A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que representa as 29 maiores bandeiras do varejo farmacêutico nacional, desenvolveu um manual considerada inédito sobre boas práticas de transporte, armazenagem e distribuição de medicamentos. O objetivo é respaldar as empresas do setor no processo de adaptação às novas resoluções que regem essa operação.
Regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020, a RDC nº 430 foi complementada em 2022 pela RDC nº 653 . Com prazos para adequação estipulados até este ano, as resoluções estabelecem padrões para garantir a segurança dos produtos transportados, incluindo normas relativas à estabilidade do medicamento ou do insumo farmacêutico, estrutura das frotas utilizadas, controle de temperatura e mapeamento de rotas.
O descumprimento das RDCs pode incorrer em penalidades tanto para as distribuidoras de medicamentos como para suas prestadoras de serviço – operadoras logísticas e transportadoras. O material contém 84 páginas com orientações sobre cada etapa a ser cumprida e recomenda a implementação de procedimentos operacionais para gestão de qualidade.
A concepção técnica ficou a cargo de três especialistas e representantes da academia: Lauro Domingos Moretto, consultor do Sindusfarma – Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos para assuntos regulatórios; Nelson Raphael Matta Vals, mestre e doutor em fármacos e medicamentos pela USP; e Sandra de Aquino Moretto, auditora em sistemas e gestão da qualidade. O documento teve o apoio institucional da Abafarma – Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico e da Abradilan – Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos.
O manual já foi disponibilizado às redes de farmácias que mantêm centros de distribuição próprios e também às atacadistas especializadas na entrega de medicamentos, por meio das duas entidades parceiras. O CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, enxerga a iniciativa como fundamental para modernizar o mercado farmacêutico brasileiro.
“A demanda por medicamentos vem aumentando exponencialmente, em função de conjunturas como a pandemia e fatores relacionados ao envelhecimento populacional. Esse cenário tornou mais visíveis os gargalos estruturais de um país com dimensões continentais e restrições de acesso à saúde”, contextualiza. O CEO ancora-se em números para reforçar a necessidade de qualificar a logística de distribuição. Só as redes associadas à Abrafarma comercializam mais de 3,29 bilhões de unidades por ano – o equivalente a 9 milhões por dia. “E esse volume abastece 10,3 mil farmácias, que representam apenas 10% do total de estabelecimentos. Ter uma entrega de excelência embasada por padrões internacionais é o caminho necessário para reverter estatísticas como a não adesão a tratamentos clínicos, que supera 56% contra 50% da média mundial”, acredita.