Planejamento estratégico no TRC mantém equilíbrio em meio às oscilações do mercado

Após um primeiro semestre com números crescentes nos serviços no Brasil, conforme a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o volume do setor no país diminuiu 0,9% em agosto em comparação com julho. Esse resultado ficou abaixo das expectativas do Valor Data, que previu um aumento de 0,4%.

Na comparação com agosto de 2022, o indicador foi oposto, registrando alta de 0,9%. No acumulado de 12 meses até agosto de 2023, houve um crescimento de 5,3%, e nos primeiros oito meses deste ano, de 4,1%. As principais atividades monitoradas pela PMS ocorreram principalmente no segmento de transporte, de serviços auxiliares e de correio, exercendo a principal influência negativa, com queda de 2,1% em agosto.

Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística – empresa transportadora localizada no sul de Santa Catarina, em Araranguá –, discute os desafios enfrentados pelo transporte rodoviário de cargas (TRC) diante desses números.

“Apesar de notarmos uma grande movimentação de veículos nas estradas, também ocorreu uma redução na demanda no setor. Quando há pedidos, os custos muitas vezes não compensam a operação. Esta redução está relacionada à dificuldade da população em se adaptar aos aumentos de preços provocados pela inflação acumulada nos últimos anos”, comenta o executivo.

Historicamente, o TRC passa por instabilidades durante a temporada, especialmente durante mudanças de gestos governamentais, gerando incertezas para as empresas em relação aos próximos passos das lideranças. Por outro lado, para minimizar o impacto interno, as organizações propõem planejamentos estratégicos anuais bem alinhados.

“Em momentos de incerteza, é sempre importante reavaliar os controles da empresa e analisar os indicadores macroeconômicos antes de tomar decisões. Em setores com tantos riscos como o nosso, é necessário avaliar se é o momento de crescer, aumentando os riscos, ou de focar em alternativas que diminuam os desafios, otimizando as operações existentes. Isso requer estudo e mapeamento constantes”, destaca Franco.

Projeções e serviços

Apesar da distância nas estatísticas entre o primeiro e o segundo semestre deste ano, as expectativas para 2024 permanecem otimistas. Segundo o Banco Central, a projeção para o próximo ano é de 1,8%, conforme informações do Relatório de Inflação (RI) trimestral divulgado em setembro.

Dessa forma, as empresas começam a se movimentar para equilibrar os acertos e os erros promovidos atualmente, preparando-se para uma nova temporada ainda mais animada. “É difícil projetar o setor, visto que até mesmo os economistas de grandes organizações financeiras têm revisado suas projeções com certa frequência. Mas acredito que teremos desenvolvimento, especialmente na tecnologia do setor. As empresas têm buscado cada vez mais formas de fornecer mais segurança aos motoristas e cargas ao mesmo tempo que os embarcadores utilizam cada vez plataformas digitais nas atividades”, pondera o empresário.
 

Quanto às demandas de serviços, as preocupações das empresas não estão apenas nos desafios logísticos e estruturais, mas na busca por melhorias econômicas para o país como um todo, além de adaptação às novas legislações vigentes.
 

“Sem dúvida, a pressão da inflação sobre a população intensifica a diminuição do consumo. Também temos os impactos climáticos em diferentes regiões do país que afetam as produções. Por outro lado, devemos observar quais serão os impactos das alterações na Lei dos Motoristas, principalmente para viagens mais longas. Em resumo, uma série de fatores que deverão ser acompanhados de perto para que as empresas consigam passar por tempos turbulentos”, conclui Franco Gonçalves.