Importação: competição entre plataformas internacionais e discrepância entre frete marítimo e aéreo devem definir futuro dos pequenos valores

No primeiro trimestre de 2024, o volume de importação de pequenos valores acumulou US$ 2,7 bilhões, mais de 10% acima em relação ao mesmo período do último ano, segundo estudo realizado pela Vixtra, fintech de soluções para importadores, com base em dados do Banco Central.

O crescimento desse número revela uma retomada do setor, visto que, no ano de 2023, as importações no segmento contaram com um recuo de 23% em relação a 2022, muito devido a nova taxação anunciada – conhecida como Taxa da Blusinha –, que entrou em vigor a partir de agosto de 2024.

O estudo mostrou, ainda, que 34,5% do valor de importação chega por via marítima, enquanto 62,8% por via aérea. No entanto, em termos de volume, a primeira dispara com 63% das importações de pequenos valores, contra 32% da via aérea. Um dos motivos para tamanha discrepância se deve ao alto custo do frete aéreo para as importações desse porte, que chega a ser, em média, 10 vezes mais caro do que o frete marítimo.

“Historicamente, as importações de pequenos valores no Brasil desempenham um papel importante no acesso a produtos estrangeiros. No entanto, os debates a respeito de cobranças de impostos para compras de até US$50 desestimulou essas importações no último ano, levantando a uma incerteza e insegurança diante das cobranças alfandegárias, o que, consequentemente, gerou uma redução significativa no volume importado”, explica Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra.

Em 2024, por outro lado, com o adiamento da votação no Senado sobre o início da cobrança do novo imposto, além do crescimento do comércio eletrônico e do aumento na busca por opções de compras mais econômicas, houve uma retomada gradual dessas importações.

Em complemento a essa retomada do mercado, há ainda a chegada da Temu, e-commerce chinês do grupo Pinduoduo, ao Brasil. Conhecida fora do país por sua vasta gama de produtos a preços competitivos, a plataforma chega com a oportunidade de capturar uma fatia significativa do mercado, especialmente entre os consumidores em busca de conveniência e variedade, visto que seus produtos estão distribuídos em mais de 30 categorias diferentes, como roupas femininas, masculinas e infantis, além de calçados, produtos para pets, joias e acessórios.

“A expectativa para o decorrer do ano é que as importações de baixo valor aumentem à medida que proporcionem segurança e previsibilidade aos consumidores em relação aos custos finais, uma vez que a definição final do imposto que será cobrado seja amplamente divulgada. Por outro lado, a decisão do novo imposto visa fomentar o comércio nacional, e pode viabilizar um maior investimento em produtos locais, desestimulando a importação por conta dos custos finais. Assim, a dinâmica do mercado interno, em concorrência com a capacidade das plataformas internacionais de oferecerem produtos competitivos, será decisiva para moldar o cenário das importações de pequenos valores ao longo do ano”, comenta o especialista. Por fim, é importante lembrar que as plataformas internacionais impactam de forma positiva o poder de compra dos brasileiros por oferecerem opções acessíveis e diversificadas, além de estimular a concorrência no mercado. Essa variedade não apenas atende às necessidades e preferências do público, mas também exerce um papel fundamental na manutenção de preços competitivos ao consumidor.