Pequenas e médias empresas apostam na multimodalidade

Por meio do atendimento a clientes de grande porte, a Brado vem beneficiando empresários e estabelecimentos menores das regiões Centro-Oeste e Sul com o abastecimento de insumos variados, como commodities agrícolas, materiais de construção e bens de consumo. E há também os clientes de médio porte, que contratam cargas diretamente com a Brado. Hoje, a empresa atende 20 clientes que se enquadram nesses dois perfis, e a estimativa é aumentar esse mercado em 50% até o final de 2020.

“O atendimento ao mercado interno vem crescendo na medida em que nossos clientes percebem a competitividade do custo logístico que oferecemos”, diz Marcelo Saraiva, presidente da Brado. “Como ligamos a produção ao consumo, somos a melhor distância para pequenas e médias empresas chegarem ao mercado consumidor. Além disso, somos ‘bandeira branca’ e atendemos qualquer porte de cliente. Há grandes players do segmento de construção que nos contratam para abastecer suas redes de varejo no Mato Grosso, por exemplo”.

Além do custo mais competitivo da multimodalidade envolvendo rodovia e ferrovia em comparação a trajetos exclusivamente rodoviários, a Brado representa outra vantagem para os pequenos e médios: a flexibilidade. “De São Paulo a Mato Grosso, nosso transit time ferroviário varia de 3 a 3,5 dias”, afirma Saraiva. “Sabendo disso, nossos clientes podem trabalhar de acordo com seus estoques. A tendência é que tenhamos cada vez mais trens nesse fluxo, e consequentemente reduziremos também o transit time atual. A questão do coronavírus também mostrou que o trem, em longa distância, é mais eficiente e seguro”.

A Brado também atua junto a grandes empresas como a Eucatex, que tem em Salto (SP) a Unidade Tintas e Vernizes e contrata os contêineres da Brado em Sumaré (SP) para levar seus produtos por trilhos até Rondonópolis (MT). No Mato Grosso, a last mile (“última milha”), que é a parte final do transporte, é feita para lojas de material de construção do estado.

Ocorre o mesmo com a Cimento Nacional, que despacha cimento de sua fábrica em Sete Lagoas (MG) de caminhão até o Terminal de Sumaré. De lá, o cimento segue sobre trilhos, em contêineres, até o Mato Grosso, onde sua distribuição é extremamente pulverizada para pequenas lojas.

Ainda no segmento de construção, recentemente a Tigre também apostou na multimodalidade para abastecer o varejo. Tubos, conexões e produtos para a construção civil feitos na fábrica de Rio Claro (SP) da empresa são levados pela ferrovia de Sumaré à Rondonópolis. A perspectiva de movimentação será de aproximadamente 200 toneladas de produtos por mês.

Além do varejo, os contêineres têm sido muito utilizados por produtores de ração animal de pequeno e médio porte, cujos clientes vão desde granjas até pet shops. “É um segmento de mercado que consegue trabalhar com prazos mais estendidos”, diz Daniel Salcedo, gerente executivo comercial da Brado. “Isso reduz o custo logístico para eles e permite que tenhamos mais oportunidades para outros clientes do mesmo porte”.

No Paraná, a área de importação movimenta os negócios para os pequenos empresários. Em Londrina (PR), há um cliente que compra fertilizantes importados que chegam pelo Porto de Paranaguá (PR). Ao receber o produto no terminal da Brado, ele se encarrega de pulverizar a distribuição.