A Atacadista adicionou ao Prêmio Log Assaí critérios de ESG em categoria voltada à redução de carbono
Em sua 3ª edição, o Prêmio Log Assaí, que reconhece os fornecedores do Assaí Atacadista que tiveram os melhores indicadores de logística ao longo de 2023, premiou as empresas Colgate, JDE e PepsiCo. O evento ocorreu no dia 28 de março, no auditório da matriz da Companhia em São Paulo (SP). A Logweb foi convidada a acompanhar in loco a premiação.
Segundo João Andrade, diretor de Logística do Assaí Atacadista, a logística representa um dos principais pilares da empresa para manter excelência operacional, garantindo lojas bem abastecidas, estoques adequados e sortimentos diversificados.
“Reconhecer nossos fornecedores e parceiros engajados, que mantêm um alto padrão de serviço em suas entregas logísticas, é fundamental para fortalecermos nossas parcerias e estimularmos as melhores práticas na cadeia de abastecimento. Além disso, este ano incorporamos um importante indicador ESG dentro da estratégia do Assaí que adota critérios de sustentabilidade de maneira transversal em toda a sua operação,” explicou Andrade.
A Colgate venceu enquanto referência de práticas logísticas, com índice de 97,2%. Em segundo ficou a Bombril, com 97,1% e, em terceiro lugar, com índice de 97%, a Mondelez.
Já a PepsiCo recebeu destaque na categoria especial de sustentabilidade incorporada à prática logística. Este é o primeiro ano em que o critério passou a ser avaliado.
Além disso, o Assaí também acrescentou, como parte do reconhecimento em desempenho logístico, uma premiação específica à empresa que mais evoluiu nos indicadores elencados ao longo do ciclo. Quem ficou com o posto foi a JDE (Jacobs Douwe Egberts), que cresceu 15,1 pontos percentuais. Na sequência vieram Ambev, Heineken, P&G e Kraft Heinz. Dos participantes, 52% melhoraram seu desempenho, 20% mantiveram e 28% pioraram.
A avaliação dos vencedores baseou-se em três indicadores de eficiência na cadeia de suprimentos: o No Show, que avalia o cumprimento dos agendamentos de entregas; o In Full, que analisa se foram entregues os itens e as quantidades agendadas; e o Fill Rate, que verifica se o pedido de compra foi atendido na sua totalidade.
A categoria Sustentabilidade diz respeito às boas práticas na cadeia de abastecimento. Para o cálculo da nota foram considerados: uso de combustíveis alternativos em operações próprias e do Assaí, treinamento de motoristas com práticas de condução eficiente e de segurança, instalação de sistemas de telemetria e de otimização de rotas e elaboração de inventário de gases de efeito estufa (GEE). O cálculo das notas se deu por meio do preenchimento de formulário, respondido pelas participantes.
A nova categoria sinaliza que dentre os respondentes, 47% utilizam combustíveis alternativos e 82% possuem inventário de emissões GEE relacionados à logística.
No total, participaram do 3º Prêmio Log Assaí 25 fornecedores, que representam 50% do faturamento do Assaí. Para 2024, mais cinco também irão concorrer, chegando a 30: Bauducco, Piracanjuba, L´Oreal, SC Johnson e Softys.
Outra novidade para 2024 é a inclusão do indicador de ruptura, que inclui: ruptura de gôndola, ruptura com estoque no CD, ruptura comercial e ruptura do fornecedor.
Case da PepsiCo
A cerimônia de premiação contou com a apresentação do case de sucesso da PepsiCo, abordando as práticas relacionadas aos resultados computados para a elaboração do ranking de sustentabilidade.
Quando esta categoria de prêmio foi introduzida, foi um momento emblemático para a PepsiCo, pois refletiu o início de uma nova abordagem centrada em frota sustentável. A empresa passou a direcionar sua atenção não apenas para o nível de serviço e ruptura, mas também para a qualidade e sustentabilidade das operações de entrega.
“Com uma frota considerável em operação, abastecendo uma ampla rede de lojas, nosso foco passou a ser como melhorar a qualidade e a eficiência de nossas entregas. Foi a partir desse contexto que o prêmio e o programa de sustentabilidade ganharam relevância, levando-nos a conectar essas iniciativas com nosso time de transportes para tornar nossa frota mais sustentável”, explicou Klecius Souza, líder de operações da Control Tower da PepsiCo.
A PepsiCo realiza cerca de 12 mil entregas por mês, sendo o Assaí um parceiro fundamental nesse processo. Em 2023, foram registradas mais de 5 mil entregas diretas em todo o Brasil para a atacadista, tanto realizadas por meio de parcerias como com própria frota.
Falando especificamente sobre frota primária, atualmente a PepsiCo opera em três principais plantas: Itu (SP), Sete Lagoas (MG) e Curitiba (PR). São 254 cavalos mecânicos e 658 carretas.
Em relação à sustentabilidade, dos 254 cavalos mecânicos, 69 já são movidos a GNV, o que resulta em uma série de benefícios ambientais e econômicos. “A adoção do GNV nos permitiu reduzir as emissões de NO2 em até 85% e obter uma economia de 19% nos custos operacionais em comparação com o diesel. Além disso, a economia de combustível chega a 17% com o uso de veículos a GNV, enquanto a redução das emissões de CO2 em comparação com o diesel é de 22%”, contou Igor Souza, líder de frota Brasil da PepsiCo.
No entanto, a transição para veículos movidos a GNV não foi sem desafios. A infraestrutura de abastecimento de GNV no Brasil ainda é limitada, especialmente para veículos de grande porte, como os cavalos mecânicos. Além disso, o custo do GNV aumentou significativamente nos últimos anos, rivalizando, em alguns momentos, com o preço do diesel.
“Nesse contexto, a busca por fontes alternativas de combustível, como o biometano, tornou-se uma prioridade. Estamos empenhados em expandir essa iniciativa e, inclusive, planejamos inaugurar um ponto de abastecimento de biometano em nossa planta de Itu, tornando-nos a primeira empresa a realizar o abastecimento interno de caminhões com esse gás”, revelou.
Outro ponto importante é o uso de veículos elétricos na frota, que representam uma redução significativa nas emissões de CO2. Em 2023, a PepsiCo introduziu o primeiro veículo elétrico de grande porte no Brasil, o que contribuiu para uma redução de 78 toneladas de CO2 por ano em comparação com os veículos a diesel.
Além das iniciativas relacionadas aos combustíveis, a empresa também investiu no reaproveitamento de materiais. “Já utilizamos baús de fibra que incorporam nossas próprias embalagens e garrafas PET recicladas. Cada uma pode conter até 980 garrafas e 1.950 embalagens. Este ano, em parceria com empresas em Israel, identificamos um material derivado de resíduos orgânicos que podemos misturar à fibra dos baús. Essa nova composição não apenas melhora a resistência e durabilidade, mas também contribui para a redução do peso e o aumento da eficiência térmica”, ressaltou Igor.
Outro destaque é o gerenciamento de pneus. Atualmente, há cerca de 9 mil a 10 mil pneus em sua frota. “Cada um é equipado com um chip de identificação e um número único, permitindo um rastreamento eficaz durante todo o ciclo de vida. Quando um pneu chega ao fim de sua vida útil e precisa ser descartado, garantimos que isso seja feito de forma ecologicamente responsável”, explicou Igor.
Além disso, a empresa adota uma política de substituição antecipada dos pneus, visando prolongar sua utilização e aumentar a eficiência do processo de recapagem. Isso permite reduzir o consumo de recursos. Para ilustrar, durante um ciclo de vida de um pneu novo, são utilizados aproximadamente 79 litros de petróleo, enquanto um recapado consome apenas 22 litros. Essa diferença representa uma economia de cerca de 32 kg de CO2 por unidade recapada.
Em 2023, a Pepsico reduziu 41 toneladas de CO2 apenas por meio da utilização de pneus recapados. E para 2024 almeja entregar uma redução de 50 toneladas, o que equivale a aproximadamente 1.500 pneus recapados adicionais incorporados à frota.
O mercado em 2023
Em comparação a anos anteriores, em 2023 a expansão do Assaí se deu em um ritmo menor. Nos últimos três anos, a empresa abriu 115 lojas. Em 2022, foram inauguradas 60, enquanto no ano passado, o número reduziu para 27. Mesmo assim, um desafio significativo dadas às dimensões das lojas e seu alcance territorial, como explicou Wlamir dos Anjos, vice-presidente de Comercial & Logística do Assaí Atacadista. “Apesar das dificuldades enfrentadas em 2023, fomos uma das poucas empresas a registrar lucro líquido no ano, tanto no varejo alimentar quanto no não alimentar”, lembrou.
Durante o ano passado, o Assaí alcançou a maior penetração nos lares do Brasil, segundo pesquisa da Nielsen, mesmo em comparação com o principal concorrente, que possui aproximadamente 80 lojas a mais. Atualmente, em cada quatro lares, um realiza compras em suas lojas. Este feito foi alcançado mesmo sem a presença da empresa em três estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e, na época da pesquisa, sem a inauguração da loja no Espírito Santo.
Em 2023, em média, o Assaí atendeu cerca de 35 milhões de clientes em suas lojas, totalizando 290 milhões de transações ao longo do ano. Estima-se que, em média, a cada transação, aproximadamente uma pessoa e meia estava envolvida, o que significa que mais de 400 milhões de pessoas passaram pelas lojas da empresa durante o ano. No ano passado, seu faturamento chegou a R$ 72,8 bilhões.
Expectativas para 2024
Em 2024, o Assaí vislumbra um cenário de mercado mais promissor, embora reduzirá sua expansão, com a abertura de 15 novas lojas. São sete em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, uma no Espírito Santo e outras distribuídas pelo Norte e Nordeste.
Segundo Wlamir, o apoio dos fornecedores do Assaí é vital, principalmente quando se fala em regionalização. “Observamos um alto nível de maturidade nas relações comerciais e logísticas, especialmente em São Paulo. No entanto, ao expandirmos para outras regiões, nos deparamos com desafios que exigem crescimento e aceleração. Embora falemos a mesma língua em todo o país, é essencial falar a mesma linguagem. O que atende às necessidades dos clientes em uma região pode não ser eficaz em outra, devido às diferentes características de consumo, poder aquisitivo e cultura”, expôs.
Logística própria
Para sustentar o crescimento do seu negócio, o Assaí divide o Brasil em duas grandes regiões, ganhando mais velocidade na tomada de decisão. Os Centros de Distribuição estão divididos em Regionais, com o objetivo de melhorar o atendimento das lojas e áreas parceiras.
A atacadista conta com 11 CDs, que totalizam 291.000 m2 de área total, 252.000 m2 de área de armazenagem, 285.000 posições-palete e mais de 3.100 colaboradores.
A logística é predominantemente gerenciada internamente pela empresa, embora haja exceções. No Ceará, devido ao alto volume de operações com produtos perecíveis, a empresa escolheu trabalhar com um Operador Logístico. Assim, enquanto muitos itens são entregues diretamente pelos fornecedores nas lojas, aqueles centralizados passam pelo OL.
A descentralização da logística representa cerca de 70%. Algumas lojas são totalmente abastecidas diretamente pela indústria, enquanto os CDs servem para abastecer lojas menores e categorias de baixo giro. Das 288 lojas, 221 são atendidas pelos CDs. Por exemplo, no Paraná, há cerca de 10 lojas, a maioria em Curitiba, com outras em Londrina, Maringá e uma nova em Foz do Iguaçu. Estas possuem estrutura logística própria e capacidade de armazenagem suficiente, permitindo a entrega direta pelos fornecedores.
Este modelo não se limita ao Paraná, sendo também aplicado em regiões como Minas Gerais, algumas lojas na região norte e até mesmo em algumas lojas de São Paulo. Dependendo do volume de vendas e localização da loja, é possível optar por receber mercadorias diretamente do fornecedor. Por exemplo, na loja da Aricanduva, de grande porte, se há uma alta demanda por um produto específico, como uma carreta de papel higiênico em uma semana, não faria sentido trazer essa carga do CD para a loja, o que poderia aumentar a poluição e congestionamento nas ruas.
O Assaí também está implantando um novo Sistema de Gerenciamento de Armazém (WMS). “Iniciamos esse trabalho no ano passado, com a primeira implementação em nosso CD de Pernambuco, localizado no município de Paulista. Realizamos todo o desenho e parametrização do sistema, e agora, em janeiro, começamos a implementação efetiva”, contou Andrade.
A expectativa para este ano é conseguir expandir para pelo menos mais uma ou duas das grandes Centrais de Distribuição, seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo. “Esperamos obter ganhos significativos de produtividade e eficiência com o novo sistema. Ou seja, almejamos realizar inventários de forma mais rápida e eficiente, além de aumentar nossa capacidade de movimentação de produtos sem a necessidade de aumentar os recursos disponíveis. Nosso antigo WMS, que data de 2010, já não conseguia mais acompanhar nossas necessidades de crescimento e otimização”, revelou.
Após cerca de três anos de estudos de mercado e avaliação de diferentes sistemas, o Assaí optou pela solução de WMS da Infor. “Estamos confiantes de que esse investimento nos permitirá alcançar nossos objetivos de eficiência e produtividade, e esperamos implementar o novo sistema em todas as centrais de distribuição nos próximos dois anos”, disse.
Agora em termos de equipamentos, o Assaí conta com 635, incluindo empilhadeiras e transpaleteiras, a maioria elétricas, e 588 carros, para atender 211 lojas.
“O foco é manter uma renovação constante desse parque, pois a maioria dos equipamentos é própria, não trabalhamos com locação. Isso inclui não apenas as empilhadeiras, mas também todos os periféricos necessários, como baterias e carregadores”, expôs Andrade.
Atualmente, um dos seus principais parceiros é a Crown, sediada em Jundiaí (SP), que fornece uma parte significativa da frota, com destaque para as empilhadeiras elétricas. “Cerca de 95% de nossas empilhadeiras são elétricas, refletindo nossa preocupação com a sustentabilidade e a eficiência energética. Algumas a combustão ainda são utilizadas para movimentações externas ou operações específicas”, acrescentou.
Transporte terceirizado
Em 2022, o Assaí movimentou 109 mil veículos na área de recebimento, e cresceu 11% em 2023, chegando a 121 mil. Na área de expedição, o aumento foi de 5%: de 134 mil em 2022 para 141 mil em 2023. No total, a movimentação de veículos cresceu 8%, de 243 mil em 2022 para 262 mil em 2023.
Em relação à frota, o Assaí adota um modelo terceirizado, contando com mais de 40 transportadoras, algumas delas parceiras desde o início. “Essas empresas são dedicadas exclusivamente à nossa operação, o que significa que os veículos não atendem outros clientes. Embora sejam independentes, elas têm uma relação próxima e duradoura conosco”, explicou Andrade.
Quanto à questão da sustentabilidade, o foco está em apoiar essas organizações menores. “Pagamos um preço justo pelos serviços prestados, alinhado com o mercado, para que possam se manter financeiramente. Além disso, incentivamos a renovação da frota, mantendo um limite máximo de idade de cinco anos. Entendemos que veículos mais antigos tendem a poluir mais e gerar mais problemas ambientais”, disse.
O Assaí também busca maximizar a eficiência dos transportes, utilizando carretas maiores sempre que possível, por exemplo, carretas de 30 paletes e rodotrens, que permitem transportar grandes volumes de mercadorias com um único veículo. Em algumas situações, é necessário um veículo menor, o truque. “Estamos trabalhando em conjunto com essas transportadoras, saindo de 16 para 20 paletes, mantendo praticamente o mesmo nível de poluição. Algumas transportadoras já nos procuraram para discutir investimentos mais amplos, como a adoção de veículos elétricos, outras alternativas de combustível mais sustentáveis e até o uso de telemetria”, acrescentou Andrade.
Veja no Portal Logweb os vencedores da 2ª Edição do Prêmio Log Assaí.