A 5ª edição do evento aconteceu entre 23 e 25 de julho, em Balneário Camboriú; a Logweb, como parceira de mídia desde a primeira edição, foi convidada a acompanhar tudo in loco; veja as exclusivas com Michel Temer e Leonardo Rinaldi.
Uma das maiores feiras de logística, intralogística, transporte multimodal, comércio internacional e Supply Chain do Brasil, a Logistique 2024 realizou sua 5ª edição entre os dias 23 e 25 de julho, no Expocentro Júlio Tedesco, em Balneário Camboriú, SC, atraindo 14.200 visitantes de todas as regiões do país, que puderam conferir as soluções e inovações de mais de 130 expositores.
Reunindo empresas, profissionais, entidades e autoridades do segmento, o evento tem como objetivo apresentar as novidades, as tendências e as soluções para os desafios logísticos dos principais setores que movimentam a economia nacional, como a indústria e o agronegócio.
Dentre os segmentos que marcaram presença, estiveram portos e terminais, Operadores Logísticos e serviços. A Logweb, como parceira de mídia desde a primeira edição, foi convidada a acompanhar tudo in loco.
Segundo Leonardo Rinaldi, diretor do evento e da Zoom Feiras, empresa organizadora, a Logistique firmou-se como a nova oportunidade para o setor no Brasil. “O evento ofereceu uma programação de alto nível, com painéis de especialistas e líderes renomados, que abordaram temas relevantes para o mercado, contribuindo, ainda, para projetar o Estado de Santa Catarina como um polo de negócios e desenvolvimento”, disse.
A mudança de local foi um dos destaques da edição de 2024. A nova estrutura, com fácil acesso e diversas facilidades, foi muito bem avaliada pelos expositores e visitantes. Davi Pisa, gerente de logística do Floripa Airport, elogiou a qualidade do visitante: “Tivemos um público muito mais qualificado. Geramos negócio desde o primeiro dia.”
Guilherme Nascimento, gerente comercial da EGA Solution, reforçou o potencial da Logistique. “Nós recebemos vários novos clientes, o local é ótimo, bom acesso e eu espero que no próximo ano a feira cresça e possamos contribuir com mais clientes e negócios.”
Logistique Summit
O Logistique Summit, realizado em paralelo à Logistique, reuniu 63 palestrantes de renome e um público de quase 900 participantes. Os debates e as apresentações abordaram temas importantes e atuais da logística, contribuindo para a atualização e o aprimoramento profissional.
Michel Temer, ex-presidente da República, realizou a palestra magna no primeiro dia, abordando “o impacto da política no crescimento do Brasil e sua relação com setor produtivo”. Ele falou sobre seu otimismo em relação ao país e fez um resgate histórico relembrando pontos importantes da política nacional. “O Brasil acaba indo pra frente, de qualquer maneira, muito graças à iniciativa privada, que faz conexões com o setor público e, juntos, acabam permitindo o crescimento do país. O Brasil evoluí, quem diz que não cresce está equivocado.”
Durante a palestra, foi destacado que, por muito tempo, o Brasil teve presidentes, mas sem o verdadeiro presidencialismo, ou seja, candidatos que assumiram o cargo sem serem escolhidos pelo povo. Segundo ele, a estabilidade política só chegou após 1988, com a Constituição, que unificou princípios liberais e sociais, promovendo a iniciativa privada, direitos individuais e trabalhistas, além de acesso à segurança, saúde e educação garantidos pelo Estado.
“Essa união dos princípios liberais com os sociais assegurou a longevidade da Constituição, como vemos até hoje”, comentou, ressaltando a democracia. Temer salientou também que a relação entre empregador e empregado deve ser uma das grandes forças produtivas do país. Além disso, defendeu que o empreendedorismo precisa ser fortalecido e incentivado como forma de gerar renda e combater o desemprego.
Também foi destaque no evento o painel “Inovação e Infraestrutura: Pilares para o Crescimento Sustentável em Santa Catarina”, mediado por Beto Martins, Secretário de Estado dos Portos, Aeroportos e Ferrovias, que discutiu os desafios rodoviários do Estado e a necessidade urgente de investimentos.
Mario Cezar de Aguiar, presidente da Federação das Indústrias do Estado SC (FIESC), destacou que a capacidade rodoviária do Estado é inferior à de outros estados e sugeriu a implementação do sistema de pedágio “free flow” na BR 101 para melhorar a arrecadação e os investimentos. Ele também apontou que a falta de infraestrutura adequada compromete a competitividade da indústria catarinense.
Dagnor Schneider, presidente da Federação dos Transportes Rodoviários de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), salientou que apenas 6,6% das vias do Estado são pavimentadas, resultando em maiores custos de transporte, mais acidentes e perdas de vidas. Carlos Chiodini, vice-presidente da Câmara Temática Portuária e Hidroviária da FRENLOGI, e de Elson Otto, presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC), também participaram do painel, destacando a necessidade de duplicar a BR 282 e acelerar as obras na BR 470 para melhorar o escoamento da produção no Estado.
Já durante o painel “O Impacto do Agronegócio Brasileiro na Geopolítica e Logística Mundial”, a concessão para a iniciativa privada foi apresentada como uma das soluções para os gargalos logísticos que impactaram o agronegócio brasileiro. A busca por soluções sustentáveis, a adoção de práticas maduras e a utilização estratégica da transformação digital foram elementos chave para o sucesso das empresas e o desenvolvimento sustentável da economia.
Segundo os especialistas, foi necessário um esforço conjunto do governo, da iniciativa privada e do setor agropecuário para superar os desafios logísticos e garantir um futuro promissor para o agronegócio brasileiro.
Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura, chamou a atenção para o enorme potencial do agronegócio brasileiro, ainda “adormecido” em comparação com sua capacidade. Ele citou a frase dita por representantes de uma missão japonesa ao Brasil no início dos anos 2000: “Só tem medo de fome no mundo quem não conhece o Brasil”. Turra ressaltou a importância do clima temperado dos três estados do Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – para o sucesso da agricultura brasileira.
O agronegócio brasileiro vivenciou um crescimento impressionante nos últimos 25 anos. A safra de grãos saltou de 78 milhões para 310 milhões de toneladas, e as exportações totais do país dispararam de 30 milhões para 300 milhões de toneladas. Apesar desse crescimento, a logística precária se configurou como um gargalo que impediu o setor de alcançar seu potencial máximo. O Brasil ocupou a 51ª posição no ranking mundial de desempenho logístico entre os grandes países.
Turra lembrou também que as exportações brasileiras de grãos cresceram 814% em 25 anos, enquanto a exportação de suínos cresceu mais de 400% no mesmo período. Ao mesmo tempo, a infraestrutura logística teve poucas alterações.
Neivor Canton, presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, alertou para a infraestrutura logística inferior do Brasil em relação à dos Estados Unidos e de outros países do BRICS. Ele citou a proporção de quilômetros de rodovias pavimentadas (20:1 para os EUA e 7:1 para a Índia) e a malha ferroviária (1 km para cada 10 km dos EUA).
Airton Galinari, presidente-executivo da Coamo, por sua vez, ressaltou a importância da produção de grãos para o desenvolvimento da economia brasileira. Ele destacou que essa produção funcionou como uma “moeda de troca” para o país, gerando divisas através da exportação e impulsionando diversos setores.
O cientista político Heni Ozi Cukier, conhecido como Professor HOC, fez a palestra magna que encerrou o Logistique Summit, com o tema “Geopolítica do Século XXI: Desafios e Oportunidades na Nova Ordem Mundial e Impactos na Cadeia de Suprimentos”. Especialista em geopolítica e relações internacionais, ele discutiu como as transformações geopolíticas que redefiniram as relações internacionais afetaram as cadeias de suprimentos globais.
Cukier explicou que alianças e rivalidades entre países afetaram diretamente as relações comerciais, ressaltando a necessidade de uma visão global do futuro para a tomada de decisões de negócios. “O comércio é baseado em relações de poder, poder de quem compra ou de quem vende”, comentou. Ele destacou que, ao longo da história, as negociações sempre se basearam em linhas e rotas de comunicação, que estão em constante transformação.
O Professor HOC analisou como o contexto geopolítico poderia redefinir forças tradicionais e apresentou desafios para as cadeias de suprimentos, como conflitos entre países e o domínio de territórios. “É importante entender a força desses movimentos que criam novas rotas e mudam os centros de recursos”, completou.
Novo posicionamento, infraestrutura e parceria com a Logweb
Em entrevista exclusiva à Logweb, Leonardo Rinaldi falou sobre o novo posicionamento da Logistique, que passou a abranger todas as interfaces da logística, transporte multimodal, comércio internacional, intralogística e Supply Chain.
“O objetivo foi justamente aproveitar toda a capilaridade desses segmentos para tornar o evento mais interessante e completo para o visitante. Assim, ele acaba encontrando soluções abrangentes para toda a cadeia logística. Além disso, as empresas expositoras têm a oportunidade de oferecer suas soluções para diferentes públicos, ampliando sua capilaridade”, explicou.
Exaltando a “casa nova”, Rinaldi disse que Balneário Camboriú possui uma infraestrutura excelente, não apenas o moderno pavilhão do Expocentro Júlio Tedesco, mas também a cidade como um todo. “BC tem um perfil turístico que valoriza ainda mais o evento, projetando-o em nível nacional. Assim, a Logistique passa a ser vista não apenas como uma feira regional, mas como um evento de destaque nacional. Com essa mudança, já percebemos a diferença no perfil dos participantes. E no próximo ano, o evento vai crescer ainda mais, consolidando-se como um grande encontro nacional no sul do Brasil.”
Rinaldi também falou sobre a parceria de longa data com a Logweb. “É estratégica e especial para nós. A Logweb esteve presente desde o nascimento da Logistique, em 2008, quando o foco era apenas o transporte rodoviário. É um veículo de renome com uma forte presença no mercado nacional. Ter parceiros de referência, como a Logweb, é fundamental para a feira. Essa parceria tem sido muito vindoura, e esperamos mantê-la nas próximas edições também”, expôs.
Clique aqui para ver a entrevista com Leonardo Rinaldi no Canal do You Tube da Logweb.
Para 2025
No próximo ano, o evento acontecerá de 12 a 14 de agosto. A expectativa é dobrar de tamanho e reunir mais de 230 expositores e 16 mil participantes. O evento também contará com a internacionalização das temáticas do Logistique Summit, inclusão de novos fóruns, ampliação da área de tecnologia, criação de novos eventos de networking e realização de rodadas de negócios.
Michel Temer: matriz de transportes no Brasil e tecnologia
Antes da palestra magna de Michel Temer, Carol Gonçalves, jornalista da Logweb, teve acesso ao ex-presidente da República para algumas perguntas. Ela questionou como aumentar a competitividade dos modais de transporte, já que a matriz é prioritariamente rodoviária.
Segundo Temer, há uma crescente preocupação com essa questão. “Por um lado, é importante continuar incentivando o transporte rodoviário, que tem uma longa tradição no Brasil. No entanto, há uma tendência significativa de crescimento dos transportes ferroviário e aquaviário, com o transporte aquaviário já sendo uma realidade no Amazonas”.
Para ele, é crucial expandir substancialmente a malha ferroviária, pois é um meio de transporte mais rápido e que não gera tráfego intenso. “Desde meu tempo como Presidente da República, sempre incentivamos a ampliação dos transportes ferroviário e aquaviário”, acrescentou.
Sobre tecnologia, o ex-presidente da República lembrou a palestra em Miami que fez recentemente para mais de duzentas empresas de tecnologia americanas e latino-americanas. “Fiquei impressionado com a capacidade extraordinária delas e seu contínuo crescimento. Essas tecnologias são extremamente importantes e vão certamente ajudar nos planos logísticos do país. Não tenho dúvida de que essa modernização será inevitável para a logística brasileira também”, expôs.
Clique aqui para acessar a entrevista com Michel Temer no Canal do You Tube da Logweb.
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