Com a adoção de tecnologias inovadoras, a logística emergencial é usada em situações de desastres naturais, crises humanitárias, demandas inesperadas e emergências médicas, entre outras, assegurando a entrega precisa e ágil de itens essenciais.
N os momentos críticos, a logística emergencial B2B assume um papel vital. Priorizando o uso do transporte aéreo, esse serviço garante entregas rápidas e eficazes em situações de urgência – que podem surgir devido a eventos como desastres naturais, crises humanitárias, emergências médicas, interrupções na cadeia de suprimentos, demandas inesperadas do mercado ou outras situações que exigem uma resposta rápida e eficiente para garantir a continuidade das operações empresariais.
De fato, como comenta Moacyr Calligaris Jr., membro do Conselho Superior de Comércio Exterior na FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e do Conselho de Ética da Abralog – Associação Brasileira de Logistica, em um mundo cada vez mais interconectado e volátil, o planejamento de contingência abrangente e a logística emergencial eficaz nunca foram tão importantes. Empresas e governos devem priorizar o planejamento de contingência e a logística emergencial para prosperar ou mesmo resistir em tempos tão desafiadores.
“A logística emergencial B2B é um tema vital para empresas que precisam de respostas rápidas e eficientes em situações de crise. Com a crescente complexidade das cadeias de suprimentos globais e os desafios impostos por eventos inesperados, a capacidade de gerenciar emergências de forma eficaz tornou-se uma prioridade estratégica”, explica Calligaris Jr.
Diferenciais
“A logística convencional é o conjunto de práticas com um fluxo definido para materiais ou produtos alcançarem seu destino desde o fabricante até o consumidor final. Já a logística emergencial B2B é a transação entre empresas, priorizando não o cliente final, mas, sim, a empresa ou a prestadora de serviços. O foco está na entrega de cargas ou encomendas no menor tempo possível e com a segurança necessária”, comenta Erison Ruy Oliveira, Coordenador de Projetos da MTC Log.
Também falando sobre o que diferencia a logística emergencial da convencional, Andre Barros, CEO da eComex e D2P, lembra que, enquanto a logística convencional pode lidar com prazos de entrega previsíveis e rotineiros, a logística emergencial B2B precisa responder rapidamente a situações imprevistas ou crises. E o CEO relaciona as principais características que diferenciam uma logística da outra:
Tempo de resposta rápido: Enquanto a logística convencional pode lidar com prazos de entrega previsíveis e rotineiros, a logística emergencial B2B precisa responder rapidamente a situações imprevistas ou crises. Isso significa que os tempos de resposta são muito mais curtos e críticos.
Flexibilidade e adaptabilidade: A logística emergencial B2B requer um alto nível de flexibilidade e adaptabilidade. Ela precisa ser capaz de ajustar rotas de transporte, redes de fornecimento e métodos de entrega de forma ágil para lidar com mudanças repentinas nas condições do mercado ou interrupções na cadeia de suprimentos.
Foco na continuidade dos negócios: Enquanto a logística convencional visa otimizar custos e eficiência operacional a longo prazo, a logística emergencial B2B prioriza a continuidade dos negócios frente a emergências. Isso pode envolver a implementação de planos de contingência, o uso de fornecedores alternativos e a coordenação estreita com parceiros logísticos para garantir que as operações não sejam interrompidas.
Gerenciamento de riscos: A logística emergencial B2B está mais focada em identificar e gerenciar riscos imediatos que possam impactar a entrega de produtos essenciais. Isso inclui avaliar rapidamente as ameaças potenciais e implementar medidas proativas para mitigar esses riscos antes que eles afetem significativamente as operações.
“Em resumo, a principal diferença entre a logística emergencial B2B e a logística convencional está na sua capacidade de resposta rápida a eventos não planejados e na sua orientação para garantir a continuidade dos negócios em situações críticas ou de emergência”, completa Barros.
Rafael Salim Oliveira, gerente de Vendas Regional – especialista em Soluções de Automação Logística da Pitney Bowes, também coloca suas observações, destacando que a principal diferença está na velocidade e na agilidade da logística emergencial B2B. Enquanto a logística convencional foca em otimização de custos e prazos mais longos, a emergencial prioriza entregas rápidas, muitas vezes em poucas horas ou no mesmo dia, com soluções personalizadas para situações críticas. Além disso, a logística emergencial demanda uma gestão de riscos mais robusta e processos flexíveis para lidar com imprevistos e urgências.
Logística emergencial B2B:
Velocidade e Agilidade: Prioriza a entrega rápida, frequentemente com prazos de poucas horas ou no mesmo dia.
Serviço Personalizado: Envolve soluções sob medida para situações críticas.
Gestão de Riscos: Necessita de planejamento e execução flexíveis para lidar com imprevistos e urgências.
Logística Convencional:
Eficiência de Custo: Foca em otimização de custos com prazos de entrega mais longos.
Operações Padronizadas: Utiliza processos mais previsíveis e menos flexíveis.
Planejamento de Rotas: Baseia-se em rotas e cronogramas regulares.
Marcelo Zeferino, chief commercial officer (CCO) da Prestex, também destaca que, enquanto o transporte convencional envolve o movimento regular e planejado de mercadorias para atender à demanda previsível do mercado, seguindo rotas e cronogramas estabelecidos, o transporte de carga emergencial é caracterizado pela urgência e necessidade imediata de entrega, geralmente em resposta a uma imprevisibilidade. Requer uma resposta rápida e flexível, frequentemente utilizando rotas alternativas e alta performance, para garantir que suprimentos críticos, como alimentos, água, medicamentos e equipamentos, cheguem rapidamente ao destino.
Setores
Todos os segmentos, em geral, necessitam de uma logística rápida. Mas, em especial, quando falamos dos que precisam de uma logística de emergência, falamos dos setores fundamentais e críticos. “A nossa opinião é que em breve não existirá mais a definição de ‘logística emergencial’. A quantidade de segmentos que dependerão desse tipo de logística aumentará a tal ponto que, em alguns anos, toda a logística será considerada ‘emergencial’”, diz Marco Salvo, economista com mais de 30 anos de experiência em ERP.
A seguir estão alguns dos setores que mais usam a logística emergencial, segundo indicação de Barros, da eComex e D2P, de Marco e de Calligaris Jr.:
Aviação – AOG – Aircraft on Ground: situação emergencial provocada quando uma aeronave é “groundeada” – jargão aeronáutico que descreve uma aeronave impedida de voar, portanto obrigada a permanecer no solo – ground – pela avaria em alguma peça e ou sistema. Isso dispara um processo emergencial para repor a peça onde quer que a aeronave esteja, uma vez que a parada dela implica em enormes prejuízos operacionais e comerciais ao operador da aeronave.
Saúde e Farmacêutico: Este setor frequentemente necessita de entregas urgentes de medicamentos, suprimentos médicos, vacinas e outros produtos de saúde para hospitais, clínicas e centros de saúde – que pode ser uma questão de vida ou morte. Aqui cabe ressaltar o estrito controle que se faz necessário sobre a temperatura dos materiais, sendo várias vezes necessária a utilização de equipamentos especiais e adicionais (como envirotainers e dispositivos de rastreio de temperatura) ao embarque para assegurar que os produtos não percam suas características. O segmento de medicamentos tem cada vez mais utilizado os serviços de logística de emergência desde a entrada em vigor da norma RDC 653, que passou a vigorar em 2024. Por essa norma, os medicamentos e insumos que dependem de autorização da ANVISA devem ter a temperatura monitorada durante toda a cadeia de produção e toda a cadeia logística, incluindo o mapeamento térmico durante todo o trajeto, e mais uma série de detalhes a respeito de como fazer o transporte de medicamentos e insumos com segurança. A pandemia de Covid-19 evidenciou a importância de uma cadeia de suprimentos resiliente para vacinas e equipamentos de proteção individual (EPIs).
Alimentos e Bebidas: São produtos de necessidade básica, de existência humana e animal. Portanto, em caso de um desastre, esse tipo de indústria precisa ter rotas, incentivos e formas alternativas de logística, especialmente produtos perecíveis, como alimentos frescos, laticínios e bebidas que exigem transporte rápido para manter a qualidade e evitar desperdício. Também vale destacar que neste setor, a logística emergencial atende, especialmente, as cargas altamente perecíveis (como frutas, produtos hortifrutigranjeiros e itens com poucos dias de prazo de validade).
Automotivo: Indústrias que dependem de peças de reposição e componentes automotivos frequentemente necessitam de entregas rápidas para manter a produção contínua e evitar paralisações na linha de montagem.
Manufatura Industrial: Empresas que produzem bens de capital, equipamentos industriais e produtos personalizados muitas vezes requerem serviços de logística emergencial para atender a pedidos de clientes urgentes ou reparos críticos.
Setores de Energia e Utilidades: Transporte rápido de peças de reposição, equipamentos de manutenção e suprimentos críticos para instalações de energia, como usinas elétricas e plataformas de petróleo. Aqui também se incluem água e gás, que necessitam de logística emergencial para a substituição rápida de equipamentos e reparos de infraestrutura, garantindo o fornecimento de serviços essenciais.
Feiras e eventos esportivos e de entretenimento: Que possuem uma data exata de início de atividades.
Tecnologia da Informação: Empresas de TI frequentemente enfrentam emergências que exigem a rápida substituição de hardware, peças de reposição e outros componentes críticos para a manutenção de data centers e infraestruturas de rede
Já Ana Paula Morais Boteon de Lima, mestra em Administração de Empresas, pós-graduada em Logística Nacional e Internacional e professora na graduação em Logística no Senac EAD, crê que o setor de serviços é o que mais demanda por atividades de logística emergencial, como empresas que vendem ao cliente o produto com entrega expressa. “É claro que nessa operação está inclusa a indústria fabricante do produto que pode ser de qualquer setor. A indústria de perecíveis e remédios emergenciais também utilizam um serviço de logística diferenciado da logística comum. Talvez não possamos classificar como emergencial, mas com certeza é uma logística diferenciada”.
Por seu lado, Ricardo Canteras, diretor comercial da Temp Log, coloca a indústria de equipamentos médicos e diagnósticos por imagem como uma das que mais necessita de serviços emergenciais devido à importância de cada componente na operação contínua de seus equipamentos.
Modais
Pela urgência, há de se supor que a logística emergencial utiliza exclusivamente o modal aéreo. Na verdade, além deste, também emprega o modal rodoviário expresso para distâncias mais curtas. “Essa combinação ajuda a reduzir custos e otimizar a operação, proporcionando soluções ágeis e adaptáveis para atender demandas urgentes”, diz Djalma Campos, diretor de Operações da Andreani Logística. Neste contexto, Ana Paula, do Senac EAD, também crê que o modo rodoviário ainda é o mais utilizado no B2B, “mesmo porque, para a conclusão da entrega de um produto que tenha embarcado pelo modo aéreo, vamos precisar usar a multimodalidade, integrando com o modo rodoviário. Na logística de emergência se utiliza muito pequenos caminhões e veículos menores que têm mais agilidade para a entrega e não têm restrição de horários e vias”.
Marco também coloca que o modal aéreo é parte importante da logística emergencial, certamente, mas sempre em conexão com outros tipos de modais. Há locais em que o transporte aéreo é inviável, outros em que não há regularidade de voos e os custos não compensam e existem, certamente, encomendas urgentes que podem ter origem e destino em cidades vizinhas, muito próximas. Para prestar o melhor serviço ao cliente é necessário fazer uma composição de vários modais interconectados, adequados a resolver o problema logístico de forma eficiente, rápida, precisa, com segurança e observando também o custo ambiental, ensina Marco.
Pelo seu lado, Calligaris Jr. diz que a escolha do modal de transporte na logística emergencial depende da urgência, distância e tipo de mercadoria. Os principais modais utilizados incluem:
Transporte Aéreo: O transporte aéreo é o modal mais rápido para entregas emergenciais. É ideal para o transporte de medicamentos, peças de reposição e equipamentos de TI. No entanto, o custo é significativamente mais alto comparado a outros modais.
Transporte Rodoviário: O transporte rodoviário é flexível e pode atender entregas em curtas e médias distâncias de forma rápida. É amplamente utilizado para distribuir alimentos e suprimentos médicos em áreas afetadas por desastres.
Transporte Ferroviário: Embora menos comum em emergências devido à sua menor flexibilidade, o transporte ferroviário pode ser útil para o transporte de grandes volumes de mercadorias não perecíveis em situações emergenciais.
Transporte Marítimo: O transporte marítimo é geralmente mais lento, mas pode ser usado em emergências para grandes volumes de mercadorias, especialmente em rotas internacionais. É essencial para a logística global, mas não é a primeira escolha para situações de crise imediata.
Em resumo, Calligaris Jr. e Salim, da Pitney Bowes, explicitam, no quadro a seguir, as principais características dos diferentes meios de transportes, mesmas que devem ser consideradas no momento da decisão de qual meio utilizar.
Custo-benefício
O custo-benefício da logística emergencial B2B é positivo quando a rapidez é essencial para a continuidade das atividades. “Com o avanço das tecnologias e investimentos nos meios de transporte adequados, é possível oferecer agilidade e competitividade na área logística”, diz Campos, da Andreani, lembrando que empresas do setor de saúde, por exemplo, precisam de entregas rápidas de medicamentos e equipamentos médicos. Com um bom planejamento e o uso do transporte rodoviário expresso em distâncias curtas, é viável equilibrar os custos e manter a eficácia, ressalta.
Também avaliando como se dá o custo-benefício da logística emergencial B2B e para que tipo de empresa ou situação vale a pena investir nesse serviço, Barros, da eComex e D2P, ressalta que o determinante aqui é a análise econômica que uma eventual disruptura na cadeia de suprimentos pode provocar sobre o negócio da empresa. “Como mencionado anteriormente, nos casos de AOG, uma aeronave brasileira parada na Europa com mais de 300 passageiros aguardando para seguir viagem tem um determinante de custo financeiro e de imagem à companhia aérea que opera o voo, e o custo econômico associado à solução do problema geralmente sempre será muito menor que o impacto direto de não resolver a interrupção no menor tempo possível.”
Zeferino, da Prestex, dá outro exemplo. “Vamos imaginar uma linha de montagem, cujo custo produtivo seja alto, e muitas vezes um parafuso que se encontra do outro lado do Brasil, custando R$ 100,00, seja o que vai fazer está linha voltar a produzir. Neste caso, o valor da mercadoria é irrisório comparado ao que ela custa parada e o investimento em uma logística emergencial é fundamental para manter a indústria operante.”
Em alguns segmentos, como o de frutas frescas, medicamentos controlados e produtos altamente perecíveis, a logística de emergência é uma necessidade inescapável: sem transporte veloz e preciso o negócio é inviável. Para outros segmentos, o custo-benefício pode ser avaliado na comparação com as alternativas.
Por exemplo – continua Marco –, para uma indústria automobilística, o que custa mais: investir em um grande volume de estoque (que requer a compra de equipamentos e sistemas, contratação de pessoas, etc.) ou contar com os produtos na hora certa em uma operação Just-in-Time fundamentada em logística emergencial?
Outras possibilidades são as indústrias que atuam em mercados de altíssimo valor agregado, como joias e itens de luxo (relógios, preciosidades, etc.), as indústrias que atuam em segmentos tecnológicos de ponta e grandes comercializadores de arte de alto nível. “Em muitos casos, essas são cargas pequenas e de muito valor. Seria impossível montar esquemas de segurança que mantivessem a carga segura em um trajeto longo, em portos, caminhões que rodam centenas de quilômetros e por aí vai. Nesses casos, a logística de emergência atua em favor dos clientes, tornando a operação mais rápida e segura possível”, explica Marco.
De fato, como diz Calligaris Jr., a logística emergencial, apesar de muitas vezes ter um custo elevado, oferece benefícios que superam os custos em situações de crise. A análise de custo-benefício deve considerar:
Custo: Os custos incluem transporte, manuseio especial, armazenamento temporário e seguros adicionais. O transporte aéreo, por exemplo, é caro, mas justificado em situações onde o tempo é um fator crítico.
Benefício: Os benefícios incluem a continuidade das operações, a preservação da vida humana (no caso do setor de saúde), a manutenção da segurança alimentar e a restauração rápida de serviços essenciais. A capacidade de responder rapidamente a emergências pode também fortalecer a reputação da empresa e a confiança dos clientes.
Já na ótica de Oliveira, da MTC Log, o custo-benefício está associado a grandes quantidades de produtos ou materiais. “O uso da logística emergencial é válido e aberto para todos os segmentos. O que deve ser levado em consideração são as quantidades de materiais e produtos envolvidos nas transações, que amortizam os custos.”
Ana Paula, do Senac EAD, diz que o gestor deve fazer uma análise detalhada de todos os custos envolvidos em uma operação emergencial e verificar quais serão os benefícios oriundos dessa operação.
Esse tipo de operação logística é mais oneroso para a empresa, pois exige procedimentos diferenciados para atender a lead times curtos ou curtíssimos. E essa operação vale a pena para empresas que comercializam produtos atrelados a esse tipo de serviço, tais como as entregas 24horas. Para as empresas que precisam “apagar algum incêndio” também é uma operação recomendada, pois apesar de ser onerosa, a empresa mantém o compromisso assumido com o cliente.
“O custo-benefício da logística emergencial B2B é altamente favorável em situações onde o tempo é um fator crítico. Para empresas que operam com equipamentos sensíveis e de alta tecnologia, investir em logística emergencial pode significar a diferença entre a continuidade ou a interrupção dos serviços essenciais. Vale a pena para empresas onde a indisponibilidade de um componente pode resultar em grandes prejuízos financeiros, operacionais ou até mesmo em riscos à vida, como no setor de saúde”, completa Canteras, da Temp Log.
Tecnologia e inovações
O avanço das tecnologias como IoT, Inteligência Artificial, blockchain e big data tem contribuído significativamente para aprimorar a eficiência e a prontidão da logística de emergência B2B. Drones e veículos autônomos estão sendo utilizados para agilizar as entregas, enquanto sistemas sofisticados de rastreamento e comunicação em tempo real proporcionam maior rapidez e segurança nas operações, aponta Campos, da Andreani, se referindo às tecnologias e inovações que estão sendo implementadas na logística emergencial B2B para melhorar a eficiência e a resposta rápida.
A estes, Oliveira, da MTC Log, acrescenta a computação em nuvem e avanços de hardware que possibilitam cruzamentos de dados e interface com plataformas externas.
“Diversas tecnologias e inovações estão sendo implementadas para melhorar a logística emergencial B2B, incluindo sistemas de rastreamento em tempo real, Inteligência Artificial para otimização de rotas e até mesmo drones para entregas rápidas em áreas de difícil acesso. Além disso, a digitalização dos processos e a integração de plataformas de comunicação permitem uma coordenação eficiente e uma resposta imediata às demandas emergenciais”, comenta Canteras, da Temp Log.
Há muitas tecnologias integradas, mas o momento atual é da Iot e da IA. Conforme aponta Marco, a IoT tem ajudado no monitoramento de cada fase da logística. É possível, por exemplo, monitorar on-line a temperatura de cada contêiner, cada caixa de produto, sendo possível fazer ajustes a distância mesmo quando o contêiner está em um navio no meio do Oceano Pacífico.
Quanto à IA, prossegue Marco, tem sido usada cada vez mais parar propor o melhor caminho a ser percorrido pelos modais, além de indicar quais são os melhores tipos de embalagem e acomodação para cada tio de modal, cada local de armazenagem e cada local de expedição.
“Sistemas de visibilidade end to end são hoje fundamentais nesse segmento, permitindo ao contratante acompanhar em tempo real onde estão os produtos necessários à resolução do problema em questão. Além disso, outras soluções complementares, como etiquetas inteligentes, contêineres com controle de temperatura e iscas de rastreio, são utilizadas ao longo do embarque para assegurar a qualidade do processo”, acrescenta Barros, da eComex e D2P.
Tecnologias como balanças dinâmicas, sistemas de pesagem e classificação, sorters e Slim Sorter também têm sido fundamentais. Elas permitem a pesagem e classificação rápida e precisa em processos automatizados, crucial para a eficiência na logística emergencial. Outras inovações, ainda segundo Salim, da Pitney Bowes, incluem rastreamento em tempo real, que melhora a visibilidade e gestão das entregas, além de Inteligência Artificial e machine learning. Ele explica:
Inteligência Artificial e Machine Learning: Otimizam rotas e previsão de demanda.
Balanças Dinâmicas: Usadas para pesagem rápida e precisa em processos automatizados, crucial para logística emergencial.
Sistemas de Pesagem e Classificação: Integram automação para triagem e envio rápido de pedidos urgentes.
Sorters: Automação de classificação que melhora a eficiência em Centros de Distribuição.
Slim Sorter: Uma solução compacta para triagem rápida em operações menores.
Rastreamento em Tempo Real: Melhora a visibilidade e a gestão de entregas.
Na verdade, como diz Alexandre Santos, doutor e mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC/SP e coordenador de graduação em Logística no Senac EAD, a tecnologia está presente em todos os ramos de atividade empresarial. “A cada ano, nos deparamos com problemas e situações que exigem um uso mais intenso da TI, veja o que ocorreu durante a pandemia. Muitas são as ferramentas que podem ajudar o setor de logística como um todo, entre eles: o blockchain, a Inteligência Artificial e vários programas que ajudam o gestor a programar de forma mais assertiva toda a cadeia logística para cumprir com os prazos pré-estabelecidos pelo cliente.”
Máximo proveito
Para obter o máximo desempenho na logística de emergência B2B, as empresas precisam investir em planejamento estratégico, capacitação contínua das equipes e integração de sistemas de gestão. “Especificamente no campo da saúde, é essencial estabelecer protocolos claros e contar com parceiros confiáveis para garantir a entrega rápida e segura de produtos médicos. O investimento em tecnologias avançadas, como IA e big data, também se mostra crucial para otimizar tanto a eficiência quanto a prontidão”, comenta Campos, da Andreani, respondendo à questão como as empresas podem se preparar e estruturar seus processos internos para tirar o máximo proveito da logística emergencial B2B.
Também para Santos, do Senac EAD, é fundamental que a empresa faça um planejamento da operação abrangente e detalhado, tendo em vista que é preciso ter uma visão geral do processo e, posteriormente, o entendimento detalhado de cada etapa. Nesse sentido, é importante contar com um bom sistema de TI que permita utilizar e avaliar o compartilhamento de informações em tempo real, de modo que a operação possa se concretizar e caso haja algum imprevisto, os responsáveis possam agir rapidamente.
Já na visão de Barros, da eComex e D2P, é preciso possuir um protocolo claro de disparo da solução quando essa se fizer necessária. Critérios objetivos, bem descritos e claramente comunicados dentro da organização para que seja possível buscar a solução emergencial quando tais critérios forem preenchidos.
Isto passa necessariamente pela homologação da solução a nível interno, com os prestadores de serviço previamente selecionados, preços negociados de maneira clara e contratos e SLAs estabelecidos para que não surjam despesas não previstas quando da cobrança do serviço.
“As empresas podem se preparar estruturando seus processos internos para reduzir custos de estoques, aumentar a eficiência e promover práticas mais sustentáveis, como o uso de modais menos poluentes e com eficiência energética; podem ainda aumentar a competitividade das exportações brasileiras no mercado global, garantindo prazos de entrega competitivos de alta performance”, coloca Zeferino, da Prestex.
O primeiro passo é entender como a logística emergencial B2B se aplica ao processo, buscar inovações aplicáveis ao segmento, estar aberto a novas metodologias e processos diferentes dos padrões, complementa Oliveira, da MTC Log.
O fator humano é crucial na logística emergencial. De nada adianta investir milhões em equipamentos, sistemas, embalagens e estruturas e ter uma equipe que não compreende o processo e não tem o devido senso de urgência, adverte Marco. Feito isso, é importante adequar os espaços físicos para a máxima velocidade e o mínimo de intercorrência, desde estabelecer corredores livres nos armazéns até instalar prateleiras customizadas nos caminhões.
Mas tudo depende do problema a ser resolvido. Cada questão deve ser tratada como única, com uma solução específica. Cada problema requer um projeto próprio para ser solucionado, completa Marco.
Para Salim, da Pitney Bowes, a integração de sistemas é essencial, conectando ERPs e sistemas de gestão de pedidos com soluções de logística emergencial. A automação de processos, com balanças dinâmicas e sorters, agiliza a triagem e envio de pedidos. Além disso, ter um planejamento de contingência robusto e protocolos definidos para situações críticas, junto com o treinamento contínuo das equipes, são fundamentais para maximizar os benefícios da logística emergencial.
De fato, como diz Canteras, da Temp Log, as empresas devem investir em sistemas de gestão integrados que permitam a visibilidade completa dos estoques e dos processos logísticos. É fundamental manter um inventário atualizado e acessível, além de estabelecer parcerias confiáveis com fornecedores de logística. Treinamentos periódicos para as equipes sobre procedimentos de emergência e a adoção de tecnologias de automação e monitoramento também são essenciais. Também é possível abrigar assistências técnicas dentro das instalações para garantir que os itens críticos estejam sempre prontos para envio imediato.
Desafios
Pela sua urgência e necessidade de precisão, a logística emergencial enfrenta diversos desafios. A precária infraestrutura e o excesso de burocracia, especialmente no que tange à parte de regulação fitossanitária, fiscal e aduaneira, podem ser barreiras para a resolução do problema emergencial. Com a crescente tendência de digitalização e simplificação do comércio exterior no que diz respeito aos processos aduaneiros, tem-se ganhado agilidade nos tempos de desembaraço e trânsito, quando a solução envolve importação e exportação de mercadorias. A adoção de sistemas de controle 24 horas por parte da autoridade anuente seria uma maneira de atenuar esse problema”, pontua Barros, da eComex e D2P.
Como não poderia deixar de ser, os maiores problemas logísticos são a má qualidade das estradas, a estrutura acanhada dos aeroportos regionais e o trânsito infernal nas grandes cidades. A solução para isso é tratar cada caso com o que for preciso para driblar as dificuldades. Se a estrada é ruim, adapta-se os caminhões para suportar os problemas, cria-se uma estrutura de embalagem que aguente os solavancos e estabelece-se um padrão de condução do veículo adequado às condições.
“Por conta dessas questões, a logística de emergência ainda é uma forma segmentada de tratar a logística e, por enquanto, é um diferencial competitivo para quem a utiliza. Mas chegará o dia, e será em breve, no qual esses problemas estarão minorados e a logística de emergência passará a ser utilizada por todas as empresas, e então será apenas a logística, sem o adjetivo ‘emergencial’”, explana Marco, também falando sobre os principais desafios enfrentados pelas empresas de logística emergencial B2B no Brasil e como estão sendo superados. E Zeferino, da Prestex, completa: “Entendo que já exista uma migração do que antes entendíamos como emergencial, para alta performance. Isso se dá, pois, a pressão do consumidor final por prazos cada vez mais agressivos é constante. E isso acaba afetando toda a cadeia. Adaptar-se a essa movimentação requer muito investimento em tecnologia e desenvolvimento por parte das empresas posicionadas nesse mercado.”
Aos desafios já citados, Oliveira, da MTC Log, acrescenta: necessidade de respostas rápidas; análises de planos e ações para obstáculos; balanceamento de custos entre modais; planejamentos estratégicos bem elaborados, prevendo todas as possíveis condições adversas; falta de mão de obra especializada (profissionalização); e alta tributação.
Escassez de profissionais preparados para alta atividade também é um desafio colocado por Santos, do Senac EAD, ao lado da falta de treinamento para utilização da TI disponível e a infraestrutura do país que acaba aumentando o lead time e encarecendo a operação. Segundo ele, o treinamento é fundamental para superar esses problemas e, muitas empresas já estão investindo nisso. “Ainda precisamos melhorar muito a nossa infraestrutura e reduzir o custo-Brasil.”
Salim, da Pitney Bowes, também coloca como desafios, além da infraestrutura logística inadequada – incluindo problemas com estradas, aeroportos e portos, que podem impactar a eficiência –; burocracia complexa e regulações que podem causar atrasos e aumentar custos; e altos custos operacionais, com transporte e pessoal especializado. Para superar esses obstáculos, as empresas estão investindo em automação e tecnologia avançada, como sistemas de pesagem e classificação, e formando parcerias estratégicas com outras empresas de transporte e tecnologia para otimizar suas operações. Além disso, o desenvolvimento de Centros de Distribuição modernos e bem localizados contribui significativamente para melhorar a eficiência logística.
Canteras, da Temp Log, finaliza, acrescentando a volatilidade dos custos operacionais, como combustível e pedágios. Segundo ele, para superar esses desafios, as empresas estão investindo em tecnologia, como sistemas de gestão avançados e automação, além de estabelecer parcerias estratégicas com fornecedores e clientes.
Participantes
Andreani Logística – É especializada em soluções logísticas integradas para o setor de saúde, oferecendo transporte, armazenagem, distribuição e logística emergencial. Atende às necessidades críticas de hospitais, clínicas, laboratórios e indústrias farmacêuticas, assegurando a entrega oportuna de medicamentos, vacinas e equipamentos médicos.
D2P – Diagnostic to Perform – É uma startup de tecnologia, com soluções integradas ao processo de comércio exterior, focada na eficiência logística. Os produtos da D2P são baseados em IA e atendem a todas as etapas do processo logístico internacional. No final de 2023, a D2P foi adquirida pela eCOMEX, empresa considerada pioneira em tecnologia para gestão do comércio exterior.
Marco Salvo – É formado em Economia e em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e tem mais de 30 anos de experiência em ERP. Possui experiência na área de serviços, desenvolvimento e software. Atualmente está na área de desenvolvimento de novos negócios e soluções na Sankhya Gestão de Negócios, e tem o maior canal sobre ERP do Brasil, o Mestre do ERP.
Moacyr Calligaris Jr. – Além do já citado, é formado em Engenharia Elétrica e de Produção pela FEI e tem MBA em Administração de Empresas pela FGV, além de Especialização em Logística de Negócios, também pela FGV.
MTC LOG – Operador Logístico que atua com soluções de armazenagem, logística para e-commerce, logística interna, locação de equipamentos de movimentação e transporte.
Pitney Bowes – Empresa global de remessa e correio que fornece tecnologia, logística e serviços financeiros para mais de 90% das empresas Fortune 500.
Prestex – Considerado referência em logística emergencial, atende todos os segmentos que movimentam a cadeia B2B no Brasil, desde a indústria de transformação, transportando de pequenas peças a grandes maquinários, até alimentos, bebidas, medicamentos, cargas químicas e perigosas.
Senac EAD – O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) reúne 77 anos de atuação em educação profissional e foi a primeira instituição de ensino brasileira com a modalidade a distância. Em 1947, em parceria com o Sesc, lançou o programa de rádio Universidade no Ar, pelo qual ministrava cursos profissionalizantes. Em 2013, o Senac EAD iniciou as atividades com o lançamento de um portal, iniciando a oferta de cursos em todo país. Atualmente, disponibiliza cinco níveis de ensino: Formação Continuada (FIC) ou cursos livres, cursos técnicos, graduação, pós-graduação lato sensu e extensão universitária.
Temp Log – Operador Logístico especializado nos serviços de armazenamento, fracionamento e transporte para a indústria farmacêutica, atuando com cargas frias e produtos especiais. Também é considerada referência nacional na operação logística de toxinas botulínicas, preenchedores faciais e bioestimuladores.