Dia das mães, Black Friday, Natal. Muitas são as datas comemorativas que impactam diretamente o setor de logística, levando os Operadores Logísticos a desenvolverem um planejamento estratégico adequado para lidar com a alta nas vendas online. As contratações temporárias podem chegar a 100%, ao mesmo tempo em que as empresas adotam tecnologia avançada e inovação dentro dos armazéns e Centros de Distribuição. No entanto, não são apenas os dias já marcados no calendário popular que acabam, de alguma forma, movimentando a rotina dos OLs. O “Dia do Frete Grátis”, estipulado sempre para a última semana de abril, traz também um incremento nos pedidos por serviços de transporte, movimentação e armazenagem fazendo com que as organizações fiquem atentas às mudanças necessárias para que estejam preparadas para esses períodos, incluindo-os nas épocas de maior pico.
Desde a pandemia da Covida-19, quando o comércio eletrônico cresceu significativamente e o cliente se tornou ainda mais exigente, o frete passou a ser um diferencial na hora de escolher onde comprar um produto, assim como o tempo de entrega, que hoje já chega a ser de menos de 24 horas. Diante desse cenário, oferecer ao consumidor uma data livre da taxa de entrega, certamente traz vantagens aos lojistas, como o aumento das vendas, a redução de carrinhos “abandonados” durante a compra e a tão almejada fidelização do público. Automaticamente, os benefícios provocam um ambiente favorável para o aumento da procura pelos serviços dos OLs, exigindo das empresas uma rápida adequação de capacidade de infraestrutura, investimento em pessoal e otimização da malha.
De acordo com a diretora executiva da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL), Marcella Cunha, datas celebrativas e promocionais exigem um gerenciamento mais apurado de volume versus capacidade, para que não causem impactos financeiros negativos às operadoras. Além disso, ela destaca que esses períodos podem possibilitar ao lojista reduzir seus custos logísticos com o e-commerce. Ou seja, ao incentivar compras maiores com um valor mínimo para obtenção do frete grátis, é possível não apenas aumentar o ticket médio por pedido, mas também diluir os custos entre os produtos vendidos (agora em maior quantidade).
Marcella lembra ainda que a redução do abandono de carrinhos, devido ao alto custo do frete, também contribui para uma eficiência operacional maior entre o lojista e seu Operador Logístico, diminuindo os custos associados ao processamento de pedidos não concluídos. “Fica claro que datas como a do Frete Grátis traz efeitos positivos para os OLs, pois o incremento das vendas, e o consequente aumento na movimentação de produtos, podem representar uma oportunidade de elevação de receita, especialmente se eles forem contratados como parceiros de logística para este adicional”, diz a diretora da ABOL.
Ao mesmo tempo, ela faz um alerta sobre a importância de as empresas estarem preparadas para lidar com os desafios operacionais e financeiros impostos, muitas vezes, por essas datas. Nem todos os OLs, por exemplo, contam com recursos tecnológicos para auxiliar na simulação e modelagem das capacidades instaladas, tanto da malha de transporte quanto dos Centros de Distribuição. O resultado pode ser uma experiência frustrada por parte dos clientes. “Essa alta repentina pode gerar pressão sobre a capacidade operacional e os recursos das empresas que não estiverem prontas. No caso do frete grátis, não raro os OLs acabam absorvendo custos associados ao transporte gratuito, podendo afetar a sua margem de lucro. De qualquer forma, fica o aprendizado, para que cada vez mais os Operadores estejam prontos para atender as diferentes dinâmicas do mercado”, conclui.