O expressivo crescimento do mercado de e-commerce, impulsionado pelo aumento das compras via internet durante a pandemia, evidenciou ainda mais a importância dos centros logísticos, cuja capacidade de estocar e proteger produtos foi colocada em xeque. Neste cenário de alta demanda dos consumidores, os galpões ou armazéns se tornaram mais visados pelos criminosos.
Diante dessa realidade, os gastos das empresas com seguros contratados para essas estruturas de grande porte também aumentaram. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), em maio, os seguros patrimoniais de riscos especiais cresceram 40% em relação a 2021, já a contratação de proteções patrimoniais aumentou 30%.
Entretanto, os altos valores pagos pelas companhias para compensar possíveis prejuízos, provocados por roubos ou furtos dos seus bens, podem ser reduzidos com investimentos em equipamentos de ponta de alta proteção, que também facilitam a aprovação das apólices pelas seguradoras. O fato é explicado por Marco Antônio Barbosa, especialista em segurança e diretor da unidade brasileira da Came, líder mundial em automação de controles de acesso.
“Esse é um ponto-chave que precisa ser compreendido, pois produtos como os da Came, que possuem certificação internacional comprovada da sua eficácia, e quase nenhuma empresa a tem, fazem com que as seguradoras revisem para baixo os valores dos seguros de centros logísticos, que normalmente são altíssimos”, destaca Barbosa.
Controle de acesso adequado nas entradas e saídas, monitoramento e proteção do perímetro da empresa, sistema de câmeras internas, externas e sistema de alarmes estão entre os itens destacados pelo diretor da Came como importantes para aumentar a proteção desses locais, cujos galpões estão estocando um número cada vez maior de produtos por causa da demanda gigante dos consumidores do setor de e-commerce, que ainda vão atrás de empresas que ofereçam prazos curtos para entregar as suas mercadorias.
“É importante ressaltar que já faz algum tempo que os centros logísticos estão entre os alvos preferidos das organizações criminosas pelo fato de estocarem bens de valor agregado no seu interior e por vários deles ainda possuírem vulnerabilidades no controle de acesso e segurança. Atualmente, existem empresas e produtos com tecnologias de ponta e profissionais qualificados para ajudar a mapear, diagnosticar esses pontos e propor soluções para minimizar o risco. Após isso, a decisão do investimento caberá ao cliente final”, ressalta Barbosa, se referindo ao fato de que companhias mais bem protegidas também atraem consumidores que se sentem confiantes em contratar os serviços ou comprar produtos gerenciados pelo seu sistema de logística.
Com 20 anos de experiência no mercado securitário, o diretor comercial da Ponto Final Seguros, Denis Dargevitch, explica que uma série de fatores é levada em conta para a definição do valor da apólice de um centro logístico, como, por exemplo, o CNPJ da empresa, o tipo de atividade que exerce, o risco estimado em sua localização e as próprias coberturas escolhidas em cada contrato. Por isso, o preço está diretamente relacionado ao perfil que será determinado de acordo com o nível de segurança proporcionado pela companhia.
“Sistemas protecionais impactam na análise de risco e na aceitação do seguro, principalmente em atividades de alta sinistralidade. Os valores são definidos de acordo com o perfil de cada cliente, que será questionado se o seu estabelecimento, galpão, depósito ou centro logístico possui, por exemplo, sistemas de alarmes e conta com segurança armada ou não, fator considerado importante para algumas seguradoras. E esse tipo de proteção poderá ajudar, inclusive, a garantir a aprovação do seguro”, ressalta o especialista.
A eficiência dos centros logísticos foi colocada à prova de forma importante em 2021, quando o Brasil registrou um faturamento recorde do seu setor de e-commerce, que foi de mais de R$ 161 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior. Esses dados foram constatados em uma pesquisa da Neotrust, responsável por monitorar o mercado eletrônico brasileiro. E esse aumento enorme de demanda motivou muitas empresas a buscar novas maneiras de ampliar a segurança dos seus centros logísticos.
“Tivemos um aumento na demanda de uma forma ampla, seja por empresas que já possuem um sistema e querem aperfeiçoar, buscando equipamentos mais atuais, ou por empresas que ainda não possuem um sistema mais robusto de segurança e querem evitar um potencial problema. Armazéns que oferecem maior segurança fazem com que as empresas que possuem ativos estocados lá confiem que não serão surpreendidas com uma ação de roubo de seus bens”, revela o diretor da Came do Brasil, que viu a procura pelos seus equipamentos de alta segurança subir de 400% a 500% no primeiro trimestre de 2022, devido ao avanço da criminalidade.
Barbosa reconhece que “infelizmente não há uma cartilha que possa ser utilizada para uma empresa e que sirva para todas” para escolher o melhor esquema de segurança para proteger os seus produtos. “Cada empresa tem uma característica funcional diferente da outra, numa localização diversa, com acessos específicos etc. Porém, podemos destacar alguns pontos, como a necessidade de se possuir profissionais qualificados na área e produtos confiáveis que respondam principalmente em momentos críticos”, analisa.