Com a intenção de entender o perfil da mulher que trabalha no setor de Transporte Rodoviário de Cargas – TRC e saber quais são os objetivos e os desafios enfrentados por elas em sua rotina profissional, o IPTC – Instituto Paulista do Transporte de Carga, centro de pesquisa sem fins lucrativos criado pelo SETCESP – Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região, elaborou a pesquisa Mulheres no TRC, a pedido do Sindicato.
O estudo foi realizado entre os dias 20 e 31 de agosto último, por meio de um formulário eletrônico. Foram feitas 48 perguntas para mulheres que trabalham nas principais transportadoras do país e segmentos ligados a estas. No total, foram obtidas 657 respostas válidas, que retratam o atual cenário.
Segundo Fernando Zingler, diretor executivo do IPTC, os dados coletados mostram que a maioria das mulheres percebe os problemas da mesma forma, independentemente do perfil em que se enquadram. Em geral, a pesquisa revelou um tom otimista das participantes em relação ao setor. Veja os resultados a seguir.
Na empresa em que trabalho, a maternidade é vista como um impeditivo para o meu crescimento profissional.
70% concordam
- 70% das mulheres não vêem a maternidade como um impeditivo, 12% expressam receio;
- As mulheres entre 19 e 25 anos, solteiras, são as mais preocupadas com esta questão;
- Quanto maior a escolaridade, maior o receio com a maternidade;
- Mulheres que possuem superiores mulheres, ou estão em empresas lideradas por mulheres, enxergam de forma mais positiva a maternidade (74% não vêem impeditivo e apenas 9% expressam receio).
Eu desejo alcançar uma posição maior que a minha função atual no setor de TRC.
91% concordam
- Conforme a faixa etária cresce, a motivação de atingir uma função maior diminui;
- Pessoas de raça parda e negra possuem menor perspectiva neste aspecto;
- Mulheres solteiras e em união estável são as mais ambiciosas a crescer;
- Quanto mais filhos, menor a ambição por crescer na função;
- Quanto menor a escolaridade, maior a ambição por crescer na função.
Eu me sinto preparada para alcançar uma posição maior que a minha função atual no setor de TRC.
79% concordam
- As mulheres atingem um pico de confiança entre os 35 e 44 anos;
- A escolaridade importa – o ensino superior completo é que tem maior sentimento de estarem preparadas;
- Empresas micro e médias são as que possuem as mulheres que se sentem mais preparadas para assumir posições superiores;
- As mulheres se sentem mais preparadas após 10 anos de atuação no TRC.
Eu estou confiante de que poderei alcançar uma posição maior que a minha atual no setor de TRC.
77% concordam
- As mulheres acima de 55 anos já não possuem a confiança para buscar posições superiores às suas funções atuais;
- A união estável representa a maior parcela de mulheres com confiança no crescimento no TRC;
- Mulheres com dois ou mais filhos são mais confiantes em suas habilidades;
- Mulheres que trabalham em empresas médias e muito grandes são as mais confiantes.
Eu acredito que o setor de TRC tem oportunidades profissionais que me permitirão alcançar uma posição maior que a minha função atual.
79% concordam
- Mulheres de raça parda e negra são as que mais acreditam nas oportunidades do TRC, apesar de possuírem menor perspectiva de alcançar uma posição superior;
- Mulheres que trabalham em empresas micro e pequenas tendem a acreditar menos nas oportunidades do TRC, apesar de se sentirem mais preparadas;
- Há uma diferença de perspectiva de acordo com o superior imediato. Quando a superior é mulher, o otimismo é significantemente maior.
As oportunidades de crescimento profissional no setor do TRC são iguais para homens e mulheres.
43% concordam
- Apenas 42,6% das mulheres acreditam que as oportunidades são iguais;
- Mulheres com filhos acreditam mais nas oportunidades do que as sem filhos;
- Mulheres que trabalham em empresas pequenas e médias são as que menos acreditam nessa afirmação;
- Em geral, quanto mais tempo no TRC, menos as mulheres acreditam na igualdade de oportunidades.
As oportunidades de crescimento profissional na minha área/função são iguais para homens e mulheres.
61% concordam
- Em geral, as mulheres acreditam mais na igualdade por função do que no setor como um todo;
- Setores nos quais mais se acredita em igualdade: RH/Departamento Pessoal, Comercial e Atendimento ao Cliente;
- Setor nos quais menos se acredita em igualdade: Jurídico, Comunicação, Financeiro/Contabilidade;
- Ter superior mulher, ou liderança mulher na empresa, as estimula a crescer.
Minha remuneração é igual à de um profissional homem que exerce a mesma atividade que eu na minha empresa.
65% concordam
- As mulheres negras são as que mais discordam desta afirmação;
- Quanto mais tempo trabalhando no TRC, menor é a percepção de equiparação dos salários;
- As mulheres do departamento de tecnologia são as que mais concordam com essa afirmação, e do departamento administrativo são as que mais discordam;
- A média liderança (coordenadoras, gerentes) percebe mais essa diferença de remuneração.
Sinto-me livre para expressar meus pontos de vista e opiniões em meu local de trabalho.
69% concordam
- As mulheres acima de 45 anossão as que mais se sentem livres para expressar opiniões;
- Há um aumento na liberdade para se expressar quando há mais mulheres na liderança como um todo da empresa, mas não quando a superior imediata é mulher;
- As funções de coordenadora e diretora sentem-se mais livres para expressar opiniões que as gerentes. A função que menos se sente livre é de vendedora;
- Considerando os departamentos, os de Segurança do Trabalho, Jurídico e Planejamentosão que se sentem mais livres para expressar opiniões;
- Já os que menos têm liberdade são Tecnologia, Comunicação e Contabilidade.
Sinto que minhas ideias são ouvidas e valorizadas em meu local de trabalho.
64% concordam
- Apenas 64% das mulheres se sentem ouvidas no TRC;
- Em geral, a idade contribui para que elas se sintam ouvidas: as mulheres com mais de 45 anos relatam concordar mais com esta afirmação;
- A mulher negra é a que menos se sente ouvida: apenas 48% concordaram com a frase;
- Quanto maior a empresa, mais a mulher que trabalha nela se sente ouvida;
- A mulher na liderança ou presente em maior quantidade no departamento influencia nesse fator. Em todos os casos a percepção foi positiva quando havia mais mulheres na liderança direta ou geral.
Sinto que contribuo para melhorar os resultados da minha empresa.
92% concordam
- Quanto maior a idade e maior o tempo no TRC, maior também a percepção de contribuição;
- As mulheres sentem que contribuem mais em empresas de médio porte – de 21 a 500 colaboradores;
- Departamentos de Comunicação, Controladoria e Segurança do Trabalho são os que mais sentem que contribuem para os resultados da empresa. Já Contabilidade é o que menos afirma isso;
- Em linhas gerais, há uma relação com o cargo e o sentimento de contribuição nos resultados, pois Assistentes, Auxiliares e Analistas são os que sentem menor contribuição, enquanto Gerentes, Coordenadores e Encarregadas são as que sentem maior contribuição
Sou reconhecida pelos meus superiores por contribuir para a melhoria dos resultados da minha empresa.
73% concordam
- O sentimento de reconhecimento aumenta com a idade da mulher;
- Quanto maior a escolaridade, menor o reconhecimento percebido pelas mulheres;
- As mulheres se sentem mais reconhecidas quando seu superior imediato é homem, ou quando há mais homens na empresa. Quando há mais mulheres na equipe, o sentimento de reconhecimento também é menor.
Conclusões Gerais
- Quem deseja alcançar uma posição maior que a função atual no TRC também está confiante que irá alcançar uma posição maior no futuro;
- Quem está confiante que vai alcançar uma posição maior no futuro, acredita também que o TRC tem oportunidades para tal;
- Quem percebe as oportunidades iguais para homens e mulheres no TRC, também percebe as oportunidades iguais na sua área/função;
- Quem percebe as oportunidades iguais na sua função para homens e mulheres, também acredita que não há diferença na remuneração entre gêneros;
- Quem se sente livre para expressar opiniões e ideias também se sente ouvida no local de trabalho;
- Quem se sente ouvida no local de trabalho também se sente reconhecida pelo superior imediato.