ABIMAQ mantém tratativas para garantir abastecimento de aço

Temos observado aumentos de preços de diversas commodities, desde agrícolas (soja, milho) até industriais (alumínio, cobre) passando por energéticas (petróleo). Nesse contexto, a indústria de bens de capital também vem sofrendo com os seguidos reajustes nos preços do aço.

Os aumentos de preços já trazem reflexos nos índices de inflação do Brasil. A alta expressiva das matérias-primas – minério de ferro (mais de 80% no ano passado), carvão, sucata de aço, no mercado global, colaboram para esse cenário.

As commodities, de forma geral, também sofrem influência de variáveis de difícil controle como a desvalorização do câmbio e o aumento do frete marítimo que elevam o custo de fornecedores de insumos.

Outro componente que contribui para essa situação é o desajuste na cadeia de fornecimento. Os estoques dos consumidores ainda estão em níveis baixos, ao mesmo tempo em que observamos um contínuo crescimento da demanda do setor de máquinas e equipamentos.

De acordo com o presidente executivo da ABIMAQ, José Velloso, entre dezembro de 2019 a dezembro de 2020, a rede de distribuição de aço teve aumentos de 85% a 105% em apenas um ano. “A maior parte da indústria de máquinas é constituída por pequenos e médios empresários que dependem dos distribuidores de aço.” Informou Velloso.

Velloso relembra que os aumentos sucessivos no preço do aço começaram um pouco após a pandemia do coronavírus chegar ao Brasil. “As siderúrgicas desligaram altos fornos pouco antes da pandemia, prevendo uma queda no consumo. Efetivamente, houve uma pequena queda em março de 2020 e uma queda maior em abril. Mas já em maio, o mercado começou a retomar.” O descasamento entre redução da oferta de produção de aço em 2020 em paralelo a retoma da demanda por máquinas que segue forte em 2021, ocasionou a dificuldade de abastecimento de insumos dos últimos meses.

A ABIMAQ convidou os presidentes das siderúrgicas em conjunto com o Instituto Aço Brasil ainda no ano de 2020 para debater alternativas como a priorização do abastecimento do mercado interno em detrimento da exportação de produtos siderúrgicos que pode ser observado nas estatísticas do mercado aço. “Em outubro do ano passado fizemos uma grande reunião muito produtiva, também com a participação das grandes distribuidoras. Ficou acertado que os altos fornos que foram desligados seriam religados e que as exportações de aço seriam reduzidas”, comentou.

Diante do cenário desafiador de 2021, ainda com instabilidade no abastecimento, a ABIMAQ convidou novamente os grupos siderúrgicos estabelecidos no Brasil para uma reunião que foi realizada no dia 02/março/21. Nesta ocasião tivemos a participação da presidência e diretoria da Usiminas, ArcelorMittal, Villares Metals, Gerdau, CSN, Aperam e o Instituto Aço Brasil. Em decorrência desta reunião com as siderúrgicas, a ABIMAQ esteve junto ao Ministério da Economia em reunião com o Secretário Carlos Da Costa realizada dia 23/março/21 para buscar alternativas ao desabastecimento e alta de preços do aço.