Complexo portuário vai atingir em 2021 meta prevista para 2030

Apontado como porta de entrada do Mercosul, o Paraná deve antecipar em dez anos a marca de 60 milhões de toneladas em movimentação de carga em seus portos. Apenas em maio, foram 6 milhões de toneladas, considerado um recorde histórico. No ano passado, o complexo portuário paranaense movimentou pouco mais de 57 milhões de toneladas, volume próximo à meta estipulada para 2030 no Plano Nacional e Logística Portuária (PNLP).

“Encerramos o ano [passado] com a possibilidade de ultrapassar a projeção do PNLP e crescer ainda mais com para arrendamentos pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI)”, explica Sandro Alex, secretário de Infraestrutura e Logística do governo do Paraná.

De acordo com ele, a Portos do Paraná (complexo portuário público formado pelos portos de Paranaguá e Antonina) já investiu quase R$ 361,5 milhões em projetos, obras e serviços, como a ampliação do cais e a modernização do Berço 201 (obra que permitirá a atracação de navios maiores e aumentará em até 140% a capacidade de movimentação no local), a dragagem de manutenção continuada e as reformas dos terminais de passageiros e turismo da Ilha do Mel.

O secretário informa ainda que outros R$ 56 milhões foram previstos para o projeto básico de modernização do Porto de Paranaguá, com o que a capacidade operacional do complexo aumentará em 100%. Ao todo, o corredor de exportação (Corex) do Estado deve receber R$ 1 bilhão em investimentos nos próximos anos. “O projeto do governo estadual é transformar o Paraná em uma central de logística para o país, apostando em todos os modais de transporte”, explica o secretário. Para isso, os investimentos totais previstos superam os R$ 5 bilhões, segundo ele.

Ainda em relação aos portos paranaenses, estão previstos para os próximos anos quatro concessões, que representam um terço de 12 novos projetos de infraestrutura do PPI. Estão incluídos nesse programa, por exemplo, os leilões de arrendamento de três áreas (PAR9, PAR14 e PAR15) para movimentação e exportação de granéis sólidos (soja, trigo, malte e açúcar, entre outros), que devem ocorrer no primeiro semestre do próximo ano. Os investimentos somam R$ quase 690 milhões.

Interessados nesses leilões e outras concessões não faltam. A Cargill, uma das primeiras empresas a investir no sistema de carregamento a granel no Porto de Paranaguá, aguarda a publicação do edital para a licitação da área que opera atualmente por meio de um contrato de transição. A nova licitação, prevista para o primeiro semestre de 2022, juntamente com outras duas áreas, foi qualificada no cronograma do PPI do Ministério de Infraestrutura.

Ainda este ano, a Cargill tem a expectativa de aumentar entre 13% e 15% a movimentação de carga pelo Porto de Paranaguá, em comparação com 2020. Embora a companhia não informe números sobre movimentações de grãos naquele porto, ela continua a apostar no Brasil como um dos principais produtores de alimentos do mundo. “Agora ainda mais diante da safra recorde no ano passado”, diz Ricardo Nascimbeni, diretor de supply chain da Cargill no Brasil.

Segundo ele, a Cargill aumentou o volume total originado, processado e comercializado no decorrer do ano, levando a um crescimento de receita de 38% em relação ao ano anterior. “Mantida a produção de grãos no Brasil, a empresa espera resultados semelhantes para 2021. O campo tem feito a sua parte, aumentando a produção. Nós temos feito a nossa, conectando nossos clientes no mundo ao Brasil”, diz Nascimbeni. Em relação a investimentos no Paraná, onde opera quatro fábricas, 26 armazéns e transbordos, além de um terminal portuário, o executivo também não detalha números, mas diz que a companhia tem feito aportes fortes nessa direção.

A Terminal Contêineres de Paranaguá (TCP) é outra companhia com planos de aumentar seu portfólio logístico, contemplando principalmente investimentos na ferrovia, em depósitos de contêineres e em armazéns dinâmicos, que promovam maior sinergia e conexão entre armadores, transportadores rodoviários e embarcadores (tanto na exportação quanto na importação).

Este ano, a TCP projeta movimentar mais de 1 milhão de TEU’s (Twenty-foot Equivalent Unit, que se refere à unidade de medida de um contêiner de 20 pés) nos terminais da empresa no Paraná, número acima dos 983 mil TEU’s movimentados em 2020. “De maneira prática, significa que a TCP está entre as melhores opções para o mercado regional, que não se limita ao Paraná, e abrange também Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Goiás, além do nosso vizinho Paraguai”, diz Thomas Lima, diretor Comercial e Institucional da TCP.

Fonte: Valor Econômico