A Inteligência Artificial está revolucionando o setor de logística e transporte de uma forma nunca vista. O setor, em mundo globalizado e em países com dimensões continentais como o Brasil, possui uma complexidade ímpar.
Para otimizar as operações da cadeia de suprimento, como, por exemplo, o planejamento de entregas, é necessário considerar uma enorme quantidade de variáveis que podem mudar rapidamente e que mudam todas as condições de cumprir com o SLA planejado com os clientes. Modelos avançados de Inteligência Artificial conseguem prever o comportamento dessas variáveis e ajudar as empresas a reagir a tempo ou tomar ações que minimizam o impacto destas mudanças. O replanejamento no setor de logística é a causa de uma grande parcela das perdas na eficiência do setor.
A inteligência Artificial pode correlacionar onde estão os caminhões através dos sistemas de monitoramento georreferenciados, prever um possível atraso e automaticamente otimizar a roteirização das entregas.
Essa capacidade de predição tem impactando a cadeia logística das indústrias de forma diferente.
No agronegócio, por exemplo, a chuva é um gatilho importante para várias operações. A época de chuva coincide com o aumento do transporte de mudas/sementes para o plantio. Todos sabem que as chuvas dificultam o escoamento das cargas e que é preciso buscar novas saídas. Contudo, se considerarmos transporte fluvial, uma chuva forte também inviabiliza o transporte por esse modal. Com Inteligência Artificial podemos criar modelos prescritivos (recomendação) que indicam riscos correlacionando às demandas sazonais, com informações de geolocalização dos veículos e a previsão do tempo, e que sugerem um replanejamento da operação.
Já no setor de varejo, temos visto muitas inovações totalmente baseadas em Inteligência Artificial. Gigantes do setor chegam a mudar o paradigma de sell-to-ship para o ship-to-sell. No paradigma ship-to-sell, o varejista não espera que o cliente compre a mercadoria para shipar. O algoritmo de Inteligência Artificial já analisou milhões de transações de compras que foram feitas no passado para ter um nível de certeza tão alto, mas tão alto, que o varejista pode enviar o produto que o cliente vai comprar quando chegar em sua casa.
Mas o maior impacto na logística e no transporte é o advento dos veículos autônomos. O que parecia ser um cenário futurístico é realidade. Os veículos autônomos já circulam em várias cidades do mundo fazendo entregas, hoje ainda na chamada última milha, percorrendo pequenas distâncias. A rede de entregas iFood, por exemplo, recentemente anunciou teste com veículos autônomos entregando pedidos dentro de alguns shoppings centers.
Os veículos autônomos existem devido a vários componentes de AI, como modelo de predição, aprendizado de máquina para diminuir risco de acidentes, visão computacional, entre outros. O NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration) definiu cinco níveis de autonomia para veículos, onde o Nível 4 significa que o veículo tem direção autônoma completa, limitado em algumas condições, por exemplo, estrada com neve toda branca (climáticas). Uma vez alcançados os níveis máximos de autonomia e entendidos todos os aspectos regulatórios e legais, a revolução será completa: as frotas autônomas inteiras percorrerão todas os modais 24 horas por dia, com altíssima eficiência de energética, com baixos níveis de acidentes e com uma previsão absoluta das entregas programadas.
Obviamente, toda revolução causa mudanças importantes no ambiente onde ocorrem.
No mundo corporativo isso significa a necessidade de uma gestão de mudança importante para avaliar e remediar os impactos nas organizações. Grandes programas de automação baseados em Inteligência Artificial devem ser acompanhados por programas de re-skilling dos colaboradores, que serão movidos das funções automatizadas e, assim, as empresas poderão aproveitar o conhecimento do negócio deles em outros projetos.
É a Inteligência Artificial trabalhando em nome do desenvolvimento, da assertividade e agilidade na logística, cuidando do ativo mais valioso que as empresas podem ter na era do conhecimento: os seus colaboradores.