Speedbird Aero recebe certificação da ANAC para operar aeronaves não-tripuladas para entregas em caráter comercial

SpeedBird
Foto: Fernando Favoretto

 A Speedbird Aero, considerada líder em desenvolvimento e fabricação de aeronaves não-tripuladas para logística na América Latina, é a primeira empresa brasileira a receber certificação da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC para operar aeronaves não-tripuladas para entregas em caráter comercial.

Com isso, a fabricante consegue dar escala à oferta de serviços de entrega de produtos por drones para empresas, serviços de logística e instalações de saúde que já vinha oferecendo em caráter experimental, impulsionando a indústria de drones e iniciando o estabelecimento de um ecossistema completo no País. Até o início deste ano, a Speedbird vinha realizando voos experimentais para empresas como Ambev, iFood, Laboratório Hermes Pardini e Natura, entre outras.

No dia 19 de janeiro, a fabricante recebeu da ANAC o certificado que atesta e valida suas aeronaves como modal logístico e, a partir daí, ganhou autorização para oferecer o serviço de Drone as a Service (DaaS) em grande escala para o mercado brasileiro. A certificação habilita a Speedbird a colocar as suas aeronaves para voar em qualquer local do território brasileiro, aprovando rotas junto ao DECEA, e respeitando as regras de áreas que podem ser sobrevoadas – os drones não podem sobrevoar áreas de alta concentração de pessoas, por exemplo. “Nos últimos dois anos conseguimos provar a segurança de nossas aeronaves, a capacidade de gerenciamento de rotas e a qualidade da tecnologia que nos permite automatizar os voos dos drones”, explica Samuel Salomão, Chief Product Officer (CPO) da Speedbird.

Surge um ecossistema

Antes da certificação, apenas algumas unidades de drones estavam autorizadas a voar. Agora, a Speedbird se prepara para iniciar a fabricação e a oferta de serviços em grande escala, criando um imenso ecossistema de logística via aeronaves não-tripuladas. Esse ecossistema envolve três grandes frentes – regulatória, de tecnologia e operacional – e deve ajudar a gerar empregos, desenvolver novos negócios, apoiar empresas na entrega de melhores serviços aos clientes e dar eficiência em localidades de logística complexa.

“Também estimularemos a adoção de serviços logísticos de baixo impacto ambiental, como os drones, patinetes e bicicletas elétricas. De outro lado, ao atuar como modal complementar aos serviços de entregas terrestres, como por motociclistas, ajudamos esses profissionais a realizarem mais entregas em percursos menos arriscados”, afirma Manoel Coelho, CEO da Speedbird. “É o que chamamos de soma positiva, em que todos ganham. Criamos mais empregos e apoiamos aqueles profissionais que atuam em outros modais. E este é justamente um dos propósitos da Speedbird”, completa.

Regulatório

Como primeira empresa a desbravar o setor de entregas por drones no Brasil, a Speedbird atua de maneira muito próxima de agências reguladoras brasileiras para desenvolver o setor. Desde que foi fundada, ela vem trabalhando em conjunto com a ANAC, para regulamentar a segurança das aeronaves; com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), para estabelecer as rotas de voo; com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para as discussões em torno do uso de tecnologias Wi-Fi, 4G e 5G, entre outras; e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para regular o transporte de alimentos e medicamentos.

Tecnologia da Informação

No campo da TI, a Speedbird movimenta outro ecossistema bastante complexo, que inclui parcerias para garantir o uso das melhores e mais seguras soluções para o seu ramo de atividade, incluindo componentes e software. Aqui, segundo o CPO da Speedbird, também está o intercâmbio de experiências e tecnologias com instituições de outros países.

“Hoje somos a única empresa estrangeira a participar do Projeto Naama, em Israel. Somos aprovados para operar em caráter experimental ali, o que nos permite ganhar experiência e horas de voo no país que foi o berço dos drones”, afirma Salomão. A Speedbird mantém ainda parceria com a israelense Parazero, que fornece os paraquedas embarcados em seus drones, que funcionam como contingência para o caso de pane total.

Operacional

Finalmente, o ecossistema operacional desenvolvido pela Speedbird envolve as parcerias com empresas de desenvolvimento, como Ambev, BRF, iFood e o Laboratório Hermes Pardini, entre outras. Aqui também entra o relacionamento com prefeituras e corporações responsáveis pela concessão de alvarás e a supervisão do cumprimento de processos de segurança.

Outra frente importante neste ecossistema diz respeito aos profissionais que fazem o serviço acontecer. Isso implica a capacitação de pessoas – engenheiros, desenvolvedores etc. – não apenas em suas tecnologias propriamente ditas, mas em profissões muito novas, como é o caso do operador de tráfego aéreo de drones.

Crescimento

A expansão e a evolução dos trabalhos da Speedbird se traduzem no estabelecimento de um novo setor econômico no Brasil e no exterior. “Estamos criando um mercado praticamente do zero no Brasil. Sabemos que todo o trabalho que já realizamos encurtará o caminho para a concorrência, mas também temos certeza de que concorrentes sérios e comprometidos serão essenciais para o desenvolvimento desse setor”, afirma Manoel. “Há muita demanda represada. O Brasil ainda escoa mais de 70% de suas cargas pelo modal rodoviário. Há muito espaço para crescermos e contribuirmos para uma logística mais eficiente, tanto do ponto de vista econômico, quanto ambiental”, assegura o CEO, destacando que em países como a China e os EUA, esse índice é de cerca de 8% e 20%, respectivamente.

O desenvolvimento desse novo mercado pode ser visto nos números da própria Speedbird. Entre 2020 e 2021, a empresa passou de quatro para 30 colaboradores. Este ano, o número deve chegar a 150. Mais que isso, a empresa fabrica atualmente três aeronaves distintas, DLV-1, DLV-2 e DLV-4, com capacidades de transportar cargas de até 2,5 kg, 7 kg e 5 kg, em distâncias de 3 km, 7 km e 50 km, respectivamente. Até aqui, a ANAC certificou apenas o modelo DLV-1, com o qual a Speedbird planeja operar 40 rotas ainda em 2022. A expectativa é receber a certificação para as DLV-2 e DLV-4 e estabelecer 10 operações baseadas nessas aeronaves ainda em 2022.

Com 50 rotas em operação, a empresa planeja criar ao menos 120 vagas para operadores de voo, além de todo o time de suporte, engenharia, fabricação, software, manutenção e profissionais para as áreas administrativas, de vendas, recursos humanos e marketing.

A empresa busca aportes junto a investidores para acelerar a produção de drones e a capacitação de seu time. Os planos são de aumentar a carteira de clientes e chegar a um total de 250 rotas até o fim de 2023.