Leitores e coletores de dados geram ganhos operacionais e assertividade em toda a cadeia logística

Com o aumento do e-commerce, cresce a procura pelos dispositivos, que são considerados indispensáveis no controle de armazenamento de mercadorias, expedição de pedidos e acompanhamento de processos dentro dos CDs.

As empresas estão começando a entender que a tecnologia é a melhor forma de reduzir os custos, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade dos processos e garantir a segurança dos colaboradores. Essa aceitação tem ganhado força devido à pandemia de Covid-19, que vem influenciando, inclusive, o mercado de leitores e coletores de dados usados na logística, que são o foco desta matéria.
Segundo Rogério Abade, diretor de inovações da TI Tech Solutions, a principal mudança percebida com a pandemia foi o aumento nas vendas de leitores e coletores de dados. “Isso aconteceu porque a movimentação de vendas pela internet teve um enorme crescimento neste período e muitas empresas que não tinham seus processos automatizados precisaram correr contra o tempo para darem conta dos pedidos”, conta.
Para Elvio Coelho Lindoso Filho, da área de marketing da Improtec Soluções e Serviços, existe espaço para ampliação do uso de coletores, pois eles trazem ganhos operacionais e assertividade, além de permitir a redução da equipe nas companhias que ainda não investiram nesses dispositivos.
“Nossos equipamentos recebem tratamentos que permitem a desinfecção com álcool 70% e outros produtos, sem prejudicar o aparelho. A partir de agora, o mercado irá buscar produtos que possam passar por este tipo de higienização”, aposta Luís Thiago Barreto Cândido de Souza, CEO do Grupo Syscontrol.
Devido ao novo coronavírus, os operadores, certamente, optarão por produtos que disponibilizem capas acessórias para uso pessoal, salienta, por sua vez, Igor Froiman Parada, diretor executivo da WillTech Equipamentos e Soluções.
Saindo um pouco da área logística, Rafael Etore Tamassia, gerente de produtos da Elgin, acredita que os códigos do tipo QRCode tendem a se tornar mais populares para meios de pagamento. “Com o leitor apropriado, o cliente não precisa digitar a senha nas ‘maquininhas’, evitando a possibilidade de contaminação”, explica.

Leitores x coletores
Sobre as diferenças entre leitores e coletores de dados usados na logística, Matheus Mota da Silva, engenheiro de produtos da Turck do Brasil Automação, explica que os primeiros fazem apenas a leitura dos dados, normalmente barcodes, datamatrix ou QRcodes. Porém, os coletores de dados, além de fazerem a função de leitores (com todos os recursos citados e adicionalmente RFID), conseguem alterar dados locais. “Além disso, possuem melhor e maior integração com softwares e equipamentos”, expõe.
Elvio, da Improtec, acrescenta que os leitores necessitam de um hardware processador para decodificar o código e não recebem informações ou orientações de resposta como “você leu o código do produto errado”, por exemplo. Os coletores possuem esta capacidade de processamento e comunicação de ida e volta que interage com o sistema, evitando que o usuário tenha de tomar decisões. “O coletor é uma extensão do WMS, por exemplo, que valida o pedido eleito para separação, os itens separados, seu local de coleta considerando FIFO e outros critérios de gestão da operação que são fundamentais para garantia de sua assertividade.”
Pela explicação de Thiago Ribeiro, diretor comercial da ZHAZ Soluções, o leitor apenas “converte” as barras em números e transfere para o computador. Já o coletor de dados (que hoje também é conhecido como computador móvel) roda um sistema operacional (que pode ser Windows ou Android), permitindo acessar qualquer aplicação (ERP, WMS, TLS, etc.) através de rede wi-fi ou 4G, com a vantagem da mobilidade e de ter um leitor de código de barras (RFID ou NFC).

Leitores
Os leitores de código de barras são utilizados em todo o processo de rastreamento de mercadorias e matéria-prima (entrada, saída, estoque). A principal função é tornar a entrada de dados muito mais precisa e veloz se comparado à entrada de dados de forma manual. Conforme explica Rafael, da Elgin, são mais usados nos segmentos de varejo, saúde, indústria, correios e entretenimento.
Souza, do Grupo Syscontrol, complementa que esses dispositivos são aplicados para a leitura das etiquetas de produtos ou paletes em toda a cadeia logística. “É usado principalmente nos Centros de Distribuição e em sorters – esteiras inteligentes para separação de mercadoria.”
De acordo com Igor, da WillTech, em qualquer fase do processo de logística, os leitores de dados são a ferramenta indispensável para o controle de estoque, abastecimento de informações em inventários, acompanhamento de processos das mercadorias ou documentos que contenham códigos de barra, desde a expedição até a efetiva saída do ambiente logístico.
Eles – e também os coletores – são mais usados em prestadores de serviços, supermercados, farmácias, lojas varejistas, e-commerces, fábricas, transportadoras, companhias de logística, entre outros estabelecimentos.
Por necessitarem estar conectados a um hardware para processamento do código lido, os leitores sempre são encontrados em áreas onde existe a possibilidade de acoplamento a outra ferramenta, como Centros de Distribuição, expedição, entrada de mercadoria, leitura de nota de entrada, etc., conta Elvio, da Improtec.
“Em operações com produtos pequenos e de fácil manuseio, a tendência é de maior utilização dos leitores, uma vez que a necessidade de estar acoplado a outro hardware cria uma limitação de movimentação. Por exemplo, no setor de artigos de papelaria, o processo de separação e leitura dos pedidos ocorre em um balcão”, acrescenta.

Novas tecnologias em leitores
As novas tecnologias são leitores de captura de imagem Area Imager, que possuem a grande vantagem de ler QRCode na tela de computadores e celulares, como conta Rafael, da Elgin. O QRCode é um tipo de código de barras que permite colocar muitas informações em uma pequena área, esta é uma grande vantagem sobre o código de barras “convencional” (com listras e espaços). “E, ainda, a possibilidade de leitura em tela reduz o uso de papel, tornando os processos mais ecologicamente corretos”, complementa.
Souza, do Grupo Syscontrol, diz que hoje existem novas tecnologias ligadas à leitura a grandes distâncias, especialmente em operações com empilhadeiras, resultando em muito mais produtividade na operação. Ele também cita os leitores Area Imager, que são a mais nova tecnologia em leitores de dados, possuindo capacidade de leitura, decodificação e reconstrução do código muito mais rápida que as tecnologias anteriores Imager e Linear Imager, gerando muito mais produtividade e redução de tempo nas operações.
Por sua vez, Abade, da TI Tech Solutions, destaca a tecnologia bluetooth, que permite o pareamento do leitor de código de barras com qualquer dispositivo móvel, além da tecnologia wi-fi, que traz maior mobilidade aos operadores com a conexão direta na rede.
“Outro destaque atual é a tecnologia RFID, que já está presente no mercado há algum tempo e agora possui alta procura na cadeia logística. Suas vantagens são enormes. A realização de um inventário no CD utilizando RFID é feita em minutos ou poucas horas, dependendo da quantidade de produtos, enquanto que, utilizando um leitor convencional, este processo pode levar semanas”, destaca.
Por outro lado, Matheus, da Turck do Brasil, explica que o uso do RFID requer um processo complexo, que envolve a criação de um princípio de CLP + módulo RFID + antena RFID. “A leitura pode ser mais simples através do uso de um dispositivo com fácil acesso através de app e envio por e-mail.”
Fazendo uma análise mais ampla, Ribeiro, da ZHAZ Soluções, vem percebendo, desde o início do ano, um aumento na procura por novas tecnologias que aumentem a produtividade e a velocidade na cadeia logística, com destaque para os coletores vestíveis (conhecidos também como wearables) e os óculos de realidade aumentada (smartglasses), que possibilitam a leitura de código de barras, o reconhecimento de objetos, a navegação e a integração com WMS ou outro software de auxílio ao operador. Ambas as tecnologias deixam as mãos livres, aumentando a produtividade.
Ribeiro cita, ainda, o uso de drones para fazer inventário (que pode ser por RFID, código de barras ou volume), que permite reduzir o números de pessoas no processo de inventário, oferecendo maior assertividade e velocidade na contagem de estoque.

Coletores
Os coletores são leitores móveis que efetuam a leitura, processam a informação e a devolvem a um sistema, que valida ou demanda uma nova tarefa a ser executada pelo operador. “As funções são de conferência, validação e orientação sobre ações ao operador, evitando que ele tome decisões sem fundamentação e fora dos processos estabelecidos pela empresa e para a operação logística”, salienta Elvio, da Improtec.
Muito utilizados em CDs, eles hoje também são úteis em campo. Empregando a tecnologia 4G é possível utilizar esta ferramenta como suporte na mitigação de erros de entrega, separação e coleta, bem como para medir resultados operacionais em campo e até mesmo confirmação de manutenção de permanência na rota estabelecida, já que é possível monitorá-los a distância. “Nos CDS, eles são a mais eficiente ferramenta para garantia dos processos e da qualidade da operação, quando atrelados a um WMS”, continua Elvio.
Na logística, os coletores são largamente utilizados no controle de armazenamento de mercadorias, expedição de produtos/pedidos e acompanhamento de processos dentro dos CDs, resume Igor, da WillTech.
Coletores de dados nada mais são que computadores móveis com um leitor de dados integrado. “Sua principal função é fazer a coleta das informações via leitura e comunicar ao sistema (ERP/WMS), que deve processar tal informação e retornar JOBs ao operador”, acrescenta Souza, do Grupo Syscontrol.
Segundo ele, a grande aplicação dos coletores de dados em logística é nos Centros de Distribuição, mas existem algumas empresas que estão utilizando na operação de picking e delivery. “Isso ainda está no início no Brasil, mas em outros países já está a todo vapor.”
Assim como os leitores, todos os segmentos do mercado utilizam coletores de dados em suas operações, adiciona Souza. “Porém, quando pensamos neste equipamento, temos uma ligação muito forte com a logística que realmente é um key user, mas, além desse, existem outros segmentos em destaque, como o caso de utility.”
Basicamente, de acordo com Matheus, da Turck do Brasil, os coletores são usados para manuseio rápido e manual dos dados, conferência ou correção de informações, verificação e leitura de dados, quando existem divergências ou falhas em portais de leitura RFID, e para inventários rápidos.
O coletor de dados pode ser aplicado em armazéns, e-commerce, CDs, Operadores Logísticos e transportadores, expõe Abade, da TI Tech Solutions. Recebimento, armazenamento e reabastecimento, inventário, cross docking, logística reversa e picking são as áreas citadas por Ribeiro, da ZHAZ Soluções.

Novas tecnologias em coletores
A novidade no segmento são os leitores capazes de captar dados através da tecnologia RFID. “Esta tecnologia vem sendo difundida nos mais diversos segmentos, como por exemplo em chaves-cartões de hotéis, check out de supermercados, conferência do picking, inventário, localização patrimonial e controle de acesso”, expõe Igor, da WillTech.
Para Elvio, da Improtec, o RFID é a tecnologia que, juntamente com o 5G, mudará o mundo atual em vários sentidos. “O RFID permitirá a validação de dados em fração de minutos ou segundos, em alguns casos, além de garantir maior segurança, enfim, ele escreverá uma nova história com ações e resultados ainda pouco imaginados.”
Entre as principais tecnologias aplicadas para o segmento estão os coletores vestíveis, também conhecidos como solução hands-free. Com ela, o operador usa o coletor no pulso pareado com um leitor anel, que vai preso ao seu dedo. “Essa solução traz muito mais mobilidade e aumenta a produtividade nas operações de separação”, ressalta Abade, da TI Tech Solutions.
Ele destaca, ainda, a solução de voz, ou picking by voice, que, através do sistema WMS, envia ao operador as instruções do processo. “Ela oferece mais acuracidade e produtividade, pois é necessário foco total para interagir com as instruções”, explica.
Ele também fala no RFID, que vem com força total, devido ao valor das tags, que atualmente estão bem mais acessíveis, viabilizando muitos projetos. “O uso do RFID dentro da logística possui uma infinidade de aplicações, como a rastreabilidade de itens de valor agregado e inventários muito mais rápidos e assertivos.”
A principal inovação, como conta Souza, do Grupo Syscontrol, é o uso massivo do Android como sistema operacional. “Existem algumas vantagens no uso dessa tecnologia, como a melhor familiaridade do usuário com o sistema operacional e maior simplicidade na integração entre coletor e sistema (ERP/WMS). Além disso, a Microsoft decidiu descontinuar o Windows para coletores este ano, portanto, as empresas estão tendo de migrar para o sistema Android para não ficarem expostos e sem suporte.”