ano anterior. Os dados são estimativas baseadas nos resultados até outubro e projetados para os meses de novembro e dezembro. Os números consolidados serão divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em 13 de fevereiro.
De acordo com o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni, o resultado aquém do esperado deve-se principalmente pela queda nas exportações de minério de ferro, reflexo do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) em janeiro de 2019. Também pesou a redução da demanda de soja da China, principal destino da exportação brasileira. O surto de peste suína no país asiático reduziu o consumo do grão, base para a ração de porcos.
Nos portos que registraram saldos positivos, a movimentação aumentou 6,1%, com volume de 314 milhões de toneladas no ano passado. Em 2018, foram 296 milhões de toneladas. Entre os terminais, destaca-se o resultado do Porto de Santarém, no Pará, com alta de 30,7%; seguido pelo Porto de Itajaí, em Santa Catarina, com crescimento de 23,2%; e no Porto de Vila do Conde, no Pará, que registrou aumento de 19,3%.
Piloni atribui os resultados positivos à profissionalização da gestão desses terminais. “A movimentação de carga pode ter uma redução drástica e, mesmo assim, uma empresa portuária ser lucrativa. Isso se (a empresa) fez o dever de casa, reduziu despesas, renegociou contratos e otimizou a gestão”, afirmou.
Os terminais administrados pela União respondem por 33% da movimentação total de cargas no País. Pesa, no entanto, o tipo de carga que é transportada, majoritariamente contêineres. O produto tem valor agregado maior que minério de ferro e commodities, que são transportados a granel por portos da iniciativa privada, por exemplo.
A estimativa do Ministério da Infraestrutura é de que a movimentação geral de portos públicos e privados chegou a 1,1 bilhão de toneladas em 2019. A projeção para o ano passado, se confirmada, estará alinhada com a previsão da Antaq, que era de 1,156 bilhão de toneladas e representaria crescimento de 3,5% em relação ao movimento nas instalações portuárias em 2018, quando foram transportadas 1,117 bilhão de toneladas.