Tecnologias em Meios de Pagamento: são várias as opções e as comodidades oferecidas para motoristas e empresas

Um dos principais resultados da digitalização e das novas tecnologias para o setor é o ganho de tempo de todos os envolvidos, desde a empresa, que precisa administrar um pequeno, médio ou grande número de funcionários que utilizam os benefícios, até o colaborador, que consegue usufruir das soluções e realizar pagamentos digitalmente, de forma fácil e prática.

Há várias soluções de meios de pagamento disponíveis no mercado para a área de logística, e uma delas é o cartão, que pode ser utilizado para pagamento de frete, pedágio, despesas corporativas, benefícios, combustível e outros. O cartão pode ter várias funções (débito, crédito, voucher, pedágio), gerando mais facilidade para o consumidor e para a empresa pagadora por ter uma aceitação abrangente no comércio físico e eletrônico.

“Quando falamos especificamente para o pedágio, estacionamentos e combustível, a TAG – adesivo colado no interior do veículo – se consolidou como um instrumento fundamental para evitar filas e ter mais comodidade para os usuários. Já o Pix, queridinho dos brasileiros, se popularizou e tornou-se o meio de pagamento mais utilizado. Por ser gratuito – apenas para pessoas físicas – fácil e instantâneo, ganhou adeptos e está substituindo outros meios mais tradicionais. Mas ainda tem as carteiras digitais e QRcode que permitem que as empresas ofereçam uma experiência rápida e segura, apenas com a utilização do smartphone”, avalia Douglas Barrochelo, CEO da Biz, falando sobre as tecnologias em meios de pagamentos disponíveis na área de logística.

Thiago Campaz, CEO e co-fundador do VExpenses, é mais detalhista em sua análise. Entre as principais tecnologias em meios de pagamento na área logística ele lista, e comenta:

Pagamentos mobile: A solução de pagamento móvel é uma opção conveniente. Com as carteiras digitais mobile, os smartphones se tornaram ferramentas de pagamento completas amplamente utilizadas na logística. Além de carteiras digitais e NFC (Near Field Communication), o uso de sistemas de pagamentos in-app em empresas de logística também está se mostrando benéfico, pois permite comprar e selecionar produtos e serviços dentro dos ecossistemas fechados.

Cartões flexíveis e inteligentes: Os cartões flexíveis, que podem ser usados para quaisquer situações e possuem limites inteligentes — ou seja, limites que podem ser ajustados a qualquer momento, sem burocracias —, que usam um chip baseado na tecnologia RFID, são mais adequados para o setor de transporte. Os cartões empresariais —  também conhecidos como cartões PJ, Procurement Cards ou, ainda, como P-Card — são mais comumente usados para compras. Eles garantem eficiência de custo, controle e conveniência. Isso aumenta a eficiência do processo de pedido de compra, pois essa tecnologia praticamente dispensa a necessidade de revisão de documentação e faturas do processo de compras.

Da mesma forma, os cartões corporativos — conhecidos como cartões de frota dentro da logística — também estão em alta no mercado de logística para cobrir os custos de viagens e são fornecidos ao pessoal responsável pelo transporte de mercadorias de um ponto a outro. Este cartão também pode ser usado para combustível. Como os cartões de frota fornecem automaticamente a supervisão do cálculo, eles simplificam o processo de prestação de contas e contabilidade do transporte.

Pagamentos digitais: Os benefícios dos pagamentos digitais no setor de logística vão além da segurança ou redução do risco de transação. Além de eliminar as limitações operacionais e aumentar a eficiência do trabalho, essa tecnologia inclui sistemas de pagamento sem contato, como cartões corporativos e empresariais, pagamentos baseados em UPI, net banking, etc., que otimizam o processo. A transição para pagamentos digitais não apenas acelera as operações do dia a dia, mas também alivia as cargas dos funcionários e garante que todos os detalhes importantes sejam contabilizados em toda a cadeia de suprimentos, completa Campaz.

Max Guimer, diretor de Marketing e Produtos da Sem Parar Empresas, também destaca que na área de abastecimento, entre as opções de meios de pagamento, estão os cartões de combustível, pagamento através de aplicativo via QRcode, tags veiculares que permitem o abastecimento de veículos leves de forma 100% automática e o sistema CTF, um dispositivo para veículos pesados que registra só o que entra no tanque, sem intervenção humana, eliminando erros de operação e gastos extras.

“Já para o mercado de cartões de refeição e alimentação, podemos dividi-lo em 2 tipos de arranjo para meio de pagamento do usuário, o aberto e o fechado. Um arranjo de pagamento fechado é aquele no qual há uma bandeira que somente pode ser utilizada dentro de uma lista pré-definida de estabelecimentos credenciados. Por outro lado, um arranjo de pagamento aberto recebe este nome, pois nessa estrutura os cartões são emitidos por uma instituição de pagamento, não existindo restrições de uso definidas pela bandeira (exemplo: MasterCard, Elo, Visa, entre outras).”

Vale ressaltar que esses benefícios são regulados pelo PAT (Programa de Alimentação ao Trabalhador) e devem estar em conformidade com as regras estabelecidas por ele, continua Guimer. “Os cartões podem ser utilizados, dependendo da bandeira, de maneira física (chip ou contactless), via app de delivery cadastrando o número do cartão, ou até mesmo via QR Code.”

Mauro Telles, superintendente de produtos da Veloe, por seu lado, destaca que os meios de pagamentos vêm acompanhando a tendência de uma sociedade que está cada vez mais conectada e busca mais praticidade e agilidade no dia a dia. Dessa forma, meios de pagamentos digitais com ou sem contato, carteiras digitais, crédito digital, checkout free, Pix, tecnologias biométricas e criptomoedas figuram na lista de opções já utilizadas nas transações comerciais na área de logística.

“Principalmente quando olhamos para profissionais do segmento, como grandes e médios operadores de transporte, microtransportadores e caminhoneiros autônomos, essa procura por facilidade é ainda maior. Hoje, já existem plataformas que além de possibilitarem pagamentos de pedágios, estacionamentos e serviços de abastecimento em um só lugar, unem também todo o histórico de transações e notas fiscais dos veículos. Outro método que está começando a ser implementado é o BNPL (Buy Now, Pay Later), um tipo de pagamento a prazo em que o cliente pode comprar um produto e não precisa pagar por ele de uma só vez, em que a checagem do ‘financiamento’ acontece online. É fácil notar que a inovação dos pagamentos está e continuará a pleno vapor, e os consumidores, empresas e a inovação sempre terão papel fundamental nessa cadeia formada por diferentes atores”, completa Telles.

Everton Kaghofer, diretor Comercial da Roadcard, também lembra que os cartões pré-pagos costumam ser mais populares na hora de se realizar o pagamento eletrônico do frete, mas existe um movimento no mercado para utilizar meios mais modernos, como a contas digitais e tecnologia mobile,onde as transações são realizadas totalmente online, por meio de Token e QR Code.

E ele destaca que é importante lembrar que, quando se trata de transportadores autônomos, existe uma legislação que regulamenta o pagamento de frete e do vale-pedágio, o que impacta diretamente na forma como as empresas do TRC (transporte rodoviário de cargas) pagam seu contratados, já que eles devem receber por meios de pagamento homologados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – cartão de débito pré-pago ou conta depósito em nome do titular (para pagar frete e outras despesas de viagem); cartão vale-pedágio, tag ou cupom para pagamento do vale-pedágio obrigatório.

Já Rafael Fridman, CEO do Rodobank, destaca a solução de multibenefícios, que permite criar diversas carteiras para um mesmo CPF/CNPJ. Através dela é possível vincular um mesmo cartão/solução a diferentes produtos como os de Refeição, Combustível, Pedágio e Frete. “É supercomum encontrar no mercado motoristas portando diversos cartões ou APPs, cada um contendo uma solução. Esse modelo é muito custoso para cadeia e, por isso, o multibenefícios é mais vantajoso”, avalia Fridman.

Na visão de Leandro Morais, diretor executivo da TruckPad, as principais tecnologias em meios de pagamento na área de logística são as que utilizam cartões plásticos e contas digitais em aplicativos. A tendência atual, impulsionada pelo Pix e pela pandemia, é que o motorista receba o pagamento do frete e outros valores diretamente em conta digital via aplicativos.

“Os meios de pagamento 100% digitais dispensam o uso dos tradicionais cartões plásticos, evitando o contato direto com o motorista ou equipamentos adicionais. Desta forma, o usuário pode pagar combustível, alimentos, serviços e peças automotivas usando o pagamento via QR Code ou Pix. Para o pagamento de vale-pedágio, existem tecnologias que também possibilitam que o crédito seja feito à distância na tag do veículo, sem precisar de comprovante físico”, diz Morais.

É interessante acrescentar, ainda, como lembra Diego Ros Quinto, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade – Abepam e diretor financeiro da Move Mais, que, desde o fim de março deste ano, o Brasil ingressou em uma nova era relacionada às transações de pagamento de pedágios nas estradas do país. A novidade, já implantada em três trechos fluminenses da Rodovia Rio-Santos (BR 101), administrada pela CCR RioSP, é o free flow (fluxo livre), um sistema de pedágio por pórticos que permite o tráfego de veículos sem que os motoristas tenham de reduzir a velocidade, tampouco parar nas convencionais cabines de cobrança para efetuar o pagamento de taxas.

“O free flow funciona de forma bastante simples, integrando os registros do tráfego apurado nos pórticos – que são instalados em locais estratégicos das rodovias – aos sistemas que fazem a leitura de placas veiculares por fotos e de tags eletrônicas, baseadas na tecnologia RFID. Vale mencionar que o free flow tem se mostrado bastante eficiente e, como consequência, algumas concessionárias já têm sinalizado a intenção de implementar o sistema, antes mesmo de a solução se tornar obrigatória nas rodovias, por exigência contratual”, pontua Diego.

Benefícios

Falando especificamente das tags eletrônicas, Diego, da Abepam, lembra que elas são aceitas em 100% dos pedágios do Brasil e agregam uma série de benefícios às operações logísticas – sejam próprias ou terceirizadas –, especialmente por facilitarem o gerenciamento de dados essenciais à gestão dos negócios, incluindo controle de gastos, comprovantes de quitação, horários das transações efetuadas, custos por trechos de transporte, acompanhamento de rotas e outras informações relevantes ao gerenciamento de entregas e prazos.

Tais informações, armazenadas na fatura da operadora de tag escolhida, permitem consultar os custos de cada trecho de transporte, identificar a localização de veículos, observar possíveis gargalos na logística e, com isso, adotar medidas que favoreçam a economia de tempo, recursos, veículos e pessoas – fatores que variam de acordo com a carga, o tipo de armazenamento, distância percorrida etc.

“Além de ampliar a visão dos gestores e, consequentemente, apoiar a tomada de decisões, um dos grandes benefícios do uso de tags em frotas corporativas é simplificar o cumprimento da Lei 10.209/2001, que institui o vale-pedágio, proíbe que o valor seja integrado ao preço do frete e obriga o contratante a pagar, antecipadamente, as taxas cobradas em todos os trechos percorridos em cada demanda.”

Outro benefício do uso de tags em frotas comerciais – ainda segundo o vice-presidente da Abepam –, é a economia de combustível pelo fato de os motoristas utilizarem as faixas exclusivas de cobrança automática e não precisarem parar completamente o veículo. E, com a expansão do novo sistema free flow no Brasil, essa economia se torna ainda mais significativa, pois os veículos sequer precisam reduzir a velocidade de jornada para efetuar o pagamento automático via tag.

“Na prática, comparando as convencionais cabines de pedágio ao sistema free flow, um caminhão pode reduzir os gastos de combustível em até R$ 5 (cerca de 800 mililitros de diesel) por praça de pedágio física, apenas por não precisar desacelerar, imobilizar o veículo e depois retomar a velocidade da viagem. E essa economia vai muito além dos custos financeiros diretos, pois os motoristas não enfrentam filas nas praças de cobrança, o transporte se torna mais rápido e bem menos nocivo ao meio ambiente.” Como incentivo ao uso de tags para o pagamento de pedágios – que, consequentemente, promove melhorias no fluxo nas rodovias – a ANTT e várias agências reguladoras estaduais oferecem um benefício adicional aos veículos que têm o dispositivo eletrônico. Trata-se do Desconto Básico de Tarifa (DBT), que garante 5% de economia sobre o valor praticado em 85 pedágios de diversas rodovias federais (27) e estaduais (58). Assim, os motoristas que usam tag têm as tarifas reduzidas em rodovias dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

A segurança de motoristas e cargas – preocupação recorrente entre a maioria dos caminhoneiros – é outro ponto importante proporcionado pelo uso de tags. Isso porque facilita o cumprimento da lei nas empresas contratantes, evitando que colaboradores transitarem com numerário, e ainda extingue as paradas nas praças de cobrança, eliminando questões críticas relacionadas à vulnerabilidade da frota.

As tags ainda podem levar mais praticidade aos sistemas de identificação de frotas, pois há como utilizá-las para reconhecimento e liberação de acesso às garagens, como já acontece em milhares de estacionamentos e condomínios espalhados pelo país.

“Atualmente, as tags já podem ser utilizadas para efetuar pagamentos em mais de 10 mil pontos de todo o país, considerando os variados tipos de estabelecimento que já aderiram ao sistema para facilitar o dia a dia de motoristas, incluindo restaurantes e lanchonetes com sistema de drive thru, estacionamentos, serviços de lava-rápido, postos de combustíveis e até na contratação de outros serviços, dependendo da operadora escolhida. E a tendência é que as possibilidades de uso, assim como a quantidade e a variedade de estabelecimentos, continuem crescentes de acordo com o aumento de usuários e, consequentemente, das demandas do mercado”, completa Diego.

Falando das vantagens dos multibenefícios, Fridman, do Rodobank, ressalta que as soluções mais inovadoras permitem que o motorista tenha em um único app/cartão todos os produtos para o seu dia a dia, com uma conta digital para ele receber salários, fazer transferências, TED, Pix, quitar boletos, usar um cartão de crédito ou débito e checar extratos, por exemplo.

Já a empresa ganha em funcionalidade ao gerenciar todos os pagamentos em uma única plataforma, além de ganhar ferramentas que permitem que ela ofereça serviços, como telemedicina, seguro, microcrédito e antecipação de recebíveis. A redução de custo (menos cartões e desenvolvimento tecnológico), simplicidade e transparência do uso de cada produto centralizado em um único canal geram um valor gigantesco “nas pontas”.

Falando num contexto geral dos benefícios que estas opções de pagamento trazem para as operações logísticas, Douglas Pina, diretor-geral da Edenred Mobilidade, também lembra que um dos principais resultados da digitalização e das novas tecnologias para o setor de meios de pagamentos é o ganho de tempo de todos os envolvidos, desde a empresa, que precisa administrar um pequeno, médio ou grande número de funcionários que utilizam os benefícios, até o colaborador, que consegue usufruir das soluções e realizar pagamentos digitalmente, de forma fácil e prática. “O setor logístico já avançou bastante na utilização de soluções tecnológicas e é um dos principais motores que fazem do Brasil um dos mais conectados. A IA, por exemplo, atende às necessidades das empresas ao otimizar processos, permitir ganho de produtividade e, consequentemente, diminuir custos, e já está presente no universo de meios de pagamento do setor de logística e transporte.”

Barrochelo, da Biz, destaca que os benefícios são inúmeros, mas os principais fatores que fazem as empresas dessa área optarem por meios de pagamentos digitais são agilidade, controle e segurança. Além disso, dependendo do modelo, as empresas podem reduzir seus custos operacionais, além, é claro, de aumentar suas receitas.

“Além de trazer maior segurança jurídica, diminuindo riscos trabalhistas e de custos tributários para a operação, as transportadoras ganham mais visibilidade do processo, além de gestão e segurança dos pagamentos – seja para seus colaboradores ou contratados. Ao utilizar esses meios de pagamentos, é possível ter mais controle sobre os custos fixos da empresa e indicadores, que possibilitam criar campanhas de fidelização ou retenção de motoristas próprios ou terceirizados”, completa Kaghofer, da Roadcard.

Morais, da TruckPad, lembra que as novas tecnologias de pagamento facilitam o recebimento de valores sem necessidade de passar em uma unidade operacional da transportadora para retirar ou carregar os cartões. “Ao usar os recursos, temos vantagens que vão da segurança de não andar com dinheiro físico à rapidez no momento de pagamento e de compra. O modelo também ajuda na governança dos pagamentos, podendo cruzar dados como horário, localização e frequência de pagamento com informações dos respectivos gastos realizados.”

Já Telles, da Veloe, ressalta que a aplicação prática da tecnologia nos meios de pagamentos não beneficia apenas o consumidor final, mas também o público PJ e as próprias empresas e suas operações logísticas. Pessoas jurídicas, por exemplo, já podem contar com descontos significativos na hora do abastecimento por conta de plataformas de gestão de frota, que negociam o preço do diesel diretamente com os postos de gasolina. Além disso, o uso combinado de diferentes tecnologias que possibilitam, entre outras coisas, rápida e precisa visibilidade de dados e gerenciamento das atividades, pode gerar uma economia bastante expressiva para as companhias, que conseguem aumentar sua produtividade, reduzir custos, eliminar processos e melhorar a performance de toda a sua operação.

“No setor de logística, velocidade, eficiência e precisão são elementos cruciais. Por muito tempo, grandes e pequenas empresas de logística usaram sistemas e processos manuais de pagamentos. Além da lentidão do processo, havia a possibilidade de perda ou manuseio incorreto dos registros de pagamento também, que resultava em um consumo excessivo de tempo. As novas tecnologias em meios de pagamento tornam tanto a gestão financeira das empresas de logística mais eficientes, quanto a própria operação, uma vez que não precisarão se preocupar com processos ‘acessórios’ à atividade principal da empresa, além de trazer mais segurança, evitando qualquer tipo de perda financeira advinda de fraudes e irregularidades”, completa Campaz, do VExpenses.

O que considerar

Sobre o que deve ser considerado na implementação destes meios de pagamento, Diego, da Abepam e da Move Mais, lembra que, embora as tags sejam aceitas em 100% dos pedágios, vale manter a atenção nos benefícios adicionais oferecidos por cada operadora, antes de escolher a tag ideal para a frota de uma companhia. “É importante que os gestores analisem os aplicativos, as possibilidades de integração aos sistemas da companhia, os detalhes de controle apresentados, as facilidades de recarga e outras questões técnicas e gerenciais”, alerta.

Antes de decidir pela implementação de uma solução de pagamento, a empresa deve ter um entendimento e clareza dentro de sua cultura da importância de digitalizar os pagamentos e os benefícios disso. Para escolher a melhor solução, Barrochelo, da Biz, diz que as instituições devem levar em conta alguns fatores, como: o perfil dos clientes e as formas de pagamento que eles preferem; o volume e o valor das vendas; as taxas e as condições cobradas por cada meio de pagamento; a segurança e a confiabilidade das transações; a facilidade de integração e de gestão das vendas; o suporte e o atendimento oferecidos pelos fornecedores.

“Com a cultura da empresa alinhada com este objetivo, tem de compreender todo seu ecossistema: cadeia de fornecedores, clientes e colaboradores. Além disso, mapear todos os tipos de pagamento que realiza e por onde o dinheiro passa precisam ser considerados. Após essa análise, escolher a solução em busca da otimização de processos, aumento da agilidade e segurança na cadeia logística e, claro, reduzir algum custo e/ou aumentar a receita”, diz o CEO da Biz.

Inicialmente, a transportadora deve procurar um fornecedor que preste um serviço consultivo e que apresente as melhores opções de mercado e as práticas que mais aderem às rotinas da empresa, aconselha, agora, Kaghofer, da Roadcard.

Outro ponto fundamental – ainda segundo ele – é envolver as áreas impactadas: um mapeamento adequado das necessidades reduz o impacto da implementação no dia a dia dos motoristas (próprios e terceirizados), o que contribui, efetivamente, para o sucesso e os resultados da operação. A empresa que atua com diferentes modalidades de transporte – frota própria e subcontratação – precisa de uma solução capaz de atender a legislação e as diferentes necessidades deste mercado.

“A tecnologia e experiência embarcada na solução são superimportantes. A solução precisa respeitar regras legais (Pedágio e Refeição, por exemplo), além de regras de negócio, como as do vale combustível e abastecimento de frota. Pelos canais de atendimento, precisa estar claro para o motorista que o valor total de uso é repartido entre diferentes soluções e que cada uma delas tem regras de uso distintas”, explica Fridman, do Rodobank. E Guimer, do Sem Parar Empresas, acrescenta: para implementar essas soluções é necessário possuir CNPJ e ter, pelo menos, um veículo na contratação de produtos de gestão de frotas ou um funcionário, no caso de benefícios corporativos.

Para Morais, da TruckPad, os principais pontos a serem avaliados ao implementar um novo meio de pagamento são a facilidade de operação tanto do lado da transportadora quanto do lado do motorista e as integrações dos sistemas dos transportadores e o meio de pagamento a ser utilizado.

“Ao implementar novos meios de pagamento é importante considerar os seguintes aspectos: segurança, conveniência, acessibilidade, integração, custos, regulamentações e aceitação dos usuários. Quando surge um novo meio de pagamento é imprescindível garantir que ele seja seguro e proteja, ao máximo, os dados pessoais e financeiros dos usuários contra fraudes e outros tipos de ataques cibernéticos. Além da segurança, eles devem promover uma boa experiência de pagamento, tanto para seus usuários, quanto para os provedores de serviços de mobilidade. Também devem ser acessíveis a todos os usuários, independentemente de sua renda, habilidades tecnológicas ou acesso a dispositivos móveis e integrados de forma adequada aos sistemas existentes no setor de mobilidade, como aplicativos e plataformas de transporte, sistemas de bilhetagem eletrônica, sistemas de controle de acesso.  É importante também considerar os custos associados à implementação dos novos meios de pagamentos e as regulamentações locais e setoriais que podem impactar a sua execução. Por fim, é necessário avaliar se esses meios de pagamentos atendem as necessidades e preferências dos usuários”, completa Telles, da Veloe.

O que pode dar errado?

Existem vários problemas que podem ocorrer ao implementar um meio de pagamento, por isso é preciso tomar alguns cuidados para garantir a segurança, a eficiência e a satisfação dos clientes. Alguns dos problemas mais comuns são, de acordo com Barrochelo, da Biz:

Fraudes e ataques criminosos: se o meio de pagamento não oferecer uma proteção adequada, os dados dos clientes podem ser roubados ou clonados, gerando prejuízos e danos à reputação da empresa. Por isso, é importante investir em soluções antifraude e certificados de segurança;

Falhas técnicas: se o meio de pagamento não for robusto e confiável, podem ocorrer erros no processamento ou na autorização das transações, causando atrasos, duplicidades ou cobranças indevidas. Por isso, é importante escolher um fornecedor que garanta a disponibilidade e a qualidade do serviço;

Obstáculos na usabilidade: se o meio de pagamento não for fácil e intuitivo de usar, os clientes podem enfrentar dificuldades ou desistir da compra. Por isso, é importante oferecer uma interface amigável e fluida, que remova qualquer barreira para a conclusão do pagamento;

Falta de transparência: se o meio de pagamento não for claro e honesto com os clientes, eles podem ficar em dúvida sobre o status da compra, o valor cobrado ou as condições de pagamento. Por isso, é importante informar todos os detalhes da transação e enviar comprovantes e confirmações por e-mail ou SMS;

Limitação de opções: se o meio de pagamento não oferecer diversas formas de pagamento, como cartão, boleto, Pix, etc., os clientes podem não encontrar a opção que preferem ou que se adapta melhor à sua situação. Por isso, é importante diversificar as alternativas e aceitar as principais bandeiras e modalidades do mercado.

“Esses são alguns dos problemas que podem ocorrer ao implementar um meio de pagamento online. Para evitá-los, as empresas precisam pesquisar bem e escolher o melhor fornecedor de meio de pagamento, levando em conta as suas necessidades e as dos seus clientes”, aconselha o CEO da Biz.

Pina, da Edenred Mobilidade, também destaca que a digitalização e a implementação de novas tecnologias são importantes para otimizar os meios de pagamentos, mas é necessário que isso seja feito com o uso de segurança de dados e respeitando as legislações vigentes. Além da falta de segurança no armazenamento dos dados das empresas e usuários, outro fator que pode prejudicar a implementação dessas novas tecnologias é a falta de personalização das soluções, que deve considerar as especificidades dos públicos que irão utilizar as tecnologias no seu dia a dia. “É importante destacar que cada negócio e/ou setor tem suas particularidades e é preciso estar atento a elas.”

Kaghofer, da Roadcard, completa: se a escolha do fornecedor e o mapeamento da operação não forem adequados, é possível que exista um alto índice de rejeição operacional e dos contratados. Além deixar as empresas expostas com relação às obrigações legais.

“Os maiores entraves ao se adotar um novo meio de pagamento digital são situações operacionais que impeçam o motorista de receber o pagamento, por exemplo a dificuldade em abrir uma conta ou ausência de sinal de internet no momento de utilizar o recurso recebido”, relaciona, agora, Morais, da TruckPad.

O ponto que mais pode dar trabalho é em relação à adaptação dos colaboradores à tecnologia. Um dos maiores problemas que as empresas têm em implementar novas tecnologias acaba sendo a resistência ao novo. A tecnologia pode assustar os funcionários, fazendo-os se sentir incomodados em sair da zona de conforto do processo tradicional, ou ainda lhes surtindo o medo de serem substituídos por “máquinas”. Mas, é possível contornar essa situação através de algumas estratégias de engajamento dos funcionários. O treinamento é a principal estratégia, e deve ser feito garantindo que não sobrem dúvidas quanto aos procedimentos. “Outra estratégia fundamental – prossegue Campaz, da VExpenses – é encontrar seus aliados, ou seja, os early adopters. Em todas as equipes, sempre existem pessoas mais abertas à adoção de inovações tecnológicas. É importante que você consiga identificá-las dentro da sua empresa e trazê-las para o seu lado. São esses colaboradores que serão suas peças-chave durante o processo de implantação de inovações, auxiliando tanto na divulgação e sensibilização das novidades, quanto nos treinamentos de uso das novas ferramentas.”

Participantes desta matéria

Abepam: Criada em dezembro de 2021, reúne as principais empresas do setor – ConectCar, Greenpass, Move Mais, Sem Parar e Veloe – e tem a missão de contribuir com a agenda pública de mobilidade do país. O objetivo é criar um ecossistema mais eficiente e competitivo, fomentando o desenvolvimento de soluções inovadoras que impulsionem o desenvolvimento saudável do mercado em benefício da sociedade.

Biz: Infratech que atua para inspirar empresas a inovar, a pensar no futuro e na real oportunidade de desenvolver modelos de banco digital para empresas em seu ecossistema de negócios. Com 8,5 milhões de cartões ativos, processa mais de R$ 15 bilhões por ano em mais de 150 milhões de transações. No portfólio estão mais de 40 clientes de diferentes segmentos, além dos milhares de estabelecimentos credenciados que utilizam as soluções indiretamente pela intermediação de negócios com estes clientes. Possui uma plataforma completa de payment, banking e fraud-prevention, permitindo que outras marcas possam agregar valor ao negócio, oferecendo serviços financeiros como: conta digital, cartões (débito, crédito, benefícios, cargo), adquirência e soluções de crédito. Tudo isso com marca própria (White Label).

Edenred Mobilidade: É uma linha de negócios da Edenred – plataforma global e digital de serviços e meios de pagamento que atua com trabalhadores, empresas e comerciantes. Considerada líder em seu segmento, conecta 60 milhões de usuários, 2 milhões de estabelecimentos e cerca de 1 milhão de empresas-clientes, em 45 países.  No Brasil, é composta pelas marcas Ticket Log e Repom, especialistas em mobilidade e logística. Disponível para companhias de todos os portes e segmentos, a Ticket Log conecta empresas e pessoas por meio de soluções inovadoras e digitais de gestão de frotas e mobilidade. Administra 1 milhão de veículos e quase 2,5 bilhões de litros de combustível por ano. Além disso, conta com uma rede de aceitação de mais de 43 mil parceiros credenciados, entre os quais, postos de combustíveis, oficinas mecânicas e outros serviços de mobilidade, como transporte individual e aluguel de bicicletas. Já a Repom é considerada líder mundial em soluções especializadas de pagamentos. A marca oferece soluções tecnológicas que otimizam a gestão financeira e operacional de empresas, caminhoneiros e postos. Atua com mais de 3 mil empresas-clientes, de mais de 15 setores, e possui uma rede de 1.700 postos credenciados para abastecimento e recolha de documentos de frete, administrando mais de 8 milhões de transações anuais de frente e vale-pedágio, somando mais de 1 milhão de caminhoneiros atendidos por suas soluções em todo o Brasil.

Roadcard: IPEF (Instituição de Pagamento Eletrônico de Frete) homologada pela ANTT. Considerada líder no setor, com 43% de participação de mercado, oferece uma plataforma de pagamentos completa e integrada: a Solução Pamcard. Por meio desta solução, os contratantes podem pagar o frete, o vale-pedágio, o vale-abastecimento e ainda fazer a gestão de despesas e gerar o CIOT (Código Identificador da Operação de Transporte).

Rodobank: É considerada a primeira e única plataforma de pagamentos e serviços White Label focada no mercado de transporte rodoviário. Apoiada em  cima do core banking como serviço do FitBank, infratech de serviços financeiros para empresas, bancos e fintechs regulamentada pelo Banco Central, reúne ferramentas específicas do mercado de transporte rodoviário de carga com as soluções de um banco digital completo, o Bank as a Service (BaaS). Suas soluções facilitam o pagamento de Frete, Pedágio e Troco, além de suprir as necessidades de pagadoria da empresa e gestão de abastecimento e despesas da frota. Atende transportadoras, indústrias, postos de combustíveis e prestadores de serviço da área de logística, com operações que impactam mais 100 mil pessoas em todos os estados do país.

Sem Parar Empresas: Unidade de negócio do Grupo Fleetcor®, líder global em pagamentos empresariais, oferece amplo portfólio de soluções para gestão de despesas com veículos e benefícios. No segmento de gestão de veículos, a Sem Parar Empresas é considerada líder, com market share de 80% e mais de 1 milhão de veículos corporativos. Na categoria Benefícios são mais de 30 mil empresas clientes com mais de 500 mil trabalhadores. Oferece soluções completas para atender empresas de qualquer porte e de maneira integral. Desde grandes transportadoras, operadoras de transporte, empresas de serviços, comerciantes até microempresas. A gestão de frota e combustível permite às empresas manter a rentabilidade e competitividade, principalmente entre aquelas em que os combustíveis têm forte impacto nos custos. Já a gestão de benefícios contribui para a manutenção do bem-estar e produtividade dos colaboradores.

TruckPad: É considerada a plataforma pioneira na gestão de fretes e caminhoneiros e a que possui o maior número de downloads, com mais de 1 milhão de usuários registrados. Oferece solução completa de digitalização da operação logística para transportadores, incluindo o sistema transacional. Possui tecnologia de ponta a ponta, desde o início da jornada, da contratação do serviço de frete à finalização do embarque, e auxilia os motoristas a fazerem os trajetos sempre levando carga, evitando que circulem vazios e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa.

Veloe: É uma solução completa de mobilidade e gestão de frota criada pelo Banco do Brasil e Bradesco em 2018, como uma unidade de negócios da Alelo, com objetivo de tornar a mobilidade mais fluida e simples, e a gestão de frotas leves e pesadas mais eficiente. A marca é aceita em todas as rodovias pedagiadas e mais de 1.400 mil pontos – entre estacionamento de aeroportos, shoppings, prédios comerciais, hospitais, universidades, estádios e clubes. Em março de 2023, lançou a Veloe Go, marca que reúne serviços para pessoas jurídicas e inclui em seu portfólio, além de pagamento de pedágio e serviços de manutenção, soluções de telemetria, roteirização e parcerias com estabelecimentos comerciais, entre outras ferramentas de gestão, otimização de custos e inteligência de dados.

VExpenses: Plataforma que automatiza a gestão de despesas de equipes e funcionários, e tem como objetivo tornar a gestão dos gastos corporativos mais fácil, menos burocrática e sem falhas. Dessa forma, as empresas conseguem economizar tempo, ter mais organização e segurança com os dados dos colaboradores e reduzir os valores das despesas, assim como evitar possíveis desvios de conduta