Kepler Weber registra aumento no interesse por projetos para armazenagem de grãos no primeiro trimestre

A Kepler Weber registrou no primeiro trimestre de 2023 um crescimento de 10% no interesse por projetos de beneficiamento e armazenagem de grãos, em relação ao primeiro trimestre de 2022, ano recorde para a companhia.

“Passamos a semana na Agrishow e percebemos que está claro para os agricultores, de que o silo mais caro é aquele que o agricultor não tem, porque ele sabe o quanto isso compromete a eficiência e o impede de lucrar mais”, comenta Bernardo Nogueira, diretor comercial da Kepler Weber.

Um levantamento exclusivo feito pela Cogo Inteligência em Agronegócio para a Kepler Weber mostrou que o Brasil deve perder R$ 30,5 bilhões neste ano, em função de prêmios negativos sobre soja e milho. Os prêmios são definidos por força de oferta e demanda, podendo ser um ágio (positivo) ou deságio (negativo), maior ou menor que a cotação de Chicago (EUA).

“O histórico no Brasil é de prêmios positivos, em todos os meses do ano, apesar de ser sazonal, ficando menor durante a colheita e maior durante a entressafra. Em abril, o Brasil registrou o pior prêmio negativo desde 2004, e esse deságio deve se manter pelo menos até agosto”, explica Carlos Cogo, da consultoria responsável pelo levantamento.

Fatores logísticos, segundo Cogo, estão na base no cálculo dessas perdas bilionárias para o país.

“Porto com problema de carga, pagando multa de embarque, tempo de carga excessivo, custo de frete elevado do interior para o porto, com demora para entrega, compõem esse prêmio negativo”, afirma.

Considerando a estimativa de safra, de 313 milhões de toneladas, o Brasil acumula um déficit de 124 milhões de toneladas de grãos. Todo este excesso, segundo Nogueira, precisa ser retirado da fazenda logo após a colheita, pressionando para baixo os valores pagos ao produtor e gerando perdas ao país.

“O crescimento da produção tem exercido, a cada ano, maior pressão sobre a capacidade estática do país, e isso representa perda de eficiência do agronegócio e uma ameaça também a segurança alimentar, porque sem ter onde guardar o produtor fica exposto ao clima e também aos preços com prêmios negativos”, afirma.

Pelos números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil tem apenas 15% da capacidade estática nas fazendas, enquanto os Estados Unidos contam com 65% on farm. Nos últimos dez anos, a armazenagem cresceu, em média, 2,8% ao ano, enquanto as safras avançaram 5,5% ao ano.

“A armazenagem está na gênese desse prêmio negativo. Neste momento estamos em uma entressafra global de milho, Ucrânia exportando muito pouco, Estados Unidos fora do mercado, Argentina com quebra de safra, então essa perda é decorrente de um problema brasileiro”, argumenta Cogo.

Pelas contas do consultor, as perdas estimadas por falta de armazenagem no Brasil equivalem a seis anos de Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), do Plano Safra, e seriam suficientes para pagar dois meses de Bolsa Família. Segundo Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por ano a indústria tem produzido equipamentos para armazenar 5,2 milhões de toneladas de grãos.

“O setor está preparado para crescer e estamos prontos para dobrar a capacidade de produção de armazenagem”, finaliza Nogueira.