Mais do que seguir leis, atuar com temperatura controlada requer o emprego de vários equipamentos e sistemas, além de ações.
Afinal, se está trabalhando com produtos perecíveis, sejam eles alimentos ou voltados para a saúde.
O monitoramento da cadeia do frio deve ser executado de acordo com os padrões definidos pelas Normas e Regulamentações ditadas pelos órgãos competentes, ou seja, ANVISA, SIF (MAPA) e outras Instituições de Certificação e Validação dos processos operacionais.
Ainda de acordo com Ozoni Argenton, sócio-diretor da OAJ Consult Consultoria & Assessoria Empresarial, colunista do Portal Logweb, membro do Conselho Executivo e Coordenador do Comitê da Cadeia do Frio na ABRALOG – Associação Brasileira de Logística, para as operações da cadeia do frio (segmento frigorificado) devem ser considerados os “níveis de temperatura” para as operações, tendo em conta as características do produto e exigências do mercado, para armazenagem, manuseio, transporte e consumo final.
· Climatizados:
– temperaturas de 10ºC a 16ºC
· Resfriados:
– temperaturas de 0ºC a 10ºC
· Congelados:
– temperaturas de -1ºC a -25ºC
· Supercongelados:
– temperaturas de -30ºC a – 50ºC
· Ultracongelados:
– temperaturas > -50ºC
Para que esse controle e monitoramento das temperaturas especificadas seja possível, são necessários alguns requisitos importantes na infraestrutura dos armazéns, como na estrutura operacional para armazenagem e movimentação dos produtos, como:
· Tipo dos equipamentos a serem utilizados para as diversas faixas de temperatura (câmaras frias, antecâmaras, túneis de congelamentos e superfreezers);
· Definição dos fluidos refrigerantes (Fréon, amônia, etilenoglicol, refrigerantes halogenados (R-404ª, R-134ª, R-507);
· Tipos de construção dos armazéns (especificação dos painéis frigoríficos, de acordo com temperaturas, especificações e revestimentos de pisos, tetos e áreas de movimentação de produtos);
· Estruturas de armazenagem dos produtos (portapaletes, drivi-in, push backs ou estruturas dinâmicas);
· Equipamentos a serem utilizados para controle e gestão dos processos operacionais (empilhadeiras elétricas, termômetros/termógrafos, coletores de dados, sistemas de apoio);
· Área de segurança – sistemas de gerenciamento de riscos, como vazamentos de fluidos refrigerantes, incêndios, danos às estruturas de armazenagem.
Para o segmento de transportes deverão ser considerados os processos operacionais de controle da temperatura dos produtos, como:
· Definição do tipo de transporte a ser efetuado (carretas frigorificadas, trucks com baús refrigerados, VUCs, vans e furgonetas), para que se possa especificar o tipo de equipamento adequado;
· Equipamento de refrigeração do veículo – Elétrico, diesel, elétrico-diesel combinado, placas euteticas, embalagens especificas para produtos resfriados;
· Processos sistêmicos de monitoramento e rastreabilidade das entregas a serem executados;
· Definição das rotas e tempo de transportes dos produtos.
Para as equipes operacionais que atuam com o transporte frigorificado (cadeia do frio), devem ser considerados os seguintes requisitos:
· Treinamento e capacitação das equipes multifuncionais;
· Padrões de segurança para operações em câmaras frias;
· Regulação e monitoramento das operações de transportes frigorificados;
· Legislações trabalhistas pertinentes a estes tipos de operações.
Além de Argenton, profundo conhecedor do segmento da cadeia do frio e que nos forneceu as informações anteriores, esta matéria especial também conta com a participação de representantes de outras empresas atuantes no setor, conforme o leitor vai encontrar a seguir. Participam:
– Robson Almeida de Oliveira, gerente executivo de Operações da Brado, referência nacional em serviços de logística multimodal, com uma estrutura própria composta por 20 locomotivas, mais de 5 mil contêineres e 2,2 mil vagões, equipamentos, armazéns e terminais, complementadas por meio de parcerias estratégicas nos principais centros de consumo do país;
– Juliano de Souza, coordenador de Operações da Opentech, empresa de tecnologia e inovação para o gerenciamento de risco e gestão logística;
– Guilherme Cunha, Project Management Office (PMO) & Operações da RV Ímola, empresa de operações logísticas voltada para a área da saúde que armazena e transporta medicamentos, insumos e vacinas e outros produtos para indústrias, laboratórios farmacêuticos, hospitais, clínicas e órgãos do Governo Federal, estados e municípios;
– Marcelo Paixão, presidente da TAFF Brasil, empresa que atende toda a cadeia do frio, com expertise no transporte, armazenagem e distribuição de alimentos congelados (-18°C a – 22°C), resfriados (0°C a 9°C) e climatizados (17°C a 22°C).
Armazenagem e Movimentação
Qual o nível de investimento que as empresas estão efetuando no mercado frigorificado, para atender as exigências deste mercado?
Argenton, da OAJ Consult: Os investimentos que as empresas ligadas à cadeia do frio, assim como Operadores Logísticos frigorificados, têm efetuado estão voltados para modernização das suas operações, infraestrutura operacional, equipamentos mais modernos, inovações tecnológicas, gestão e controles operacionais mais eficientes. Tais investimentos geram em torno de 13% da Receita Líquida dessas empresas.
Marcelo, da TAFF Brasil: Conforme regras da Agência de Vigilância Sanitária, é preciso seguir vários requisitos durante o transporte de alimentos na cadeia fria. Para isso, os investimentos estão mais focados em qualificação de pessoas, máquinas, equipamentos e frotas.
Quais as certificações necessárias para as empresas atuarem junto ao mercado frigorificado, considerando alimentos e farmacêuticos?
Argenton, da OAJ Consult: Para as empresas que atuam no segmento frigorificado, são necessárias algumas certificações para que possam desenvolver suas atividades. Podemos elencar as mais importantes para cada segmento:
Cadeia Alimentar – SIF (Serviço de Inspeção Federal – MAPA), Protocolos de Higiene e Sanitários, Certificações ISO (9001, 14001, 19011,22000), BPFM (Boas Práticas de Fabricação e Movimentação), HACCP (Hazard Analytics Critical Control Process), BRC (UK1998);
Cadeia Farmacêutica – ISO 9001, RDC 430/2020, RDC 653/2023, RDC 301 (Boas Práticas de Fabricação), Protocolos de Higiene e Sanitários, BRC – Controle de Qualidade Assegurada, Controle e Monitoramento de Câmaras Frigorificas, Monitoramento e Rastreabilidade para Distribuição.
Cunha, da RV Ímola: Licenças da ANVISA e Vigilância para transportar alimentos e medicamentos em geral. Não é obrigatório ter o certificado de Boas Práticas emitido pela ANVISA, mas é, sem dúvida, um diferencial. Contudo, esse certificado também é para tudo e não só para carga termolábel ou frigorificada. O que é essencial mesmo é ter evidências que comprovem que o equipamento funciona da forma correta – Qualificação Térmica, que é um estudo conduzido por equipes capacitadas e atesta o correto funcionamento e ter procedimentos específicos (POPs) para esse tipo de operação.
Marcelo, da TAFF Brasil: Atendemos as certificações da Anvisa para o transporte e armazenagem e alimentos.
Quais são os tipos de controle e gestão operacional que as empresas devem possuir para atender os cientes e a regulação do setor?
Argenton, da OAJ Consult: Para as empresas que atuam no segmento frigorificado tornam-se importantes o controle e a gestão das operações dos seguintes elos dessa cadeia de abastecimento: Controle de temperatura no recebimento dos produtos, na movimentação e armazenagem e expedição dos produtos; monitoramento nos transportes de transferência e no processo de distribuição física (last mile), através de sistemas de rastreabilidade de rotas/entregas; certificação dos equipamentos de transportes (próprios e terceirizados) que possuam baús isotérmicos (carretas, trucks, VUCs, vans) para que possam atender os protocolos de controle de qualidade dos produtos transportados; sistemas de roteirização, rastreabilidade das rotas de entregas, gestão de entregas (OTIF – On Time in Full) até o consumidor final.
Cunha, da RV Ímola: Rastreabilidade e controle de temperatura.
Marcelo, da TAFF Brasil: BPM (Boas Práticas Operacionais), 5S e controle de gestão gerenciado pelo SISCL-WMS.
Quais os sistemas e processos que as empresas estão utilizando para uma melhor “eficiência energética” em suas operações?
Argenton, da OAJ Consult: Com a modernização das estruturas operacionais, as empresas têm buscado uma melhor eficiência energética através de novos equipamentos (mais modernos), como a utilização de novas fontes de energia (energia solar), equipamentos de movimentação com maior eficiência energética (utilização das baterias de lítio), infraestrutura operacional baseada na redução de energia (sistemas fotovoltaico/solar) e maior eficiência operacional nos processos operacionais, com redução de consumo de energia.
Cunha, da RV Ímola: Carros híbridos, energia solar, reaproveitamento de embalagens e eficiência operacional.
Qual o fluido refrigerante mais utilizado pelas empresas atualmente?
Argenton, da OAJ Consult: Os fluidos refrigerantes mais utilizados para operação de câmaras frigorificadas são: Freon 22 (para câmaras climatizadas); amônia (NH3), para câmaras refrigeradas e congeladas; halogenados (R-404ª, R-134ª, R-507), R32 (conhecido por ser ecológico); nitrogênio líquido (N2), utilizado para ultrafreezer que necessita de temperaturas acima de -50ºC.
Cunha, da RV Ímola: Não usamos exatamente fluidos para resfriamento. Nas caixas, usamos “Espuma Fenólica” e os PCMs. E nos caminhões usamos ar-condicionado a base de gás para resfriamento do baú.
Marcelo, da TAFF Brasil: Freon 404.
Transportes e Distribuição de Produtos
Quais os tipos de veículos que as empresas estão utilizando atualmente para o transporte de longa distância (transferências)?
Oliveira, da Brado: A Brado é uma operadora logística que faz o transporte multimodal em contêineres usando trens nas distâncias longas e caminhões nos trechos curtos. No caso de cargas congeladas, usamos contêineres reefer, ou refrigerados. Fazemos essa operação com o reefer nas rotas Rondonópolis (MT) – Santos (SP); Rondonópolis (MT) – Sumaré (SP); Cascavel (PR) – Paranaguá (PR) e Cambé (PR) – Paranaguá, transportando carne congelada de boi, frango e suínos para exportação. Como exemplo, vamos usar a rota Cambé – Porto de Paranaguá, fortemente ligada ao frango. Em 2022, o produto representou 60% do movimento no corredor Paraná e 28% de todas as cargas da companhia. A operação começa no Porto de Paranaguá, de onde o contêiner reefer de 40 pés sai vazio em direção aos terminais multimodais de Cambé. Lá o contêiner passa por um processo de preparação, com testes do maquinário e de temperatura, eventuais reparos em avarias estruturais e higienização. Essa avaliação é feita por empresas reparadoras nomeadas pelos armadores, que são os proprietários dos contêineres. Assim que o equipamento está apto, é transportado de caminhão para a planta do cliente, onde é realizada a estufagem (carregamento do contêiner), com 27 toneladas de cortes variados de frango congelado e embalado e tem a documentação emitida. O contêiner volta ao terminal, é ligado na energia elétrica e, enquanto está no pátio, passa por frequentes monitoramentos de temperatura. Cada cliente tem suas especificações, mas em média a temperatura de saída da fábrica dos contêineres é de -18ºC. Os contêineres são carregados em trens de 41 vagões, que percorrem 633 km em cerca de três dias e meio pela ferrovia que chega até o Porto de Paranaguá, de onde seguem para diversos países, principalmente China, África do Sul, Japão, Emirados Árabes Unidos, Filipinas e México.
Argenton, da OAJ Consult: Os veículos utilizados para transportes de transferência de produtos frigorificados são, na sua maioria, cavalo mecânico + carreta (baú isotérmico) (I), como também os bitrens que se utilizam de um cavalo mecânico acoplado a duas carretas (baús isotérmicos) (II).
A capacidade de cada equipamento pode variar de acordo com a especificação de cada um deles. Em média, pode se considerar: Equipamento convencional = 28 paletes/26,0 tons (I); Equipamento bitrem = 56 paletes/52 tons (II).
Souza, da Opentech: O maior volume de veículos refrigerados está concentrado em carreta do tipo baú, porém, é possível encontrar no mercado outros tipos de veículos, principalmente contêineres – muito utilizados em exportação – e veículos leves para menor volume de transporte.
Cunha, da RV Ímola: Toco, truck e carreta. Tudo depende do tamanho da carga, considerando sempre que os carros precisam ser qualificados.
Marcelo, da TAFF Brasil: Carreta, bi-truck e truck. Em relação às carretas, a nossa frota é composta por carretas refrigeradas e equipadas com divisórias tripartidas para temperaturas distintas (climatizado, resfriado e congelado), que atendem desde a saída de nosso CD até o ponto final de entrega.
E para a distribuição do Last Mile?
Argenton, da OAJ Consult: Para as operações de distribuição física (last mile), que faz o atendimento ao comércio varejista e ao consumidor final, as empresas utilizam veículos de menor porte e capacidades, empregando, na sua maioria, equipamentos de refrigeração específicos. Exemplo: VUCs – capacidade de 4,0 tons; Vans – capacidade entre 1,5 e 2,5 tons; Furgonetas – capacidade de até 0,70 tons.
Para atendimento das operações de Fast Food e Food service, entre outras operações similares, muitas das empresas também se utilizam de veículos de grande e médio portes (trucks, tocos) com baús isotérmicos com três temperaturas – congelado, resfriado e seco. O objetivo é aumentar o drop size de distribuição e reduzir os custos de entregas.
Souza, da Opentech: No Last Mile, temos uma alta concentração de utilitários e carretas baú de menor porte. Em um dos clientes Opentech, onde monitoramos toda operação Last Mile a nível nacional, se trabalha com utilitários de pequeno e médio porte para realizar a distribuição dos produtos.
Cunha, da RV Ímola: Fiorinos, caminhonetes e VUC (3/4). Tudo depende do tamanho da carga, considerando sempre que os carros precisam ser qualificados.
Marcelo, da TAFF Brasil: Fiorino, van, VUC, caminhão ¾, toco e truck.
Que tipo de equipamento é mais utilizado para o transporte frigorificado de curtas e longas distâncias?
Argenton, da OAJ Consult: Os equipamentos de refrigeração utilizados ganharam eficiência e modernização nos últimos anos, em face ao desenvolvimento e demanda constante do mercado frigorificado. Como exemplo, podemos citar: Equipamentos elétricos; equipamentos com motor diesel; equipamentos híbridos (elétrico/diesel acoplados). Todos esses equipamentos utilizam-se de gás refrigerante ecológico (R452A) e têm controle de emissão de poluentes. Podem ser utilizados para transportes em temperaturas controladas – congeladas, resfriadas e climatizadas).
Souza, da Opentech: O principal equipamento utilizado é o aparelho de frio, tendo seu sensor conectado à tecnologia de rastreamento instalada no veículo. Existem outros equipamentos que são acoplados aos aparelhos de frio e permitem um maior controle da temperatura, podendo até realizar comandos remotos diretos ao aparelho.
Cunha, da RV Ímola: Carro refrigerado = carro (citados anteriormente) + Baú climatizado + equipamento de refrigeração. O combo dos três deve ser validado pelas práticas farmacêuticas, a fim de garantir a estabilidade.
Quais os investimentos necessários para o desenvolvimento de veículos elétricos para o segmento frigorificado?
Argenton, da OAJ Consult: Com a necessidade de redução dos custos e aumento da eficiência energética, as empresas que atuam na distribuição urbana recentemente iniciaram testes com a utilização de veículos elétricos (VEs) para as operações de Last Mile. Porém, o que se tem observado na prática é que embora seja a solução ecologicamente correta para a redução dos poluentes de carbono (CO2) no trânsito, os investimentos ainda assustam quando comparados aos em veículos tradicionais (VCs) utilizados até então. Podemos assim dizer que os investimentos em um veículo elétrico (VE), comparados aos em um veículo tradicional (VC) com as mesmas características operacionais, chegam a variar em até 50%, considerando o tipo e equipamentos que serão utilizados.
Cunha, da RV Ímola: Autonomia de bateria e capacidade de sustentar a refrigeração da carga.
Marcelo, da TAFF Brasil: Investimentos em recargas elétricas com painel solar e na própria frota.
Para Gestão e Controle Operacionais
Quais os sistemas mais utilizados para controle das temperaturas nos transportes?
Argenton, da OAJ Consult: Os sistemas mais utilizados para gestão e controle das temperaturas dos produtos nas operações de transportes (transferências/distribuição física) são: Controle de temperaturas dos baús frigorificados; controles de monitoramento e rastreamento de rotas; controles de paradas (programada ou não) nas rotas de entregas; aberturas de portas do baú frigorificado. Todos esses controles são efetuados através de instalação de sensores e componentes eletrônicos nos veículos, e são gerenciados em real time pelos operadores. Atualmente existe no mercado uma série de empresas de tecnologia (startups, provedores de solução) que já atuam especificamente em sistemas para garantir os melhores resultados.
Souza, da Opentech: Atualmente não existe definição de um sistema específico no mercado, as gerenciadoras de risco que prestam serviço em outros segmentos acabam assumindo essa demanda por uma necessidade existente de visibilidade e monitoramento. A Opentech é considerada referência em monitoramento de cargas refrigeradas e líder no segmento frigorificado, tendo o Open SIL como principal ferramenta para monitoramento e visibilidade em tempo real durante todo o percurso da viagem. A cada posição de temperatura emitida pelo equipamento, temos uma inteligência de software que realiza o processamento e cálculo do índice de qualidade da viagem, podendo gerar alertas preventivos em casos de anomalia. A empresa também desenvolveu o Open Temp, uma solução exclusiva, capaz de entregar assertividade e precisão das informações, além de reduzir significativamente o custo mensal com o aparelho termógrafo. Com o Open Temp foi possível aplicar um case de sucesso na operação Friboi, onde a troca de termógrafos descartáveis pelos QR Code evita a emissão de 13,5 toneladas de plástico, 600 kg de papel e 1,5 tonelada de metal. Outros ganhos são redução nas emissões de 30 toneladas de CO2 ao ano e diminuição do uso de 1 milhão de litros de água.
Cunha, da RV Ímola: Termo-higrômetros online e rastreamento de veículos.
Marcelo, da TAFF Brasil: Sistrad, Ominisat.
De que forma deve ser implantado o sistema de rastreabilidade de produtos nas câmaras frias (armazenamento) e nos transportes (distribuição)?
Argenton, da OAJ Consult: A rastreabilidade dos produtos, quer seja na armazenagem e movimentação, quer seja nos transportes, deve ser utilizada sempre que haja a necessidade e/ou exigência por parte dos produtores. Tais processos visam garantir a confiabilidade e perecibilidade dos produtos através do controle das temperaturas, muitas vezes necessário para a manutenção das suas características originais. A implantação deste sistema se dá com o controle de temperatura e umidade do ambiente, através de dataloggers e sensores instalados junto às unidades operacionais (câmaras frias, antecâmaras, túneis de congelamentos etc.).
A medição e o controle dessas temperaturas podem ser efetuados através de gráficos, sistemas de captação de dados ou mesmo em real time pelos operadores.
Souza, da Opentech: Em relação ao transporte, com base na experiência de clientes atuais, é importante regularizar toda a frota com a instalação dos equipamentos de frio e sensores de temperatura de forma padrão nos baús e realizar a aferição dos sensores após instalação, a fim de garantir que estão reconhecendo a temperatura correta. A cada novo transporte é importante realizar um teste de frio antes do carregamento, mantendo, assim, a recorrência de aferição do sensor de temperatura e garantia de sua funcionalidade em perfeitas condições.
Cunha, da RV Ímola: A palavra-chave é rastreabilidade. O sistema deve permitir controle e visibilidade em tempo real com alertas de temperatura fora da faixa.
Marcelo, da TAFF Brasil: No armazém deve ser com aferição de temperatura na entrada dos produtos, relatórios diários de temperatura e aferição na saída dos produtos do armazém. No transporte, controles com termógrafos com medições durante as viagens.
Quais impactos positivos e de redução de custos esses sistemas têm proporcionado aos Operadores Logísticos?
Argenton, da OAJ Consult: A aplicação de sistemas mais avançados, equipamentos mais eficientes, soluções sistêmicas através de softwares de apoio, entre outras inovações tecnológicas, têm possibilitado aos fornecedores, Operadores Logísticos, redes de varejo e clientes uma redução de custos em toda a cadeia alimentar. Por outro lado, a eficácia destes sistemas de controle e gestão tem permitido uma maior durabilidade dos produtos (shelf life), assim como a redução drástica de perdas de produtos por falta de temperatura ou má conservação dos mesmos.
Souza, da Opentech: Realizar o controle de temperatura de forma eficiente, garantir a qualidade dos sensores instalados nos veículos e possuir uma torre de controle logística monitorando em tempo real a operação são a receita de sucesso para redução de custos. Na Opentech, temos diversos cases de sucesso no segmento frigorificado. Como principais resultados, temos redução de 80% das perdas de cargas frigorificadas e aumento de 34% na qualidade de informação das viagens monitoradas.
Cunha, da RV Ímola: Confiabilidade da operação, satisfação do consumidor, responsabilidade social e otimização de cargas.
Marcelo, da TAFF Brasil: Maior controle da temperatura para cada tipo de produto, isso não quer dizer que se tenha redução de custo, mas somente um maior controle de temperatura.
Para Operadores Logísticos
Quais os investimentos necessários na Cadeia do Frio para que se possa atender as demandas do mercado?
Oliveira, da Brado: Para que possamos atender a demanda são necessários investimentos em sistemas de controle, monitoramento e qualidade. Com o monitoramento, podemos acompanhar a disponibilidade de contêineres na ferrovia, rodovia e entrega do carregado. Dispomos de sistemas que permitem ao cliente acompanhar a temperatura do contêiner, além do rastreamento da carga até a entrega no porto. Para acompanhar essa tecnologia, precisamos investir também em qualificação dos colaboradores, tanto na parte técnica quanto no atendimento, para que entendam as necessidades de cada cliente. Em termos de estrutura, os terminais precisam ser equipados com tomadas para que os contêineres permaneçam ligados. Hoje os terminais da Brado têm 335 tomadas em Cambé, 145 em Rondonópolis, 50 em Sumaré e 40 em Cubatão.
Argenton, da OAJ Consult: O mercado frigorificado é um segmento da logística que tem apresentado um crescimento constante, tanto no Brasil como no exterior.
Para se ter noção desse crescimento, nos últimos 5 anos esse segmento cresceu no Brasil na ordem de 48%; e ainda com perspectivas de continuar crescendo.
Os investimentos necessários para as instalações no segmento frigorificado no Brasil deverão levar em conta uma série de fatores críticos para que se obtenha um crescimento sustentável ao longo dos anos. Podemos citar como pontos importantes os seguintes fatores: Localização da unidade operacional – raio de abrangência; incentivos fiscais/tributários da região definida; características construtivas da nova unidade operacional – infraestrutura, equipamentos, dimensões de área necessária (pátios, escritórios, áreas de suportes); suporte de Tecnologia & Informações (sistemas controle e gestão); certificações e protocolos necessários para a operação da unidade. Para concluir, um estudo detalhado da análise de viabilidade técnica-financeira dos investimentos e seu ROI (returno n Investments), para garantir a viabilidade dos investimentos.
Souza, da Opentech: Investir em equipamentos para controle de temperatura de qualidade, manter recorrência de manutenção no aparelho de frio para garantir a funcionalidade em perfeitas condições. Manter os transportadores adequados ao nível de serviço esperado na operação, realizando treinamentos recorrentes sobre os procedimentos para transportes de carga frigorificadas. Possuir um sistema completo para monitoramento da temperatura durante o transporte, garantindo a eficiência do início da operação até seu descarregamento.
Cunha, da RV Ímola: Adequar-se às necessidades legais da RDC 430, climatização do CD e do transporte e rastreabilidade.
Qual o nível de profissionalização atual dos Operadores Logísticos para atender o nível de serviços exigido pelos clientes?
Argenton, da OAJ Consult: As empresas do segmento frigorificado cada vez mais têm investido em cursos de especialização, treinamentos e capacitação para as pessoas que atuam nesse segmento. No ano de 2022, as empresas do segmento investiram cerca de 3,5% da sua Receita Líquida em profissionalização das suas equipes multifuncionais. Dentro os programas de profissionalização e capacitação, podemos citar: Desenvolvimento em sistemas de gestão; controle de qualidade assegurada na cadeia do frio; prevenção e segurança operacional no trabalho; manutenção preditiva e preventiva de equipamentos de frio; e controle e redução de perdas. O objetivo a ser alcançado é incentivar o desenvolvimento do conhecimento técnico para as equipes multifuncionais nas empresas e indústrias do setor frigorificado, com o objetivo de criar maior conhecimento do potencial desse mercado e a necessidade dos conhecimentos específicos que são requeridos.
Souza, da Opentech: Percebemos que tem evoluído de forma significativa o profissionalismo de Operadores Logísticos e, principalmente, de transportadores e embarcadores. A procura por um sistema que traga visibilidade em tempo real e como pode ser agregado valor na operação com alertas e notificações de desvios de temperatura está chamando cada vez mais a atenção do mercado. Os resultados de grandes embarcadores em eficiência de transporte e redução de custos têm contribuído para que o mercado como um todo se movimente com a preocupação de garantir a qualidade das mercadorias que chegam ao consumidor e otimizar cada vez mais o transporte de frio.
Cunha, RV Ímola: A especialização do profissional deve garantir que ele esteja preparado para a automação dos processos, IOT e inteligência artificial.