Frete sobe, mas saída pelo Norte ganha força e reduz custos

A melhora no ritmo de colheita da soja e a elevação do valor do diesel esquentaram os preços do frete nas últimas semanas nas regiões produtoras de grãos.

Em janeiro, o valor médio do transporte de uma tonelada de soja de Sorriso (MT) a Santos (SP) custava R$ 300. Subiu para R$ 350 em fevereiro, e já está em R$ 375 neste mês, uma alta de 25% no ano.

A aceleração foi ainda maior no percurso de Sorriso a Miritituba (PA), a chamada saída pelo Arco Norte. O valor da tonelada saiu de R$ 160 em janeiro para R$ 230 em fevereiro. Atualmente está em R$ 250, com evolução de 56% no período.

Thomé Luiz Freire Guth, superintende de logística operacional da Conab (Companhia de Nacional de Abastecimento), afirma que há uma tendência maior de saída pelos portos do Norte.

A saída das exportações de grãos de Mato Grosso, principal produtor nacional, já é maior pelos portos do Arco Norte do que pelos do Sudeste e do Sul.

Essa tendência é uma viagem sem volta. As novas opções trazem ganho para o produtor, reduzem tempo para exportadores e geram a necessidade de maiores investimentos, principalmente pela iniciativa privada, segundo Guth.

Para ele, o cenário será ainda melhor quando o país passar a utilizar o Canal do Panamá para atingir a Ásia. Já estão sendo feitos estudos, e alguns portos terão de se adaptar à chegada de navios maiores, de até 100 mil toneladas.

Um dos poucos com calado suficiente para esses navios é o porto de Itaqui, que deverá ganhar ainda mais importância com a ligação de alguns ramais da malha Norte-Sul, afirma o superintendente.

Esses novos caminhos impactam no custo logístico e na paridade do produto. Há cinco anos, a referência de preços de saída das exportações era Santos e Paranaguá (PR). Hoje é Miritituba (PA) e Santarém (PA), afirma.

Essa nova dinâmica de mercado gera um custo logístico menor. As exportações de milho, por exemplo, podem ter uma redução de até R$ 7,2 por saca, quando o produto sai por esses novos portos e não por Santos.

“É um impacto logístico significativo e dá uma nova precificação ao mercado”, afirma o superintendente.

A utilização do Canal do Panamá trará benefícios ainda maiores. Estudos indicam que poderá haver uma redução de 35% nos fretes da região para importadores da Ásia. Além disso, haveria uma redução também nos preços dos fertilizantes importados, afirma Guth.

Fonte: Folha de S. Paulo