Apesar da pandemia, Shell e sócios investem US$ 700 milhões na primeira térmica a usar gás natural do pré-sal

Apesar da crise econômica resultante da pandemia do coronavírus, a anglo-holandesa Shell e seus sócios decidiram manter US$ 700 milhões em investimentos para colocar de pé uma usina termelétrica movida a gás natural do pré-sal em Macaé, no Norte Fluminense.

A usina terá capacidade de 565 MW, suficiente para atender o consumo de energia de dois milhões de pessoas, e vai começar a entregar energia a partir de 1º de janeiro de 2023. As obras começam neste mês.

Marlim Azul será primeira usina a usar o gás natural produzido nos campos do pré-sal. O comsbustível será fornecido pela Shell, que, com o empreendimento, faz sua estreia na geração de energia elétrica no país.

A responsável pelo projeto é a Arke Energia, formada pela Pátria Investimentos (controlador, com 51%), a Shell (com 29%) e a Mitsubishi (com 20%).

O investimento engloba a construção da termelétrica, um gasoduto de 22 quilômetros para ligar o terminal de gás (Terminal de Cabiúnas) até a usina e uma linha de transmissão.

Importação de equipamentos
O diretor comercial da Shell Brasil, Guilherme Perdigão, disse acreditar que a economia vai se recuperar e, por isso, decidiu manter o ritmo das obras. A empresa tem contratos com 26 distribuidoras para entrega de energia a partir de 1º de janeiro 2023.

Perdigão afirmou, contudo, que executar as obras em tempos de pandemia trouxe uma série de desafios, como a importação de equipamentos da China e Índia e o desenvolvimento do projeto de engenharia de forma remota com profissionais no Brasil, no Japão e na Espanha, entre outros.

– A gente entende que esse consumo de energia (para 2023) vai acontecer. Daqui até lá o país terá tempo para se recuperar. Estamos buscando ser disciplinados na manutenção do cronograma para poder honrar a entrega de energia a partir de janeiro de 2023. É claro que a pandemia trouxe uma série de desafios, mas estamos conseguindo até o momento manter o cronograma – ressaltou Perdigão.

1.500 empregos no pico das obras
Na avaliação da Arke Energia, “quedas de consumo de curto prazo não alteram o planejamento de longo prazo”. A Arke também ressaltou a importância de respeitar o cronograma das obras sob o risco de não cumprir o prazo previsto para a entrega da energia. Para a empresa, é melhor investir em tempos de crise, quando se tem caixa disponível.

O diretor da Shell explicou que serão adotados protocolos de segurança para evitar contágio da Covid-19 . O recrutamento de pessoal começará na segunda quinzena deste mês, mas o número inicial de trabalhadores ainda será pequeno, devendo chegar a até o fim do ano a cercade 150. A expectativa é chegar a 1.500 trabalhadores no pico das obras, entre 2021 e 2022.

A parceria entre as multinacionais prevê o desenvolvimento da usina e a comercialização da energia, tanto no mercado cativo, por meio de um leilão que foi realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em dezembro de 2017, como também no mercado livre de energia, por meio da Shell Energy Brasil.

Fonte: O Globo