Logística na construção civil e nos canteiros de obras: características próprias exigem atenção

Canteiros de obras pequenos, materiais entregues em pequenas quantidades, prazos apertados e nem sempre cumpridos, falta de transparência no agendamento e nas entregas. Estes são alguns fatores que marcam a logística neste segmento.

Com o crescimento acima da média do setor de construção civil no Brasil, priorizaram-se investimentos nas áreas estruturais e maquinários, deixando em segundo plano o desenvolvimento de outras frentes que não têm o impulsionamento da produção como um impacto direto, a exemplo da logística. 

Assim, de acordo com Samuel Oliveira, fundador e CEO da Topcon, em decorrência da valorização tardia da conexão entre os dois ramos, há diversos desafios a serem implementados na logística da construção civil: gestão de rotas e tráfego; atrasos e garantia de entrega nos prazos estipulados; falta de transparência no agendamento e nas entregas; falta de manutenção da frota: veículos sem manutenção preventiva ou falhas e avarias inesperadas, podendo resultar em atrasos e custos adicionais; previsão de demanda precária: precisão na demanda do concreto é crucial para otimizar a produção e a logística, e a falta de previsão pode levar a excessos ou escassez, impactando negativamente a eficiência operacional; falta de comunicação eficaz e visibilidade ao longo da cadeia de suprimentos, resultando em mal-entendidos, atrasos e falhas na entrega; relacionamento com o cliente final: possibilitar transparência, visibilidade e autonomia ao cliente;  falta de processos sustentáveis em prol da redução do consumo de combustível;  escassez de ferramentas para o acompanhamento instantâneo das entregas, com rastreamento da carga, monitoramento em tempo real e geolocalização; canteiro de obra inadequado, com fluxos desorganizados, com o objetivo de garantir um grande aproveitamento logístico e evitar acidentes de trabalho; falta de recursos tecnológicos; excesso de uso de papel ou planilhas, sem ferramentas para gestão da informação, ou sistemas sem integração, ocorrendo a perda de dados, inconsistências, resultando em possíveis erros; falta de pontualidade no descarregamento do material, após o mesmo chegar na construção, ele dificilmente será usado inteiramente de uma hora para outra — com exceção de elementos como o concreto, que tem prazo de vencimento. 

“Buscando estabelecer fluxos produtivos e regulares, garantir um processo logístico eficiente e tornar-se ainda mais competitivas no mercado, o investimento em tecnologia é primordial, já que permite uma melhor gestão da cadeia de suprimentos, evitando falhas operacionais, desperdício de material, rompimento de vínculos comerciais e aumentos de custos”, completa o CEO da Topcon, referindo-se aos principais desafios enfrentados pela logística na construção civil e nos canteiros de obras.  

Antônio Augusto F. Negrão, fundador da Novac Construtora, também destaca que alguns dos principais desafios enfrentados incluem a gestão eficiente de máquinas e equipamentos, a coordenação de múltiplos fornecedores, o controle de prazos e custos, a logística de transporte em áreas urbanas congestionadas, a minimização de desperdícios e a garantia da segurança.

Vinicius Callegari, cofundador e CCO da GaussFleet, também reflete que na construção civil e nos canteiros de obras se enfrenta a dificuldade de adaptação às variações climáticas, a necessidade de cumprir rigorosos cronogramas de entrega e a gestão da segurança no transporte e armazenamento dos materiais. A coordenação entre os diversos fornecedores e a comunicação efetiva entre as equipes também se apresentam como desafios significativos. 

Já para André Pimenta, CEO da Motz, o valor do frete é um dos principais desafios, tendo em vista que ele é muito representativo no custo da matéria-prima. Além disso, a dificuldade em incorporar ferramentas tecnológicas para acompanhamento instantâneo da operação e o treinamento da equipe para o uso dessas ferramentas também é um outro desafio no setor. “Oportunidade em otimização de planejamento e cronogramas podem aumentar a eficiência da operação, tendo em vista que qualquer mínima modificação na obra pode acarretar uma série de alterações nos prazos e, consequentemente, nos resultados. Nesse sentido, uma operação logística eficiente e que preza por respeitar o planejamento de prazos de entrega dos insumos é fundamental para o andamento do projeto, além de contribuir com os limites de armazenamento nos canteiros e também evitar desperdícios.”

Por fim, ainda de acordo com Pimenta, outro desafio é o de controle de estoque dos canteiros de obra que merece atenção para que não haja rupturas ou falta de materiais. Dos fornecedores às construtoras e varejistas, a necessidade de manter uma quantidade suficiente de matéria prima para atender às demandas dos clientes é a mesma. A falta de controle de entrada e saída pode gerar falhas graves, como falta de materiais na obra ou perda de prazos de validade que ocasionam desperdícios.

“No segmento de construção civil, o perfil dos produtos tem uma baixa padronização de formatos, peso e resistência mecânica, o que torna desafiador encontrar soluções eficientes de armazenagem, movimentação e transporte. Nos canteiros de obra o desafio é ter disponibilidade imediata de produto, pois geralmente a compra não é planejada e sempre demanda urgência de entrega. Os produtos não vêm embalado em uma caixa de papelão para serem deixados na caixa de correios da casa ou do apartamento, consequentemente, exigem uma pessoa presente na obra para recepcionar a entrega”, avalia agora Henrique Ruas Vieria de Paiva, diretor Executivo de Supply Chain da Obramax.

E Otávio Pepe, diretor Brasil da Clever Global, lembra que a logística sempre foi um dos caminhos críticos na construção civil e, atualmente, com empresas cada mais competitivas, ela é essencial para a continuidade do negócio.  “Com o tempo o governo está atualizando e melhorando o controle sobre as empresas, inclusive de transporte, incentivando-as a terem sempre os seus documentos, impostos, treinamentos de saúde e segurança do trabalho e licenças ambientais e de funcionamento atualizados. Tornando-se um dos principais desafios enfrentados por empresas de logística acompanharem esta rápida atualização dos documentos e a fiscalização em dia.”     

Eficiência Logística

A verdade é que a eficiência logística tem um impacto direto tanto no cronograma quanto no orçamento de um projeto de construção. Uma logística bem planejada e executada pode reduzir significativamente os atrasos no projeto, garantindo que os materiais e a mão de obra estejam disponíveis quando necessários, evitando paralisações na obra. “Isso, por sua vez, pode evitar custos adicionais com horas extras, aluguel de equipamentos por períodos mais longos e multas por atraso na entrega. Além disso, uma gestão eficiente de compras e estoques pode reduzir custos com desperdícios e armazenagem, otimizando o orçamento do projeto”, apregoa Callegari, da GaussFleet. 

Pepe, da Clever Global, também verbaliza que a eficiência da logística impacta o cronograma e o orçamento dos projetos de construção, diretamente sobre os custos fixos e proporcionais ao custo da equipe fixa nos canteiros de obras, pois quanto mais a logística atrasa um projeto, mais tempo a equipe administrativa fixa do projeto é necessária. Além de que, se um canteiro de obras é pequeno, necessitará de mais fretes pequenos e com mais quantidades de entregas, aumentando o custo final de transporte deste projeto. “A otimização de cronogramas e planejamentos gera muitas oportunidades para a operação, tendo em vista que qualquer mínima modificação na obra pode acarretar uma série de mudanças e, assim, impactar os prazos. Por isso, é sempre importante ter um cronograma pré-estabelecido, em conjunto com o planejamento orçamentário, ambos avaliados e aprovados antecipadamente para não haver nenhuma surpresa durante a obra”, diz Pimenta, da Motz.

Negrão, da Novac Construtora, também destaca que a eficiência da logística em um projeto de construção pode afetar significativamente o cronograma e o orçamento. Uma logística eficiente garante que os materiais e equipamentos certos estejam no local certo e na hora certa, evitando atrasos na obra. Uma boa gestão logística pode reduzir custos relacionados ao transporte, armazenamento e manuseio de materiais, contribuindo para a economia do projeto. Por outro lado, uma logística deficiente pode resultar em atrasos na entrega de materiais, aumentando os custos de armazenamento e transporte, e possíveis penalidades contratuais, afetando o cronograma e o orçamento do projeto.

“Existe um sentimento geral de que o projeto de construção sempre excede o orçamento esperado. As razões são diversas, desde falhas no planejamento do projeto, baixa qualificação da mão de obra, pressão por prazos curtos, seleção incorreta dos recursos, entre outros. Independente da origem do problema, buscar eficiência na logística se traduz em custos de produto ou serviço mais baixos e tempos de entrega mais curtos e personalizados. Algumas alavancas para o ganho de eficiência são: ganho de escala, digitalização, automação, alinhamento de objetivos e criar parcerias de longo prazo”, ensina, agora, Paiva, da Obramax.

E Oliveira, da Topcon, conclui esta questão apontando que a implantação de uma logística eficiente dentro de um canteiro de obras e com aplicações eficientes resultam na melhoria dos fluxos de processos de produção, além de: evitar atrasos no cronograma da obra e custos extras com mão de obra, multas e processos por uso inadequado da via pública e perda de material – o concreto, sendo um insumo perecível, precisa ser descarregado em um curto espaço de tempo, caso não ocorra impacta no orçamento; e proporcionar maior desempenho operacional e produtividade, menor desperdício de insumos e materiais, entregas nos prazos acordados, cumprimento dos orçamentos pré-estabelecido, maior qualidade e segurança estrutural e redução de custos.

Gargalos logísticos

Já que se falou em eficiência logística, quais seriam os principais gargalos logísticos enfrentados pelas empresas no transporte de materiais de construção para os canteiros de obras? 

Pepe, da Clever Global, tem uma resposta curta e assertiva: são os próprios espaços dos canteiros de obras, que são muito reduzidos e possuem uma capacidade de estoque pequena, demandando várias pequenas entregas ao longo dos projetos, sendo então um dos caminhos críticos do projeto e influenciando diretamente no prazo e no custo final da obra. 

Para atendimento a estes diferentes tamanhos nos canteiros de obras, as empresas de transporte necessitam ter mais veículos de diferentes tamanhos à disposição, o que pode aumentar o custo final com aquisição destes meios de transporte.

“Os principais gargalos incluem a variação na qualidade e na disponibilidade de infraestrutura de transporte nas diferentes regiões, o que pode afetar o tempo e o custo de entrega. Além disso, a falta de planejamento e coordenação entre fornecedores e construtoras pode levar a atrasos na entrega dos materiais. Outro desafio é a gestão da documentação e cumprimento de regulamentações específicas para o transporte de certos materiais, o que pode complicar e retardar o processo. O monitoramento contextualizado através de IoT consegue dar visibilidade de todo o processo, prevendo e até eliminando gargalos”. É Callegari, da GaussFleet, que expõe a sua visão. 

A lista de gargalos apontados por Pimenta, da Motz, é mais extensa. Segundo ele, os principais são: precariedade das estradas relacionada a má conservação e insegurança que trazem um risco considerável para os motoristas e também para a integridade das cargas, além dos perigos existentes relacionados à possibilidade de roubo e furto nas rodovias; custos operacionais elevados relacionados ao  transporte, armazenamento, logística para carregamento e descarregamento, além de despesas com seguro de proteção das cargas de alto valor, fatores que podem impactar os preços de uma obra quando não são planejados antecipadamente; falta de mão de obra qualificada; falha na administração dos estoques, que impede a manutenção do abastecimento dos canteiros, causando atrasos na obra; e baixa implementação de tecnologia, que hoje é uma grande aliada na otimização de processos e na melhor gestão da operação, diminuindo prazos e custos.

Oliveira, da Topcon, coloca que os gastos com logística representam um dos maiores débitos no orçamento de uma empresa, e os responsáveis por isso são, principalmente, os custos com transporte, combustível, estoques, insumos, equipamentos e veículos, além dos já citados: precificação da logística de entrega; falta de integração entre parceiros de negócio; investimento em tecnologia; e restrição da circulação de veículos em grandes centros urbanos. 

Já a análise de Paiva, da Obramax, vai por outro caminho, lembrando que, nos últimos 20 anos, o e-commerce mudou nossa relação de consumo. A relevância do transporte cresceu e, ao mesmo tempo, os desafios evoluíram. A abundante oferta por “entregas grátis” banalizou o serviço de entrega. A entrega nunca foi gratuita, alguém sempre pagou por essa conta. O efeito de tantos anos sobre essa condição criou uma percepção de que fazer uma entrega é descomplicado, barato e secundário.

“No segmento de material de construção, a percepção é ainda mais sensível, já que a relação do custo do frete sobre o custo do produto é desfavorável. Geralmente o produto tem baixo valor agregado e os modais de transporte são grandes, robustos e caros. A pressão por custos cada vez mais baixos pode sacrificar a modernização dos modais, resultando em perda de nível de serviço e reclamação do cliente. O desafio é aprovar investimentos com retornos financeiros de longo prazo, especialmente quando o cenário econômico é desfavorável”, coloca o diretor Executivo de Supply Chain da Obramax.

Planejamento estratégico

O planejamento estratégico na melhoria da logística na construção civil e nos canteiros de obras é essencial e necessário, pois na corrida da atualização tecnológica entre as empresas, adaptando-se ao novo cenário e às necessidades de cada canteiro de obra, é uma das características das empresas de transporte com mais tempo de vida no mundo! “Fretes mais constantes e com menos quantidade de material para canteiros de obra pequenos e sem muito espaço para estoque dos materiais (Mais R$/Km); Fretes menos constantes e com mais quantidade de material para canteiros de obra maiores e com mais espaço para estoque dos materiais. Consequentemente, serão fretes mais econômicos, além de que se atrasarem impactarão menos na execução da obra, pois ela poderá ter mais estoque dos materiais, dependendo menos dos transportes de materiais (Menos R$/Km)”, ensina o diretor Brasil da Clever Global.   

Também para Callegari, da GaussFleet, o planejamento estratégico é fundamental para antecipar necessidades, identificar potenciais desafios e desenvolver soluções proativas. Ele permite a integração entre as diversas etapas da construção, desde o design até a entrega, garantindo que todos os aspectos logísticos sejam considerados e otimizados. O planejamento estratégico também envolve a análise de riscos, a gestão de fornecedores, a definição de cronogramas realistas e a alocação eficiente de recursos, tudo isso visando a maximização da eficiência logística e a minimização de custos e atrasos. 

“O planejamento estratégico aplicado à logística cria um processo que define objetivos e metas para o melhor monitoramento das atividades e ações previstas, e prevê o melhor direcionamento de equipe e recursos para alcançar resultados satisfatórios, contribuindo para que o transporte na construção civil tenha maior agilidade e eficiência, além de reduzir custos significativos”, completa Pimenta, da Motz.

“Realizar um planejamento estratégico traz valor em várias dimensões: permite se projetar para o futuro, confrontar as necessidades do cliente com as ambições da empresa, refletir sobre as fraquezas e desenvolve-las, dimensionar suas capacidades logísticas frente aos volumes futuros e aprofundar sobre investimentos de longo prazo. Na logística, é muito comum empilhar decisões de curto prazo que ficam caras ao longo do tempo e complexas de mudar”, acrescenta Paiva, da Obramax.

E Oliveira, da Topcon, completa dizendo que nas grandes obras é preciso ter planejamento e trabalhar a gestão de pedidos, o controle de estoque, o carregamento, o processo de transporte e de descarga do produto, tudo isso sincronizado no tempo. As empresas são partes isoladas da cadeia e a maioria das perdas na construção civil tem relação direta com a gestão logística pouco desenvolvida. “O setor de logística requer atuação profissional e automatizada em todos esses estágios, pois qualquer desencontro pode gerar atrasos, improdutividade e custos.”

Tecnologias

Quando o assunto envolve as tecnologias e práticas inovadoras que estão sendo adotadas para otimizar a logística na construção civil e nos canteiros de obras, automação de processos para eficiência operacional, uso de sensores e monitoramento em tempo real da frota, utilização de sistemas automatizados para dosagem, mistura e transporte dos materiais podem reduzir significativamente o tempo de produção e minimizar erros humanos, além de impactar positivamente os custos da produção, resultando em um produto final mais eficiente e de maior qualidade.

Além disso, continua o CEO da Topcon, o uso de uma ferramenta tecnológica é capaz de promover um processo logístico completo e eficiente com gestão de ociosidade e saturação, promovendo uma gestão dinâmica e intuitiva, com a possibilidade de corrigir discrepâncias em tempo real, readequando o despacho e a produção para sempre maximizar a produtividade.  

“O nível de otimização pode contribuir para uma eventual redução da frota necessária, uma vez que aumenta a produtividade na utilização dos veículos, chegando a uma redução de até 20% do número de funcionários e equipamentos, mantendo-se o mesmo nível de produtividade”, completa Oliveira. 

Tecnologias como o BIM (Building Information Modeling) e IoT (Internet das Coisas) com softwares de gestão de frotas e projetos estão revolucionando a logística na construção civil. “O BIM permite uma melhor visualização e planejamento da obra, facilitando a logística de materiais e mão de obra. IoT e sensores permitem o monitoramento em tempo real de materiais e equipamentos, otimizando o uso, a disponibilidade do ativo, controlando a manutenção e o progresso da obra. Além disso, práticas como o Lean Construction buscam eliminar desperdícios e otimizar processos, melhorando a eficiência logística”, comenta Callegari, da GaussFleet.

“Utilizamos diversas tecnologias e práticas inovadoras, como a ferramenta BIM, que consiste na representação digital e tridimensional das características físicas e funcionais de uma nova planta, facilitando a execução, implantação, manutenção e gerenciamento de um projeto de forma integrada e organizada, conseguindo visualizar de forma ampla, em 3D, todas as plantas unificadas. Além disso, fazemos uso de RFID para rastrear materiais e equipamentos, ajudando no controle do inventário. Usamos também drones para visualizar as obras e terrenos, identificar problemas e auxiliar nas tomadas de decisões diárias da obra”, diz Negrão, da Novac.

A tecnologia chega principalmente para otimizar processos e, consequentemente, o tempo/faturamento dos motoristas. Com ela, é possível facilitar a rotina, como oportunidade de visibilidade maior de fretes e trabalho efetivo, facilitar o processo de embarque com outras pontas (transportadoras e embarcadores), agilizar processos de emissão de documentos, entre outros. O uso de tecnologia também garante mais acesso ao mercado de fretes a nível Brasil, de qualquer lugar, o que não existia antes com o “analógico”, comenta, agora, Pimenta, da Motz.

Todas as soluções que permitem integrar a cadeia de valor do produto resultam em otimização da logística: por exemplo digitalizar documentos, relatórios, transporte e tarefas são alguns exemplos. Padronizar e automatizar processos e medidas. E adotar uma postura exigente de qualificação dos recursos humanos também é vital. Alguns exemplos de ferramentas são: WMS (controle de endereçamento), TMS (transporte de mercadoria), AGV (automação de movimentos), OMS (gerenciamento de pedido), IA (inteligência artificial), diz Paiva, da Obramax. “Atualmente, além de avaliação e fiscalização de documentos automaticamente, o reconhecimento de veículos e de placas de veículos por câmeras está ajudando na automação e na agilidade na logística na construção civil”, acrescenta Pepe, da Clever Global.

Logística sustentável

A questão da logística sustentável está presente em todos os setores da economia, e, assim, não poderia ficar de fora do segmento de construção civil. Mas, a questão é: como as empresas estão lidando com a demanda por uma logística mais sustentável na construção civil e nos canteiros de obras? 

“As empresas de logística na construção civil e nos canteiros de obras, assim como para outros setores, realizam transporte o tempo todo e quanto mais km os veículos transportarem, mais viáveis, rentáveis e sustentáveis serão as empresas de transporte. Neste sentido, as empresas de logística no setor estão utilizando veículos elétricos que também são mais viáveis e sustentáveis com grandes quantidades de km transportados, e em alguns países já se utiliza o transporte por drones que brevemente estarão no Brasil também!”, aponta Pepe, da Clever Global.

Por outro lado, Callegari, da GaussFleet, entende que as empresas estão adotando práticas mais sustentáveis na logística, como a escolha de fornecedores locais para reduzir a pegada de carbono do transporte, a utilização de materiais sustentáveis e recicláveis e a otimização das rotas de entrega. Além disso, há um investimento crescente em tecnologias limpas para veículos e equipamentos de construção, e na implementação de sistemas de gestão ambiental para monitorar e reduzir o impacto ambiental das atividades logísticas. “As empresas estão adotando práticas mais sustentáveis, como a utilização de materiais de construção eco-friendly, a redução do desperdício de materiais por meio de técnicas de construção modular e pré-fabricação e o uso de veículos elétricos ou híbridos em suas frotas de transporte para reduzir as emissões de carbono”, completa Negrão, da Novac Construtora. Paiva, da Obramax, vai além. De acordo com ele, o movimento é lento, mas necessário. “Certamente o cenário vai mudar significativamente nos próximos 5 anos. A oferta de soluções acessíveis cresce a cada semestre. Soluções por energia renovável puxarão a fila, desde produtos para o cliente como veículos elétricos como meio de transporte até a obra.”

Também vale lembrar que o Brasil é um dos países que mais gera resíduos sólidos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia, sendo que só a construção civil é responsável por 50% desses materiais, segundo dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). “Nesse sentido, é fundamental que os canteiros de obras contêm com um planejamento antecipado de Logística Reversa, que faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos, e tem por objetivo criar métodos de coleta e reaproveitamento de resíduos da construção civil. Para isso, a tecnologia pode ser uma aliada na identificação e gestão de um parceiro logístico que possa, ao realizar uma entrega de matéria-prima, coletar outros materiais que seriam descartados, promovendo seu retorno à uma empresa de reciclagem ou descarte em área correta, prevista pela legislação ambiental de cada município”, sugere Pimenta, da Motz.

O fato é que deve haver a busca por adequação de processos sustentáveis através de uma gestão da frota com foco em reduzir a emissão de gases poluentes, evitando desperdícios, utilizando sistemas que otimizam a produção, a expedição e ofereçam ampla visão da operação das betoneiras e veículos de apoio, diretamente nas obras. 

“A partir dessa visibilidade e acompanhamento da frota, é possível observar a ociosidade ou excesso de demandas, ajustando a produção de acordo com o volume de entregas programadas e trabalhando mais próximo do limite da capacidade produtiva, gerando um ganho significativo em efetividade. Com uma gestão dinâmica e intuitiva e a possibilidade de corrigir discrepâncias em tempo real, é possível readequar o despacho e a produção para sempre maximizar a produtividade, reduzir o tempo de espera das betoneiras nas obras, garantindo agilidade na entrega e a qualidade do concreto e, ainda, minimizando riscos de perda do material.”

Ainda de acordo com Oliveira, da Topcon, “através do planejamento de rotas eficientes para entregas, assertividade na hora de fazer a pesagem dos materiais na produção do concreto usinado, gestão da redosagem e reaproveitamento do concreto, além da redução do tempo de espera das betoneiras nas obras, é possível garantir a qualidade do que foi contratado pela construtora e, ainda, diminuir o risco de perda do material, uma vez que o concreto é perecível e todo minuto de espera conta para manter a sua validade.” 

Participantes

Clever Global – Minimiza os riscos associados à subcontratação de serviços por meio da Gestão de Fornecedores e Terceiros. A empresa espanhola, com o conceito SaaS (Software como Serviço), trabalha com plataforma online e app de gestão com foco nos fornecedores e em auditoria documental. No Brasil, desde 2012, é referência em auditoria de documentos de Saúde e Segurança do Trabalho em: engenharia civil – construção e obras de infraestrutura, energia renovável, distribuição de energia, mineração, indústrias, operação e manutenção de usinas hidroelétricas, termoelétricas, barragens, parques eólicos ou usinas fotovoltaicas solares.

GaussFleet – Fundada em 2018, é a maior plataforma SaaS de gestão de máquinas móveis para construtoras, Operadores Logísticos e siderúrgicas, que utiliza geoprocessamento, telemetria avançada e IoT na gestão de máquinas pesadas dentro de minas, obras e usinas. 

Motz – É a transportadora digital da Votorantim Cimentos, criada com o espírito de startup, mais enxuta, ágil, inovadora e com muita tecnologia. Tem como objetivo conectar as cargas de embarcadores com os motoristas autônomos. Com cerca de 28 mil motoristas cadastrados em sua base, está presente em mais de 100 pontos de expedições em todo o Brasil.

Novac Construtora – O foco principal da empresa são as obras de grande porte, para clientes corporativos e multinacionais. Em seu portfólio há diversos segmentos de atendimento, incluindo indústria, agronegócio, logística, hospitalar, infraestrutura, energia, varejo e imobiliário, com obras realizadas em todas as regiões do País.

Obramax – É o primeiro atacarejo de construção no Brasil e tem como propósito democratizar o acesso de todas as camadas socioeconômicas do Brasil a materiais de construção e reforma. Baseada no modelo omnichannel, a empresa oferece, além das lojas físicas, ecommerce e televenda e WhatsApp. A Obramax faz parte do Grupo Adeo, terceiro maior grupo varejista de materiais de construção do mundo e primeiro na Europa e no Brasil.

Topcon – Em quase duas décadas de atuação no mercado da construção civil, a empresa se destaca como uma visionária que transformou a gestão do concreto no Brasil, construindo soluções tecnológicas e inovadoras que promovem uma melhor eficiência e produtividade na operação dos seus clientes. Atualmente, a Topcon gerencia mais de 1 milhão de metros cúbicos de concreto mensalmente, rastreia mais de 6 mil veículos diariamente com uma solução única no segmento, contabiliza mais de 200 mil entregas que são realizadas mensalmente com a solução, gerenciando a produção de 800 plantas de concreteiras em todo o país.