Raízen adquire Biosev por R$ 3,6 bi e ações, amplia domínio em açúcar e etanol

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A Raízen, líder mundial em açúcar e etanol de cana-de-açúcar, assinou nesta segunda-feira (8) acordo para comprar a Biosev, uma das maiores empresas do setor, em uma transação que envolverá pagamento de R$ 3,6 bilhões e ações, informaram as empresas.

Com a integração, a Raízen, uma joint venture da Cosan e da Shell, passará a contar com um total de 35 unidades produtoras, totalizando uma capacidade instalada de moagem de 105 milhões de toneladas de cana e cerca de 1,3 milhão de hectares de cultivos, o equivalente a 15% da área plantada brasileira.

Pelo acordo, Cosan e a Shell deverão ficar com fatias de 48,25% da Raízen, enquanto os acionistas da Biosev, subsidiária da Louis Dreyfus, com os 3,5% restantes. Mas há possibilidade de essa fatia minoritária ser comprada pela Raízen no futuro, de acordo com algumas questões contratuais.

Segundo a Raízen, o negócio envolve nove unidades da Biosev, com capacidade total de moagem de 32 milhões de toneladas de cana, localizadas em São Paulo (seis), Mato Grosso do Sul (duas) e Minas Gerais (uma), que virão sem qualquer dívida, além de 280 mil hectares de cana.

Com o acordo, conforme comunicado da Biosev, a Louis Dreyfus tem a chance de equacionar um endividamento financeiro da subsidiária brasileira, que era de R$ 7,7 bilhões (em 31 de janeiro). No passado, essa dívida foi causa de vários prejuízos líquidos.

“Ela (Biosev) está vindo com um super desconto, está vindo com um valor relativo muito baixo, é uma oportunidade muito boa, eles (Biosev) estão melhorando muito operacionalmente, têm um problema mais financeiro do que operacional”, disse o presidente da Raízen, Ricardo Mussa, citando que as usinas estão em áreas com bom clima e logística.

Ele evitou estimar um valor para a fatia que a Biosev terá na Raízen, acrescentando que a empresa pretende pagar a transação com caixa e emissão de nova dívida.

Para se ter uma ideia dos volumes da Raízen ao incorporar a Biosev, a produção de açúcar das duas empresas combinadas em 2019/20 somou quase 5 milhões de toneladas, enquanto a de etanol atingiu mais de 3,8 bilhões de litros. No caso do adoçante, isso representa 19% do total produzido pelo centro-sul, e mais de 11% por cento do biocombustível.

Não bastasse o tamanho da Biosev, Mussa afirmou ainda que as usinas se “encaixam muito bem no nosso perfil de expansão de renováveis”, que pode incluir plantas novas de etanol de segunda geração e biogás.

O executivo explicou que as usinas adquiridas das rival devem aumentar a flexibilidade de mudança de mix açúcar/etanol da Raízen, uma forte característica da Biosev.

Com relação à conclusão do negócio após aprovação pelos órgãos reguladores, o CEO da Raízen diz ter expectativa de que isso seja realizado em menos de seis meses. No melhor cenário, em dois ou três meses.

As ações da Cosan operavam em alta de cerca de 5,5% por volta das 12h, enquanto as da Biosev tinham alta de 4,7% no mesmo horário.

Segundo a Biosev, os R$ 3,6 bilhões recebidos deverão ser destinados para pagamento de parte das dívidas, na data de fechamento da transação. Além disso, com parte da reestruturação do endividamento total, aproximadamente R$ 4,13 bilhões serão assumidos pela Hédera sem direito de regresso contra a Biosev por meio de novos instrumentos de financiamento a serem oferecidos pelos bancos credores.

Fonte: Folha de S. Paulo