A construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS) segue em ritmo acelerado, mesmo com a crise provocada pelo coronavírus. Esta semana, a central nuclear de Angra recebeu cinco dos 15 módulos de armazenamento do empreendimento. Estes cilindros serão preenchidos com concreto para fazer a blindagem radiológica dos canisteres em que serão inseridos os elementos combustíveis usados. Com o esgotamento das piscinas de Angra 1 e 2 previsto para 2021, a Eletronuclear pretende iniciar a transferência desse material ainda este ano.
Os trabalhos da UAS estão sendo realizados em duas frentes. A primeira é a implementação de modificações de projeto nas duas usinas. Em Angra 2, adaptações serão feitas na ponte polar e no semipórtico da planta, até o fim de abril, pela Bardella, empresa contratada pela Holtec. Esta última supervisiona o serviço, que também conta com o acompanhamento de profissionais da Eletronuclear. Posteriormente, serão feitas modificações na ponte do edifício de elemento combustível de Angra 1.
Ao mesmo tempo, a Cardan Engenharia, outra companhia subcontratada, está efetuando as obras civis, também sob a supervisão da Holtec e fiscalização das equipes da Eletronuclear. Esse trabalho segue até novembro. Até lá, serão feitas a concretagem da laje, a construção do almoxarifado e a instalação da cerca dupla, da iluminação externa e da guarita. Também serão instalados sistemas de monitoração de temperatura e radiação.
Todos os equipamentos da UAS – como canisteres, casco de transferência, carro de transporte de casco e os módulos de armazenamento restantes – chegam até julho. Em agosto, a Holtec realizará o treinamento do pessoal de operação e manutenção de Angra 1 e 2. Já em setembro, tem início o comissionamento da movimentação de transferência, que é feito sem elementos combustíveis irradiados. A transferência começa em dezembro por Angra 2.
Em tempos de coronavírus, estão sendo tomadas precauções para garantir a segurança dos profissionais envolvidos no empreendimento. “Aqueles que fazem parte do grupo de risco – tanto na Eletronuclear quanto nas empresas contratadas – estão em esquema de teletrabalho. Já o pessoal da linha de frente está se revezando em turnos. O objetivo é minimizar ao máximo os riscos”, explica o superintendente de Engenharia de Projeto, Lúcio Ferrari.
Armazenamento até 2045
Inicialmente, a UAS contará com 15 módulos. No total, 288 elementos combustíveis serão retirados de Angra 2 e 222, de Angra 1, o que abrirá espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta. O repositório poderá comportar até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045. A unidade ficará localizada dentro da central nuclear de Angra, fora da área das usinas.
Ferrari ressalta que as equipes da Eletronuclear estão trabalhando com dedicação, mesmo nesse momento de crise, para manter os prazos. “Os profissionais na linha de frente estão empenhados para que o trabalho não seja interrompido. Também temos pessoas trabalhando de casa, aprovando e liberando documentos, para não atrasar as atividades”, finaliza.