Asia Shipping aposta no nearshore como tendência em 2023

Muito utilizado na área de tecnologia, o nearshore, que consiste na terceirização de serviços em países estrangeiros com características comuns ao país da empresa contratante, tais como proximidade geográfica, fuso horário e cultura, tem ganhado relevância nas discussões de comércio exterior. O debate se intensificou com os desafios enfrentados pela cadeia logística durante a pandemia, quando faltaram insumos, contêineres e espaços nos navios, culminando com o aumento dos fretes, que agora retomam patamares anteriores à crise sanitária.

De acordo com Rafael Dantas, diretor de Vendas da Asia Shipping, a pandemia fez com que vários players repensassem a logística internacional e, por isso, o modelo nearshore é uma grande tendência para este ano. “A dependência exclusiva da China como o principal fornecedor provocou questionamentos e reacendeu a pauta de nearshore como forma de evitar a quebra da cadeia logística e garantir preços mais competitivos. Acredito que será uma grande oportunidade para a Índia, México e Sudeste Asiático. O Brasil também pode vir a ser um candidato a hub regional, desde que promova mudanças em infraestrutura, tributação e redução da burocracia”, afirma.

Neste contexto, a tecnologia assume um papel essencial para transformar dados em informações valiosas, que possam tanto suportar as operações nearshore quanto trazer mais fluidez e eficiência ao comércio exterior como um todo. “Não adianta ter um volume gigantesco de dados se você não souber extrair inteligência deles. Quando bem analisadas e compreendidas com apoio das soluções de Analytics e Inteligência Artificial, as informações geram insights que poderão ser convertidos em vantagem competitiva”, ressalta Dantas.

Atualmente, o maior problema na cadeia de suprimentos, segundo o executivo, é a falta de visibilidade total das informações. Por exemplo, se a carga vem da China para a América do Sul e, por alguma razão, ocorre um transbordo, que é uma parada técnica do armador, essa carga geralmente acaba mudando de navio. O problema é que muitas vezes esse novo navio não estava previsto na plataforma do armador, e isso pode causar uma série de problemas de planejamento.

Para dar mais visibilidade às informações em todas as fases do processo logístico, a Ásia Shipping está desenvolvendo uma nova solução, que será anunciada ao mercado como o objetivo de promover a integração digital e multimodal, capaz de permitir ações preditivas e preventivas. A empresa vem trabalhando com diversas interfaces de programação de aplicativos (APIs) para facilitar a integração entre os sistemas e oferecer um rastreamento multiplataforma.

“Além do nosso desenvolvimento interno, buscamos alguns fornecedores para cocriar um modelo que traga visibilidade total ao cliente. “Investir em novas tecnologias faz parte da nossa estratégia de ser o maior integrador digital da América Latina nos próximos cinco anos”, destaca o diretor da Asia Shipping, ao mencionar que a empresa já conta com uma solução logística colaborativa para auxiliar os clientes na importação e exportação. A companhia combina o transporte de dois players, um da importação e outro da exportação, que possuem rotas similares. Dantas explica que o contêiner da importação, que geralmente sai vazio do porto para seguir até a planta do importador, é reaproveitado pelo cliente da exportação, garantindo, assim, equipamento disponível com custos menores para ambos. “Pensamos em como oferecer a melhor experiência aos nossos clientes.”

Atualmente, a empresa lidera o comércio de importações de contêineres cheios da Ásia para a América do Sul. No ano passado, movimentou cerca de 110 mil TEUs. Entre janeiro e outubro de 2022, as exportações marítimas gerenciadas pela Asia Shipping subiram 40%, mesmo com a retração do mercado, como aponta o último levantamento da Datamar. Segundo a consultoria, as exportações brasileiras de contêineres caíram 4,6% em relação a 2021. No período de outubro, novembro e dezembro, o país enviou ao exterior 10% menos contêineres do que em iguais meses de 2021.

Porém, na exportação de contêineres cheios, a Asia Shipping passou da 38ª posição, em 2019, para a segunda, em 2022, em termos de volume. Na carga consolidada, que também é um segmento importante no comércio exterior, a Asia Shipping também está em segundo lugar.

“Pretendemos ser a maior transportadora porta a porta do Brasil, falando em entrega de contêineres. Somos uma empresa multimodal, focada em levar escala aos clientes com muita tecnologia. Acreditamos na importância da cultura data-driven para o desenvolvimento contínuo do comércio exterior. Nosso objetivo é utilizar cada vez mais inteligência para oferecer ao cliente o que ele realmente precisa, de maneira personalizada. A cultura Customer Centric é o caminho mais assertivo para as empresas que desejam ser mais eficientes e fidelizar seus clientes”, complementa Alexandre Pimenta, CEO da Asia Shipping.